Capítulo 17

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Acordei ouvindo um ruído, seguido de uma Mon tossindo insistentemente, em seguida o barulho da descarga, me remexi na cama sonolenta e abri os olhos e encarei a porta semi aberta do banheiro um pouco confusa, Mon saiu por ela pálida feito papel, e a carinha de doente, me assustei assim que a vi, sai da cama em um salto e corri em sua direção.

- Mon o que houve? - ela se recostou no batente da porta do banheiro fraca.

- Eu não estou bem ChanChan - disse ela, a enlacei pela cintura de lado a ajudando a se manter de pé, e Mon se apoiou em mim, a levei de volta para a cama.

- Deite aqui - ajudando ela a deitar-se na cama - O que está sentindo MonMon? - puxei o cobertor e a cobri carinhosamente.

- Eu acordei enjoada, e então vomitei - ela disse se aninhando na cama - Me sinto fraca e com calafrios - me preocupei imediatamente, não era normal se sentir assim.

- Vamos voltar para a cidade - decidi, estávamos muito longe de qualquer médico ou pronto socorro ali - Vou levá-la ao médico assim que chegarmos - sabia que não havíamos comido nada muito fora do normal, mas talvez alguma coisa não cairá bem para ela.

Mon apenas assentiu, fechou os olhos e se aconchegou com seu travesseiro, passei a mão sobre sua testa, febre ela não tinha pelo menos, desci minutos depois, preparei um chá e subi novamente, e enquanto eu arrumava nossas malas ela bebia o chá lentamente encolhida na cama, tinha leves olheiras abaixo dos olhos, anunciando uma noite mal dormida.

Uma hora mais tarde estávamos dentro do carro indo para casa, havia amanhecido um domingo nublado, e enquanto eu andava pela estrada, uma fina chuva caia trazendo um vento gelado junto consigo, me estiquei desajeitada sem tirar os olhos da estrada e peguei uma manta do banco traseiro, Mon estava agora encolhida no banco do carona agarrada em seu travesseiro, a cabeça encostada no vidro quase dormindo.

- Está com frio? - perguntei entregando a manta, ao qual ela pegou e se tapou com ele de imediato.

- Um pouco, obrigada ChanChan - disse ela, seu rosto estava bem melhor do que a horas atrás, a cor de suas bochechas haviam voltado e ela parecia melhor - Estraguei nossa viagem ficando doente - disse ela fazendo um pequeno bico.

- Não se preocupe - falei tranquilizando-a - Podemos voltar outras vezes - ela sorriu, e eu sorri de volta.

Não demorou muito para que ela adormecesse, a música no rádio estava baixinha e mil coisas começaram a passar em minha mente naquele momento, Kirk, Mon, Nop, o fim de semana com ela, mas uma única pergunta rodeava os meus pensamento, "o que eu faria da minha vida agora?" E eu não fazia ideia, era loucura pensar que eu tinha uma vida inteira me esperando em Bangkok, que eu tinha pessoas esperando por mim, que eu tinha um marido que me amava, e que eu o traíra, as palavras de Mon me cercavam "Porque continua casada com ele?", " Não acha que a vida é muito curta para que seja complicado", balancei a cabeça tentando afastar os mil pensamentos, certamente eu precisava repensar algumas coisas, sentia que estava cometendo um erro com Nop sempre que olhava para Mon sorrindo e pensava o quão linda ela era, e certamente estava errando muito com Kirk, nosso casamento nunca fora perfeito, mas definitivamente ele não merecia aquilo, senti um aperto no peito, ele preparar aquela viagem para me agradar e eu estava voltando para casa com um novo sentimento e não era por ele, me senti culpada.

Pensei em minhas amigas, e sorri, eu sabia o que Jim me diria e definitivamente primeiro ela me mandaria a merda e depois me mandaria tomar vergonha na cara e parar de ser medrosa, e Kate me daria um conselho sensato, senti uma imensa saudade das duas, assim que pudesse encontraria elas, quem sabe as duas pudessem me ajudar a tomar uma decisão.

Era meio da tarde quando adentrei os limites de Bangkok, a cidade se anunciava com todo seu barulho, buzinas, turistas e música, Mon já havia acordado e comido algumas frutas que eu havia pego antes de sairmos da pousada, não demorou muito e estacionei em frente a casa de Mon.

- Tem certeza que não quer ir ao médico? - questionei ela pela terceira vez no dia.

- Eu estou bem ChanChan, se eu passar mal novamente prometo que irei, e você será a primeira a saber - ela disse em tom de juramento para mim.

- Vai ficar bem sozinha nessa casa? E se passar mal? - quando falei sobre ficar cuidando dela naquela noite gentilmente Mon pediu para que lhe deixasse sozinha, eu entendia que ela precisava disso, mas estava preocupada demais com sua saúde.

- Sam, se eu passar mal eu ligo, juro - disse ela - Vou ficar bem, não se preocupe - ela segurou minha mão e eu sorri.

- Está bem - disse concordando - Eu vou estar com o telefone ao meu lado o tempo todo, me ligue se precisar de algo, eu venho correndo - eu estava exagerando, mas estava preocupada com ela.

- Tudo bem - Mon riu do meu exagero, desci do carro para ajudá-la com a mala.

- Até a manhã MonMon, me de noticias - estávamos no portão da casa dela.

- Tchau ChanChan, nos falamos amanhã - nos olhando por uma fração de segundos que antecede a despedida, ambas confusas de como deveríamos nos despedir, ou eu deveria dizer que eu estava confusa, Mon se aproximou de mim e eu senti meu rosto esquentar instantaneamente, minha respiração falhou, mas ela me deu um beijo no rosto e sorriu - Até amanhã ChanChan.

- Até MonMon - disse me virando para ir embora, eu era mesmo muito medrosa, eu quis beijá-la, mas me paralisei de medo, e foi me repreendendo por não fazer o que senti vontade que entrei no carro e parti.

Quando cheguei em casa estava cansada, e tudo estava em silêncio, coloquei a mala no canto da porta e entrei, tirei os sapatos e fui até a geladeira, peguei uma garrafinha de suco e voltei para sala me atirando no sofá, bebi o suco e pus a garrafa sobre a mesinha de centro, soltei um longo suspiro, me sentia como uma adolescente boba quando pensava nela, e não fazia ideia do que eu faria da minha vida, ouvi meu celular vibrar e o peguei do bolso vendo as notificações.

Mensagens:

Kirk: Oiee amor, voltarei na sexta, estou tão empolgado, tenho muitas novidades! Como foi sua viagem?

Jim: Estúpida, por onde você anda? Fui no seu apartamento e você sumiu, te liguei e dava fora da área, ME DÁ SINAL DE VIDA VADIA!

Mon: Boa noite ChanChan, obrigada pelo fim de semana <3

Kate: Lau, sei que você está numa fase de reclusão absoluta, mas sua exposição é daqui a 3 dias, preciso de você na galeria... quando puder me responde.

Puta que pariu, eu havia esquecido completamente da exposição, e eu não estava com cabeça para ela nas últimas semanas, mas faltando três dias eu teria que achar tempo para me dedicar a ela, expor minha fotos para os críticos me assustava a cada exposição, mas eu sabia que as fotos estavam incríveis, senti uma pontadinha de dor no peito, a exposição era toda referente a pais e filhos, meus olhos se encheram de água lembrando de como eu me senti quando as tirei, me lembrei de Nop de imediato e de nosso pai, estariam ambos juntos? Eu torcia que sim, meu pai nunca culpou Nop por não querer estar perto quando ele adoeceu, eu agora eu sabia o quão arrependido ele estava de ter se afastado.

Nop nunca me perdoaria por desejar Mon, por mais que eu agradecesse por de alguma forma ele ter nos unido, me sentia culpada, e essa culpa estava me consumindo, mas a cada vez que fechava os olhos podia sentir os lábios de Mon e isso me atormentava, eu a queria, mas não podíamos estar juntas. Eu sabia que ela não entendia isso, e sabia que estava na hora de me dedicar a outra coisa que não fosse pensar nela. Respondi Kate avisando que passaria na galeria na manhã seguinte, eu precisava desabafar, eu precisava voltar pra minha vida e dar foco a algo que não fosse esse sentimento que eu estava nutrindo por Mon.

Linhas Cruzadas (Sam&Mon)Onde histórias criam vida. Descubra agora