Capítulo 22

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A manhã seguinte iniciou com um sol jubiloso invadindo o quarto e trazendo com ele o cantar dos pássaros, já não se tinha mais indícios da chuva da noite anterior, olhei para o lado e vi Mon adormecida, e as lembranças da noite anterior invadiram minha mente, sem pensar abri um largo sorriso, eu me sentia feliz como não era a muito tempo, Mon era o motivo, eu tinha certeza disso, por isso eu precisava fazer algo. Saí da cama sem acordar ela, fui para o banheiro e fiz minha higiene matinal, abri o armário de roupas e peguei uma camiseta e uma calça de moletom cinza e vesti, eu jamais vira ela usar cinza, mas eu estava com meus pensamentos fixo em algo, ou melhor em alguém, meu irmão, enquanto eu procurava por um par de chinelos, eu sentia que precisava vê-lo e não podia mais adiar a tarefa, sentei na cama calçando os sapatos que encontrei e senti Mon se remexer na cama se espreguiçando, me virei para vê-la dando de cara com aqueles olhos iluminados e radiantes me encarando com um sorriso sonolento nos lábios, os olhinhos inchados de quem acabara de acordar.

- Bom dia ChanChan - ela disse sorridente.

- Bom dia - respondi devolvendo o sorriso, voltei a calçar o outro par do calçado.

- Você está bem? - Questionou Mon sentando na cama e mudando seu semblante para preocupação.

- Estou, eu só... - eu soltei um suspiro antes de olhá-la, ela me encarava com carinho e pousou a mão sobre a minha - Preciso ver Nop - soltei e seus olhos se fixaram mais em mim me analisando, e eu sorri, pois ir ver ele não era um problema, eu só precisava fazê-lo.

- Faremos isso juntas - ela levou minha mão até seus lábios e beijou, seus olhos mostravam sua compreensão, então me deu um sorriso e se levantou indo para o banheiro.

O caminho até o cemitério foi silencioso, mas diferente de outras vezes, o silêncio presente ali era confortável e acalentador, Mon tinha minha mão entre as suas, e apesar de estar olhando pela janela enquanto eu prestava atenção na estrada eu tinha certeza que ambas estavam pensando em Nop, cada quilômetro mais perto eu sentia que precisava falar com o meu irmão, era uma necessidade da qual eu desejava suprir com ânsia, e também porque sentia que estava pronta para isso, e ter Mon ali me dava forças para passar por aquilo, eu estava pronta para passar pelo luto de uma das pessoas mais importantes da minha vida.

Caminhamos entre as lápides, os corredores vazios, mas o sol levantava o cheiro de grama e terra molhada da chuva do dia anterior, apesar de Mon sempre evitar aquele lugar, naquele momento ela parecia determinada a fazer aquilo tanto quanto eu, pois caminhava a passos firmes na minha frente e tinha em mãos algumas flores de Lótus e um incenso de buda que comprara quando chegou ali, chegamos ao túmulo dele e ficamos lado a lado em frente a lápide.

- Oie Nop - ela disse se ajoelhando em frente a pequena lápide onde estava o nome dele, colocou o incenso e o acendeu, depois as flores, me ajoelhei ao lado dela encarando o mármore frio que era o que representava Nop agora.

- Oie Nop - falei e senti uma brisa leve passar por mim, interpretei como um sinal da presença dele, ou pelo menos eu acreditava que era - Faz muito tempo...Eu sinto muito... - as lágrimas encheram meus olhos - Queria que soubesse que agora eu entendo o porque... - sim, eu entendia seus motivos para ir embora e não conseguir ir ao funeral de nosso pai, funguei, limpando as insistentes lágrimas - Queria lhe dizer também que tomei uma decisão importante e queria que fosse o primeiro a saber, porque sei que entende minha decisão - suspirei encarando a lápide - Decidi me separar de Kirk - as palavras saíram de minha boca com um alívio que invadiu minha alma naquele instante, sorri para ele, mas então ouvi a voz de Mon espantada .

- Nop, eu não sabia disso - disse ela se defendendo de algo que nem de longe era culpa dela.

- Estou contando aos dois - senti as lágrimas passarem por meu rosto e caírem no chão, Mon pousou a mão dela sobre a minha.

Linhas Cruzadas (Sam&Mon)Onde histórias criam vida. Descubra agora