Capítulo 10

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Acordei com o barulho irritante do toque do meu celular ecoando pelo quarto, me remexi na cama ainda sonolenta quando o barulho cessou, eu havia ficado com Mon no celular até tarde na noite anterior, certamente não era ela, abri meus olhos relutantemente e o aparelho voltou a fazer barulho, quem diabos estava me acordando aquela hora da manhã?

- Alô - disse de mau humor

- Mau humor matinal da Lady Estupidez, o meu preferido - disse a voz do outro lado da linha - Espero que já esteja acordada Sam - ouvi aquela voz que eu tão bem conhecia e uma risada ao fundo - Eu estou passando ai em dez minutos e não quero desculpas.

- Jim, sabe que horas são? - Jim fazia de propósito, não era possível, me irritar era um dom particular dela - Eu estou de licença da galeria ou você esqueceu?

- Sam você está de licença do trabalho e não das suas amigas, Kade e eu sentimos sua falta, tive que ligar para o Kirk para saber de você - disse ela com mágoa na voz e eu sabia que era sério, afinal Jim detestava Kirk, só o suportava por minha causa, Jim e Kade eram minha sociais e melhores amigas, me senti culpada, minha cabeça estava tão fora de mim que havia sequer me lembrado de falar com elas.

- Tudo bem, estou esperando vocês - disse antes de desligar o celular e colocá-lo sobre a mesinha de cabeceira.

Levantei sem nenhuma vontade e fui para o banheiro, tomei um longo banho, e me vesti, o banho havia feito eu me sentir melhor, meus pensamentos foram para a última vez que havia visto Jim e Kade, elas haviam estado no velório de Nop, e eu mal havia falado com elas, me senti terrivelmente culpada de não ter dado nem ao menos um telefonema nessas últimas semanas.

Quando as conheci estávamos em um evento de artes em Chiang Rai, e desde aquele dia nunca mais nos separamos, Kade e eu éramos de Bangkok e Jim se mudou para cá no verão seguinte assim que decidimos abrir a galeria e a um ano depois Kade quis expandir os negócios com uma escola de arte, nos conhecíamos a sete anos, as duas acompanharam minha formatura, meu casamento, o drama todo da morte de meu pai, minha briga com Nop e nosso afastamento, sabiam o quão doloroso era pra mim, e certamente entendiam como perder Nop me afetará, ouvi o barulho da campainha tocar e sorri indo atender.

- Estúpida que saudade - disse Jim assim que abri a porta me enlaçando em um abraço carinhoso, eu não era a maior fã de abraços, mas Jim nem se importava - Sua olheiras estão terríveis - disse ela me olhando e me soltando para que Kade me desse um abraço também.

- Como tem estado? - perguntou Kade para mim de forma amorosa - Kirk nos disse que esteve com a noiva de Nop nas últimas semanas.

- Estou indo, ainda é muito doloroso, Mon tem me ajudado com o luto - eu disse às conduzindo ao sofá.

- E como ela tem passado por isso? - continuou Kade, Jim estava agora próximo a máquina de café de Kirk, fazendo cappuccinos, senti falta dessa intrometida pensei comigo mesma.

- Mon é uma mulher forte, os primeiros dias foram os piores para ela - eu disse pegando a xícara de cappuccino que Jim me alcançava.

- E como ela é? - perguntou Jim após entregar a xícara de Kade e sentar esparramada na poltrona de Kirk, ela só podia fazer aquilo de propósito, pois fazia questão de usar todas as coisas dele que ela podia para irritá-lo.

- Sensível, elegante, doce e linda, uma mulher forte e decidida - eu disse pensando em Mon - Eu entendo porque Nop se apaixonou por ela.

- Parece que ele não foi o único - Jim soltou e Kade riu, mas deu um tapa de leve repreendendo Jim.

- Jim! Pelo amor de Buda, ela é a noiva do meu irmão - eu disse fechando o semblante.

- Sam, Nop te amava, e infelizmente o que aconteceu foi trágico, quem melhor que você para cuidar da noiva dele? - disse ela cruzando as pernas e bebendo um gole do líquido de sua xícara.

Linhas Cruzadas (Sam&Mon)Onde histórias criam vida. Descubra agora