Capítulo 35

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Não me matem, demorei mais voltei. Aproveitem o capitulo <3


Chocada, eu estava chocada em ver aquele infeliz à minha frente depois de tudo que havia acontecido, por causa dele eu quase perdera meu filho, por causa dele Sam temia perder a galeria, por causa dele nós ainda não havíamos nos casado, e por causa dele Sam se sentia culpada, agora ali estava ele bem na soleira da nossa porta com a maior cara deslavada em trajes finos e um sorriso tímido e arrependido me encarando, esperando que eu o recebesse de bom grado, tentei fechar a porta, mas antes que pudesse ele a segurou.

- Espere Mon - disse ele segurando a minha porta, sim a MINHA porta.

- O que está fazendo aqui Kirk? - perguntei segurando a porta firme, meu tom de voz era de fúria, afinal eu não deixaria ele entrar em nossa casa.

- Podemos conversar? - Questionou ele.

- Não podemos Kirk, não temos nada para conversar, além disso Sam vai ficar furiosa se chegar e ver você aqui - fui direta.

- Eu a vi sair Mon, estava estacionado a uns metros e levei um tempo criando coragem, mas eu precisava falar com você sob... - Eu não queria saber o que aquele idiota queria, mas me sentia indignada pelo fato dele estar nos observando, um arrepio me subiu a espinha, recordando da noite que ele batera em Sam e em mim, e senti medo.

- Kirk vai embora e não volta aqui - tentei fechar a porta novamente mas ele a segurou firmemente.

- Mon...por favor, podemos conversar aqui do lado de fora se quiser, e se isso te fizer se sentir mais segura, mas eu preciso falar com você - implorou ele, suspirei profundamente, seu tom pareceu melancólico e suplicantemente desesperado como se sentisse dor física.

- Ok Kirk, seja breve - tomei coragem para ouvi-lo, mas não dentro de minha casa, não com meu filho dormindo ali, sai para o lado de fora, eu sabia que logo Sam estaria ali ela havia mandado mensagem avisando que estava a caminho, mas por precaução peguei o celular ao sair da casa e fechei a porta atrás de mim.

- Obrigada Mon - disse ele, então ele se encaminhou até o pequeno espaço na varanda com cadeiras e nos sentamos um de frente para o outro e entre nós uma mesa redonda de centro.

- Então? O que você quer? - Fui direta e um tanto rude ao perguntar, mas não me importei, ele não era bem vindo ali.

- Eu sei que me odeia Mon, e eu não há culpo, fui uma pessoa horrível com você e com Sam - disse ele, depois pós um envelope pardo ao seu lado e esfregou as mãos uma na outra com os cotovelos apoiados em seus joelhos.

- O que você precisava tanto me dizer que fez você romper a sua restrição de se aproximar Kirk? Porque no último ano você foi a pessoa mais cruel na vida de Sam e eu não consigo pensar no que você teria a me dizer - enfatizei, minhas palavras simplesmente saltaram da boca, porque ele estava ali? Não havia uma lógica coerente para isso, ainda mais para falar comigo.

- Eu vim porque eu sei que eu fui um mostro para vocês duas Mon, eu demorei muito tempo pra entender que Sam...ama você, e mais tempo ainda para aceitar isso - disse ele me olhando, parecia dizer a verdade. - Então quero pedir desculpas a você por tudo, eu sei que isso não conserta nada, mas eu...eu realmente sinto muito, descobri recentemente que vou ser pai, e isso me fez repensar muitas coisas da minha vida e uma delas é que eu estou sendo egoísta prendendo Sam a mim quando sei que ela ama outra pessoa.

Ele estava sendo um babaca, eu não devia, mas me sentia péssima pela namorada dele, imagina ter um filho com um cara que é obcecado pela ex mulher, eu torcia para que ele realmente estivesse falando a verdade, nós dois ficamos em silêncio por quase dois minutos, e quando voltei a olhá-lo, pela primeira vez vi traços de honestidade nele. Kirk parou por um segundo e olhou o portão, depois voltou a falar.

- Te trouxe isso - ele pegou o envelope pardo ao seu lado e estendeu em minha direção e eu o peguei, enquanto eu o abria ele disse - Achei que isso deveria ser entregue por você - o olhei antes de ler os papéis e ele sorriu fraco, então baixei os olhos para o papel e vi o que era, os papeis do divorcio dele e de Sam, o primeiro acordo feito por ela onde ela dava para ele apenas a porcentagem justa dos bens que eles haviam adquirido conjuntos. Encarei Kirk de forma questionadora.

- Eu nunca precisei da galeria, e eu sei que Sam lutou para consolidar e crescer sozinha, esse é o acordo justo da partilha dos nossos bens, acho que isso deixa ela livre de mim, e com tudo que é de direito dela.

- Você deveria entregar isso a ela, Kirk - disse o olhando ainda chocada pelo que ele estava fazendo, sim eu estava impressionada com sua atitude honesta, Kirk havia sido egoísta, babaca e injusto por tanto tempo durante a separação que era incrédulo acreditar em tudo aquilo tão repentino.

- Eu a amo, Mon, mais eu nunca fui capaz de fazê-la tão feliz como ela é com você, e você faz isso sem nem se esforçar - ele tinha os olhos marejados e me encarava - Eu sinto muito por ter sido uma pessoa tão ruim pra vocês duas, Sam merece ser feliz, e merece alguém que a ame, e você é essa pessoa - ele se levantou repentinamente, passou as mãos pelo rosto e pelos cabelos como se estivesse se recompondo - Eu preciso ir Mon, volto para Nova York ainda hoje, espero que vocês sejam felizes... de verdade - ele soltou um suspiro e sorriu fraco antes de dar as costas e sair.

Eu observei em silêncio, eu estava chocada? Sim, eu não sabia o que pensar, ou o que fazer, havíamos lutávamos por aquilo que estava em minhas mãos a quase dois anos, e agora Kirk simplesmente entregará a mim com facilidade e ... honestidade, isso seria algum truque? Ou teria uma cláusula que faria Sam perder tudo? Depois de ficar na varanda refletindo sobre o que acabara de acontecer entrei em casa decidida, liguei para o advogado e pedi que me encontrasse, de repente me senti leve, e um pensamento passou pela minha cabeça, Sam e eu poderíamos finalmente nos casar, aqueles papéis davam a nós essa esperança, lembrei da festa de Dao, eu esperaria acabar para contar a Sam, é claro. E eu faria uma surpresa a ela, mas precisaria de ajuda, então liguei para Yuki.
Avisei Sam que precisaria sair, Yuki ficou com Dao que ainda estava adormecido e sereno, fui ao encontro do advogado.

- Então Dr. Miles, esses papéis podem prejudicar Sam? - questionei ele na mesa da cafeteria onde nos encontrávamos agora sentados um de frente para o outro.

- Onde arrumou isso Srtª Pohn? - questionou ele
- Kirk me entregou pessoalmente - fui sincera.
- Ele não deveria chegar perto nem da senhorita e nem da Srª Sam - disse ele me olhando severamente - Devo entrar com um pedido de revisão restritiva e avisar que ele entrou em contato com o senhor....

- Não - disse firmemente antes que ele continuasse - Quero saber se os papéis são legítimos e se isso prejudica Sam - disse o encarando, ele piscou algumas vezes impactado antes de me responder.

- Os papéis são legítimos - disse ele me olhando um tanto assustado pela minha atitude - E eles favorecem e muito a senhora Sam, esse é a primeira tentativa de acordo que fiz para ele, pensei que isso nem estivesse mais em posse dele ou em negociação - disse ele olhando para os papéis novamente incrédulo - E se ele quem o entregou, a assinatura deve ser verdadeira, com esse acordo podemos finalizar o processo de divorcio muito rápido.

- Excelente - disse a ele ficando muito feliz, recolhi os papéis que ele havia posto sobre a mesa dele e os coloquei dentro do envelope pardo novamente - Os devolverei ao senhor para que dê entrada no processo amanhã, quero mostrá-los a Sam - sorri, e ele devolveu o sorriso e assentiu satisfeito. Ao voltar para casa passei em alguns lugares e fiz tudo que planejei com Yuki pelo telefone, quando voltei a olhar para o relógio estava quase na hora da festa de Dao, corri para casa o mais rápido possível, era provável que Sam estivesse preocupada, afinal eu havia saído sem dar muitas explicações a ela.

Linhas Cruzadas (Sam&Mon)Onde histórias criam vida. Descubra agora