Capítulo 15

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Dormi por umas duas horas, devido ao cansaço de dirigir, e quando acordei decidi ir até o lago que havia ali próximo, era tarde, por volta de umas onze horas da noite, mas Mon pareceu se animar com a ideia e o lago não ficava muito longe da cabana onde estávamos hospedadas, Mon tinha ido a cada cômodo da casa enquanto eu havia dormido e tinha achado o lugar incrível, por isso quando mencionei sobre o lago imediatamente ela quis conhecê-lo, e mesmo sabendo que o lago devia esta gelado aquela hora, imaginei que seria bom, a água fria sempre me fez muito bem.

- Me troco e vamos? - questionei Mon enquanto entrava no banheiro levando meu biquíni.

- Sim - disse ela já se despindo, entrei no banheiro dando a ela privacidade.

E alguns instantes depois estávamos prontas, as duas trajando uma roupão, descemos as escadas e saimos, depois de passar por uma cerca estreita, entramos em uma trilha lamacenta que dava acesso até o lago.

- Isso é nojento Sam - reclamou ela enquanto andávamos pela trilha.

- São só pedrinhas e lama MonMon - ri

- Ainda sim, já estou me arrependendo de ter pedido para vir - ela acabara de enfiar o pé na lama mais fundo.

- Estamos chegando, veja - apontei mais a frente, podíamos ver a beira do lago - só você lavar o pé.

Mon me olhou animada, e nós duas caminhamos mais de pressa, ao chegar até a beirada do lugar, podia-se ouvir os grilos cantando, e o cheiro de mato entrava pelas minhas narinas, por toda a volta do lago podia-se ver um pequeno murinho de pedras que delimitavam o lago, subi nele e senti aquele frio na barriga anunciando um medo gostoso da água fria, sorri para Mon e ela subiu também.

- Está pronta? - perguntei e ela sorriu assentindo, estávamos lado a lado na beira do lago, tirei meu roupão e deixei ele cair no chão, senti os olhos de Mon sobre mim por breves instantes até ela fazer o mesmo, entendi minha mão e ela a segurou, um arrepio gostoso correu por minha veias quando ela a pegou.

- Um.... - Comecei a contar e ela me acompanhou - Dois....Três - saltamos as duas para dentro do lago, e quando cai na água senti o frio me atingir os ossos.

- Ah eu vou te matar Sam! - Mon saiu da água limpando o rosto - Está muito gelada! - berrou ela e eu comecei a rir.

- Faz parte do processo MonMon - disse ainda rindo, e ela me tocou água no rosto.

- Processo é que eu vou fazer com o seu cadáver quando eu te matar Sam! - ela disse entredentes, mas seus olhos estavam à sua volta - Será que tem animais aqui? - perguntou ela nadando mais para o meio do lago. Sorri ao ouvi la e mergulhei nadando por baixo da água até onde ela estava e pegando seus pés, quando voltei a superfície ouvi os berros de Mon apavorada.

- Calma MonMon, eu só estava brincando - a abracei tentando acalmá-la, enlaçando ela em meus braços protetoramente, beijei o alto de sua cabeça de forma carinhosa.

- Isso não tem graça ChanChan - disse ela fazendo bico, sorri.

A água estava gelada, mas ali abraçada a Mon meu corpo não sentia frio, ela parecia irradiar calor, Mon me encarou profundamente nos olhos e depositou um beijo em meu rosto, senti minha pele esquentar na hora, sorri tentando não pensar em nada e acariciei seu rosto, me afastei uns centímetros e beijei novamente o alto de sua cabeça, quando voltei a encará-la seus olhos pareciam chamas em meio a escuridão da noite, ficamos nos olhando intensamente, em um mundo só nosso, era como se o mundo a nossa volta houvesse sumido e naquele instante nada existisse a não ser nós duas abraçadas naquele lago, foi quando Mon se aproximou de mim lentamente, meu corpo inteiro se acendeu em alerta, os braços dela envolveram meu pescoço em um abraço que eu pude sentir a respiração irregular dela bater no meu rosto, Mon lentamente depositou um beijo meu queixo, depois nas maçãs do meu rosto, e no canto da minha boca, eu queria me lembrar de respirar, mas não sabia como, e então ela sorriu e seus lábios se aproximaram dos meus, naquele momento pensei que ia morrer sem ar, senti meus pulmões implorando por um pouco de oxigênio, a intensidade do momento me arrepiava dos pés a cabeça e não era de frio, os lábios dela roçaram levemente nos meus, como se pedisse permissão, fechei meu olhos em expectativa e Mon me beijou, senti seus lábios colidirem com os meus em um beijo lento e carinhoso, meus braços involuntariamente a enlaçaram puxando-a para mais perto e Mon me apertou mais junto dela, senti seu corpo colar ao meu, meu coração batia como se eu tivesse corrido uma maratona, a língua de Mon pediu passagem e eu dei, sentindo o gosto adocicado de sua boca, me entregando aquele beijo ardente, Mon parou o beijo com a testa colada a minha, nossas respirações completamente desreguladas, ambas precisando de ar, me encarou e sorriu, depositou um beijo sobre meus lábios e se afastou nadando para o lado oposto com o sorriso mais fofo do mundo nos lábios.

Fiquei parada no meio do lado, tentando entender que furacão fora aquele que acabara de passar dentro de mim, eu tinha acabado de beijar Mon, e grande parte de mim queria beijá-la novamente, o que estava acontecendo comigo? Eu não sabia explicar aquele momento, mas sabia que havia sido intenso e prazeroso, mas eu tinha um marido em casa, e Mon era a noiva do meu irmão, de repente os minutos de felicidade se transformaram em culpa, o que eu estava fazendo da minha vida? Eu não podia ter a beijado, nadei de volta a margem e saí, senti o ar frio da noite bater em cheio em mim, olhei para os lados e Mon já havia saído da água, teria voltado pra cabana? Eu precisava de tempo pra pensar, sai andando sem rumo pela pousada.

Linhas Cruzadas (Sam&Mon)Onde histórias criam vida. Descubra agora