Capítulo 12

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Na tentativa de me fazer perdoá-lo, depois de me deixar sozinha enfrentando o luto, Kirk havia decidido mudar a data da reserva da pousada, e naquela manhã quando acordei encontrei um bilhete dele sobre a mesa de cabeceira, esse era o típico pedido de desculpas de Kirk quando me chateava com algo, tentar melhorar o meu dia com algo que ele achava que eu gostaria de fazer, mas eu só conseguia pensar que ele estava muito enganado se pensava que qualquer tipo de gesto compensatório me faria mudar de opinião sobre a nossa conversa.

"Sam, meu amor,

Liguei para a pousada e mudei a data da estadia, lamento pela nossa briga, espero que você vá, imaginei que você poderia ir com Mon, talvez as duas precisem de um tempo fora de Bangkok para se sentirem melhor.

Te amo "

Reli o bilhete de Kirk após chegar da casa de Mon naquela tarde, agradecendo por ter pensado nele durante nossa conversa no café, afinal quando Mon mencionou a ideia de morarmos juntas na casa nova dela, um arrepio frio subiu na minha coluna que me fez vacilar, ela queria estar ao meu lado, eu sabia disso, mas isso me assusta, mesmo que ela não se importasse mais em demonstrar aquilo, algo em mim fazia com que a imagem de Nop refletisse em minha mente, fazendo com que a culpa me consumisse, seria uma traição enorme pensar em Mon, quando Nop mal havia partido, e acima disso tudo tinha Kirk, que fora meu companheiro durante todos os anos longe de Nop, quem me dera suporte quando a perdi meu pai, jamais poderei agradecer Kirk por me amar tanto naqueles dias terríveis, mesmo que agora ele não esteja tão presente, ainda existia um respeito à memória do que havíamos vivido.

Suspirei fundo refletindo, eu precisava me afastar da minha vida e naquele momento eu precisava da calmaria da natureza, quem sabe um banho de cachoeira, acordar ouvindo os pássaros, isso me colocaria no eixo novamente, e a ideia de ir junto a ela, na hora , me pareceu ser algo que nos faria bem, e o fato de Mon dizer sim, fez com que os receios anteriores sumissem.

Iniciei os preparativos para a viagem, arrumei uma pequena mala com algumas roupas e pertences pessoais essenciais, ficaríamos apenas duas noites na pousada então escolhi a mala menor, quando terminei de arrumar as coisas na mesma, coloquei a mala sob o sofá da sala, e voltei para o quarto, havíamos decidido ir de carro até a pousada na manhã seguinte, afinal o caminho até lá era muito bonito, peguei uma pequena agenda sobre a cabeceira da cama repassando o que não podia esquecer de levar, tudo parecia certo, mas eu sentia como se algo estivesse faltando, encarei a janela pensativa e então meus olhos desviaram e encararam o guarda roupa aberto, e lá estava a jaqueta dele, a jaqueta de couro negro com detalhes em vermelho sangue, Nop amava aquela jaqueta, uma sensação de culpa me acometeu, senti meu peito apertar e lágrimas escaparam dos meus olhos, molhando meu rosto, ali estava eu, parcialmente feliz e super empolgada me preparando para uma viagem com a noiva "dele", uma viajem que certamente ele iria adorar fazer com ela, afinal ela era uma mulher incrível, linda e extremamente inteligente ao qual eu sentia uma enorme conexão sem saber explicar o porquê, Mon havia mudado tudo, para mim e para Nop sem nem ao menos saber disso.

Quando finalmente a minha crise de choro após constatar que Nop fazia uma falta enorme e que eu era uma péssima irmã, e uma esposa pior ainda, tomei um longo banho tentando me desfazer da culpa, depois me deitei, e meu pensamento vagou para meu irmão, eu queria saber se Nop estaria feliz no lugar ao qual ele tinha ido, se houvesse um lugar para onde ele havia ido, mas sabia também que ele onde quer que estivesse estaria feliz por eu ter tido a oportunidade de conhecê-la, afinal Mon dissera que ele queria apresentá-la a mim, e pensando em como seria esse encontro se ele não houvesse morrido eu adormeci.

Acordei na manhã seguinte com o despertador tocando insistentemente, me remexi na cama sonolenta, o barulho permanecia alto e claro ecoando pelo quarto, saí da cama e fui até o aparelho o desligando, soltei um longo bocejo e me espreguicei, o dia prometia ser ensolarado, isso era um bom sinal, depois de me arrumar e por a mala no carro, saí em direção a casa de Mon para buscá-la, e enquanto dirigia uma melodia vinha das caixas de som do veículo, decidi aumentar o volume da música, pois havia decidido aproveitar a viagem, e eu estava me sentindo bem, feliz e isso me dava vontade de cantarolar e foi exatamente o que fiz, batucando com os dedos no volante, alguns minutos depois estacionei o carro em frente a casa de Mon, e buzinei para que ela soubesse que eu havia chegado, já tínhamos combinado o horário em que eu a buscaria e eu estava alguns minutos adiantada, eu estava tão ansiosa que saíra cedo de casa sem nem perceber, então vi uma sorridente Mon sair pela porta da frente da casa puxando uma mala de rodinhas e carregando no braço um travesseiro, saltei do carro assim que a vi.

Linhas Cruzadas (Sam&Mon)Onde histórias criam vida. Descubra agora