VI - Super-herói

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PARK JIMIN ESTAVA ansioso ao sair do restaurante.

Havia perdido a prática de socializar com tantas pessoas ao mesmo tempo; sempre que seu chefe resolvia comemorar a confraternização do melhor funcionário do semestre, marcava um jantar com todos, chegando a convidar membros da família. Park nunca fora muito bom em se relacionar com as pessoas, fato que o surpreendia, pois era ótimo em vendas.

Todo mundo ainda estava falando e divertindo-se dentro do restaurante; felizmente ninguém prestou muita atenção em Jimin quando ele saiu. O rapaz parou na calçada da rua vazia e observou o relógio de pulso enquanto a chuva caía fina e fria, incomodando-o. Pegou o celular para pedir um táxi e em seguida encaixou os fones bluetooth nos ouvidos para curtir uma boa música enquanto aguardava, mas o aparelho foi puxado tão rápido de sua mão que não conseguiu reagir.

— E aí, gatinho, o que faz sozinho a essa hora da noite? — perguntou um cara alto com cabeça raspada e nariz pontudo, sorrindo malicioso.

Jimin cruzou os braços, revirando os olhos.

— Poderia devolver o meu celular?

— Uh! Não, não. Vamos beber juntos. Conheço lugares bem legais e eu pago!

— Isso é roubo, sabia?

— Irei devolver, gatinho.

— Meu nome é Jimin, e eu não estou afim de beber.

— É? — O homem mordeu o lábio inferior. — Prazer, Jimin. Não é assim que deveríamos conversar. Por que não vamos nos divertir um pouco? Me chamo Sook.

— Por favor, apenas caia fora. — A amargura em sua própria voz o surpreendeu, porque era o tipo de cara calmo, porém, naquela hora, parecia lidar com qualquer coisa.

— Que tal nós dois fazermos um trato?

Jimin continuou imóvel, esperando que ele falasse algo. O homem deu um passo para a frente, ficando perto demais. A aproximação enojou o ruivo pelo hálito de cachaça. Sentiu medo quando Sook puxou um canivete de mola do bolso de trás. Pensou que fosse estripá-lo, mas ele apenas abriu os primeiros botões do seu casaco, arrebentando com facilidade.

Aquilo parecia estar muito afiado.

— Se gritar, irei enfiar isso em você — murmurou, dando algumas risadas frias.

— N-Não vou gritar.

— Ficou com medinho agora, não é? — O homem segurou o queixo de Jimin com força e uniu seus lábios ao espremer-se contra ele, falando com aquele bafo insuportável quando se afastou: — Você vem comigo em silêncio. Ok?

— S-S-Sim.

O braço forte passou ao redor dos ombros de Park e os dois começaram o percurso pela calçada vazia e úmida. Quinze minutos depois, o ruivo pensou que não suportaria mais manter-se de pé, visto que suas pernas estavam bambas devido ao medo daquele canivete que mantinha-se apontado para o seu pescoço.

— O que fazia naquele restaurante, Jimin?

— R-Reunião de tr-trabalho.

— Você está tremendo tanto. Você curte homens?

— Hã...?

Jimin sentiu a lâmina em sua derme e, após engolir em seco, conseguiu responder:

— Go-Gosto de mulheres.

— Mentiroso! Sabe como eu castigo vocês?

Sook continuou dizendo algumas coisas que em sua maioria eram ofensas, o resto, perversões. Aos poucos, o ruivo reconheceu que o caminho que seguiam ia direto para o Parque Central, cujo local, em uma chuva daquelas, não deveria ter quase ninguém. Park fechou os olhos e tentou alcançar alguma tranquilidade, contudo, estava beirando o pânico. Aquela caminhada parecia interminável, assim como a voz horrível e o cheiro de bebida tão próximo do seu rosto era insuportável. Tentava segurar o grito imenso que se acumulava em sua garganta.

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora