XXXII - Reflexo da chuva

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NÃO PODIA PARAR, mas seu corpo não aguentava mais.

Jimin não costumava prestar atenção em seus passos, ele simplesmente andava, mas agora tentava levantar um pé, depois o outro. O seu tênis estava encharcado por dentro e isso machucava ainda mais. Todo o seu corpo estava começando a doer, e a chuva não parecia ter fim, continuava o maltratando. Imaginou que o mundo desejasse que ele desistisse de tudo aquilo, aceitasse que era pequeno perante os grandes.

Isso não combinava com seu estilo de vida e por isso continuou.

Cinco horas de caminhada, isso pois precisou parar umas dez vezes para respirar. Pés, não me abandonem agora, me levem a linha de chegada. Nada o impediria, toda sua exaustão era suprida por uma força interior muito mais forte: ali onde habitava todo o seu amor por Jungkook, algo que não pensou que fosse capaz de sentir por alguém.

Se escondeu debaixo de uma banca de revistas, e estava tremendo de frio. Ficou olhando o prédio mais bonito de Seul, as paredes de vidro, as sacadas gourmet e o quanto exalava riqueza. Foi convidado a entrar ali algumas vezes, mas nunca aceitou.

Acabou se sentando no chão quando suas pernas falharam, ali mesmo, recebendo olhares desprezíveis e alguns, a minoria, empáticos. Dormiu um pouco com a cabeça entre os joelhos e acordou tremendo de frio. Estava com tanto frio que imaginou que estava nevando. Havia escurecido e isso fez seu coração saltar. Quanto tempo havia se passado?

Se levantou de repente e se agarrou na parede da banca ao ver tudo ficar escuro. Pensou que desmaiaria, era a pressa repentina em se colocar em pé, alguns dentes de sabre de quem sofria de pressão baixa.

— Senhora, por favor, pode me falar as horas?

— 18:35. — respondeu sem olhá-lo muito.

— Obrigado.

Jimin comprimiu os lábios e cruzou a faixa de pedestre, ficando em frente ao prédio em que Namjoon morava. Poderia ignorá-lo na empresa, mas ali era sua moradia, e passaria o tempo preciso até que finalmente fosse escutado.

Namjoon estava olhando a chuva cair pela janela, seus pensamentos sufocavam seu peito. Não queria se lembrar do que se espalhava cada vez mais forte em seu quadril, correndo como chamas por suas pernas. Fechou os olhos e esperou que passasse o latejar, mas ainda não era dor. Ainda não. Era apenas a lembrança de que algo errado estava acontecendo com seu corpo, e que em breve teria que lidar com isso.

— Senhor Kim, veja... É o mesmo rapaz que vimos essa manhã. — o motorista chama atenção — O Park Jimin. Ele e Taehyung não eram amigos?

— Eram. — responde sem emoção e se inclina.

Olhando na direção do prédio encontrou o par de olhos aflitos, o corpo trêmulo e a evidente ansiedade. Jimin estava pálido como um fantasma, os lábios arroxeados. Namjoon sabia que não havia nada o que pudesse fazer, e não queria escutar mais nada que o lembrasse de Anpanman.

Não conseguia continuar olhando. Aquilo o fazia mal.

— O que devemos fazer, senhor?

— Avise para os seguranças ficarem em frente a portaria, e não permitam que ele entre. Quero ver quanto tempo é capaz de ficar ai fora. — fala com a voz ríspida, voltando a se acomodar no banco de couro.

— Sim, senhor.

Jimin continuou esperando algum sinal do carro parado próximo a ele. Sentiu que Namjoon estava o vendo ali, e esperou que ele o deixasse entrar, mas não foi isso o que aconteceu: O portão da garagem se abriu e novamente ele gritou para que fosse escutado, não apenas pedia como também implorava.

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora