XXXVI - Proposta

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APESAR DO SOL brilhando alto, o ar estava frio.

Jimin passava por todas aquelas pessoas apressadas nas ruas como um fantasma vazio. Deveria esperar que as coisas se resolvessem, mas estava com tanto medo. O medo de que o tempo se esgote. Havia passado por tantos sofrimentos diferentes, e estava começando a sentir os efeitos das pancadas: tudo ficava dormente. Tinha a sensação de não estar vivo, apenas flutuando naquele mesmo mar furioso, sem fim, sem levá-lo ou deixá-lo em paz.

Taehyung não estava na hora do almoço, então comeu sozinho. Fingiu comer, e a senhora Choo parecia preocupada com isso o tempo todo. Precisava sair antes que percebessem que a sua tormenta estava crescendo agora. Crescendo rápido.

Era a segunda volta no quarteirão. Pensou em fumar um cigarro, mas mudou de idéia. Estava de novo passando pelo mesmo prédio, e Jungkook estava lá dentro. Deveria entrar. Deveria fazer alguma coisa ao invés de esperar anoitecer e lamentar.

Estava perdido.

Completamente perdido.

Para na frente do portão, enfia as mãos no bolso e deixa a cabeça pender quando seu rosto se contrai para o inicio de lágrimas dolorosas. Não queria chorar, mas como não chorar?

Queria salvar Jungkook. Precisava salvá-lo.

Distraido em sua dor, não notou o homem vestido elegantemente descer do carro, ajeitar o blazer e segurar firme a maleta, cada vez mais perto, e parando atrás de Jimin como uma sombra. Jimin chorava, mas não emitia som algum.

— Park Jimin?

O ruivo se virou para olhá-lo, seu estômago desabou e sentiu o sangue fugir de seu rosto.

Kim Namjoon não esboça nenhuma reação, diferente de seus olhos que gritavam uma amargura surpreendente.

— Namjoon...

Os olhos do maior analisavam vagarosamente seu rosto marcado pelas lagrimas, e depois, fixou a atenção nos seus olhos. Seu semblante impassível não deixando transparecer a enxurrada de emoções que tumultuava seu interior.

— Aonde está Jisso?

Jimin não sabia como reagir, apenas estava congelado enquanto a presença viril permanecia em sua frente.

— Como sabe que é aqui?

— Muito fácil. Aqui é o apartamento do meu filho, Kim Taehyung, mas ele quase nunca vem para cá. Não me exigiu muito esforço, mas te ver parado aqui sanou minhas dúvidas.

Fitava Namjoon enquanto ele explicava.

— Então aqui é o apartamento de Taehyung?

— Mais uma dúvida sanada, não estava aqui para vê-lo.

— Não...

— Então eu posso concluir que Jisso está mesmo aqui.

Não levou tempo algum para que Namjoon passasse por Jimin como um vulto e fosse liberado na portaria. Jimin quase sufocou, não tinha um celular para avisar e não conseguia imaginar o que estava prestes a acontecer.

Iria se apressar para segui-lo quando escuto os pneus de uma Mercedes derraparem em uma manobra perigosa.

— Taehyung? — murmura.

Estava certo, pouco depois de fingir corrigir a posição na vaga de rua, Taehyung desceu como um jato e não notou Jimin ali, mas o ruivo aproveitou para segui-lo.

Entraram juntos.

— Jimin? — arfa, mantendo passos apressados até o elevador.

— Sim, eu!

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora