XXXIV - Coração de aço

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VIVA UMA VIDA JUSTA, e então conhecerá o paraíso depois da morte.

Isso não fazia mais sentido para Park Jimin, pois ele estava no paraíso em vida. Descobria também que se no perfeito não habitasse vida, eternizaria sem temer aquele momento com sua morte. Estava completamente consciente da enorme estrutura que descansava a cabeça em seu colo, os cílios espessos dos olhos fechados como se dormisse tranquilamente naquela cama, deitados. Jungkook era pesado, poderia destruir as pernas de Jimin, mas parecia uma pluma de tanta delicadeza absurda ao encostar-se sobre ele.

O ruivo gostava tanto disso que não imaginava existir alguma palavra adequada para o sentimento: amar era mero, pequeno. Estava ali por inteiro, totalmente concentrado nos fios sedosos entre seus dedos, o cheiro doce e suave que compartilharam juntos, a voz gostosa que cantarolava baixinho para ele a sua música preferida: "é uma vida bonita e eu estarei ao seu lado". Por um segundo imaginou que Jungkook deveria ter seguido a carreira musical, e seria tão unicamente famoso.

Suas costas desnudas estavam ainda marcadas por trilhas confusas que as unhas de Jimin provocaram. Percebe então que sua criação era mesmo divina e perfeita, os seus pulmões artificiais comprimiam os músculos a cada respiração. Nem mesmo o braço de metal o provocava alguma surpresa, se encaixava perfeitamente com o que ele era. Invencível. Único. Adorava Anpanman, o corpo e a alma, e agradeceu por estar vivo e poder presenciar isso.

— Por que gosta tanto dessa música? — murmurou, fechando os olhos em apreciação.

— Me lembra você.

— Sempre lembrou?

— Eu sempre escutei essa música, e ela sempre me fazia esquecer de tudo ao redor e apenas senti-la... Eu tinha a sensação próxima do que deveria ser o sentimento de amor por alguém. Colocava no repeat e ficava olhando o mar. — dá uma risadinha curta — Parece que sempre gostei de torturar meu coração.

— Então não é por minha causa.

— Claro que é! Não escutou o que eu disse? Quando pensava em um amor era escutando-a. Você materializou esse sonho, me fez entender cada frase. — se arrasta para o lado, abandonando o colo de Jimin para conseguir fitar seus olhos — Posso cantar?

Jimin acariciou levemente o rosto de Jungkook, assentindo devagar com a cabeça.

— Se estou com você sob minha pele, respirar... Me faz feliz.. Por favor, fique do meu lado, bonito, meu amor... Bonito é o seu coração.

— Jungkook...

Encontra os lábios de Jimin, e ante a necessidade crescente, se controla com dificuldade em se afastar.

— Ainda está impossível? — marcava seu rosto com beijos demorados, buscando provar o pescoço alvo.

— Precisarei de uma semana para me recuperar.. — quando percebe a cara de tristeza de Jungkook, se corrige — Brincadeira. Me dê umas duas horas.. Você não cansa... Em movimentos, em atos.... Eu estou acabado. — confessa em um arfar, mas seus olhos estavam felizes.

— Isso será uma grande tortura... Acho que eu faria o dia todo. Dias. Faria isso por meses.

— Dias? — ri baixinho, sentindo cócegas da pontinha gelado do nariz esfregando em sua bochecha.

— Viveria disso... Por favor, Jimin... Segunda, terça, quarta, quinta... Todos os sete dias da semana...Sempre.

— Bobo! Quer acabar comigo?

O ruivo deixa escapar um arfar ao sentir a mão se fechar em sua cintura, puxando-o para perto. Não foi apenas por gostar, mas havia doído muito.

— Anpan... Aí...

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora