XXVIII - O nosso coração

15 3 0
                                    

O CARRO parou em frente aos portões maciços em um lugar afastado de qualquer aglomerado. O vento levantava a neblina interminável para longe, apenas árvores, colina e terra úmida. Na fronteira do nada, era solitário e parecia abandonado.

— É aqui. — disse o taxista, o único que aceitou aquela corrida.

Jimin pagou caro, e não dizia pelos wons: era o seu primeiro dia de trabalho, e estava abandonando tudo para ir atrás de alguma coisa que sequer sabia o que era. Talvez uma armadilha, ou pior.

Intrigado, desceu do carro. Era um lugar ideal para uma emboscada, e ninguém sabia onde ele estava, até o mesmo bilhete que seria a única prova era carregado no bolso do casaco que vestia. Ele pensou em Jungkook, morrer sem vê-lo uma última vez seria uma condenação eterna.

O carro não espera e vai embora em uma lentidão engraçada graças aos buracos provocados pela chuva na estrada de terra. Jimin teve certeza que o homem estaria repensando se valeu mesmo a pena aceitar aquela viagem, e, por incrível que pareça, também tinha a mesma dúvida. Dois homens do exército estão parados em frente ao portão, e eles não olham para Jimin, nem mesmo quando se aproxima o bastante.

Seu coração bate mais rápido. Estaria arriscando sua vida ao entrar no exército? Seria Jungkook o esperando lá dentro?

— Bom dia, sou Park Jimin. Engenheiro, estou aqui mais cedo por um imprevisto na substituição. — falou corretamente?

O homem apenas o olhou com mais atenção, e abriu o portão para entrar, deixando Jimin do lado de fora com o seu outro companheiro que também o ignorava. Franziu o cenho, agora sim estava se sentindo um idiota. Dois minutos se passaram, e antes do nervosismo atingi-lo, finalmente escutou a voz alheia:

— Park Jimin, qual é o número de identificação?

Abriu a boca para falar, mas sua mente embaralhou as numerações. Enfiou a mão dentro do bolso e abriu o bilhete ali mesmo, escondido.

— O que disse mesmo? — exclamou afim de distrai-lo, olhando a palma da mão depressa e vendo a númeração.

— O número de identificação.

— 123658.

O oficial assentiu com a cabeça e desapareceu novamente. O frio parecia aumentar a altura que sua ansiedade também. Fica parado, olhando para os próprios sapatos.

— Park Jimin, sua entrada foi liberada. — o homem o espera do lado de dentro.

Deveria agradecer? Apenas mantém o silêncio e passa pelo enorme portão, imaginou se teria mesmo alguma chance de sair tranquilamente assim como entrava. O que estava fazendo era uma completa loucura, e tinha ciência disso. Todos os músculos do seu corpo estavam tensos, e enquanto seguia aquele homem fardado em sua frente apenas se visualizava dentro de uma cela para sempre.

Haviam mais soldados por ali, e alguns acompanharam Jimin com o olhar o tempo todo. Não sabia como deveria se comportar, havia sido dispensado depois do seu prontuário de exames. Precisam subir em um carro forte, as rodas eram quase metade do seu tamanho, e o silêncio no caminho incomodou.

Avista o topo de uma construção que se assemelhava a um casarão em meio a neblina. Teve certeza que aquele era o lugar que deveria ficar. O que precisava fazer ali dentro? Não tinha nenhuma intuição, mas sabia que algo era relacionado a ajudar Jungkook. Torceu internamente que alguém estivesse o esperando lá dentro e fosse apenas um complemento para aquela missão.

Jimin pulou de cima do carro, passando a olhar todo o lugar. Apressou em seguir o soldado que parecia feliz pela breve distração, passar horas fazendo segurança era uma punição desinteressante. A porta da casa se abriu com um rangido, de dentro o esperava um homem magro, cabelos loiros e olhos cansados, e muito, muito alto. O comparou imediatamente ao Salsicha do Scooby Doo com um avental.

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora