XVI - Perdido

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JEON RESPIROU FUNDO, quanto mais olhava, mais camburões estacionavam e mais soldados desciam com suas armas apontadas. Havia pensado em fugir, mas o sentimento mais miserável e doloroso atingiu seu coração cruelmente.

— Fique onde está! — o comandante se colocou na frente dos homens, agachado e mirando com a metralhadora — Não queremos atirar! Apenas colabore e venha conosco!

Jungkook abaixou a cabeça e voltou a passear os olhos por todos aqueles homens. Tantos assim apenas para segurá-lo? Era mesmo tão perigoso?

Jimin estava a salvo dentro do carro, nada poderia atingi-lo. Estava livre do perigo, e apenas agradeceu internamente que continuasse ali.

— Eu irei com vocês. — disse, firme.

O comandante ergueu o olhar da lente da arma e estudou o rosto de ANPANMAN. Estava surpreso, e internamente não sabia se era mesmo real o que estava escutando.

Se levanta e encara a máquina em sua frente.

— Tão fácil assim? — murmurou mais para si mesmo do que para Jeon.

Os outros soldados se adiantaram para levar ANPANMAN, porém o comandante colocou o braço a frente, indicando que ficassem.

— Se tentar fazer alguma gracinha, iremos atirar.

Jungkook assentiu devagar, baixou os braços e respirou fundo. Sua mente estava distante, pensava que nunca poderia se despedir de Jimin, e que provavelmente não o veria outra vez. Pensava que nunca seria real como um dia foi. 

Sua existência era uma mentira.

Três homens carregavam correntes pesadas que se arrastavam no chão, e ao pararem em frente ao ANPANMAN, hesitaram um pouco.

— Serão os procedimentos para levarmos você. — exclamou alto o comandante, um pouco mais perto que antes — Não queríamos amarrá-lo feito um animal prestes a ser abatido, mas é necessário. Não sabemos o que você é e nem do que é capaz!

Erguendo a arma que tinha na mão, colocou o cano na direção de sua cabeça e, em seguida, os homens começaram a prender seus pulsos e calcanhares, até mesmo o pescoço foi envolvido pelo aço. A sensação havia ficado ainda pior, precisaria erguer as mãos para conseguir enxergá-la, mas conseguia imaginar o estado vexatório que se encontrava. 

Por que não estava morto? Sua mente ainda funcionava, era um protótipo feito para pensar, e pensava, mas não queria isso. Se pudesse ser configurado para se esquecer, sugeriria a possibilidade.

Não era real, e nem seria no final do dia.

— Precisamos partir agora.

O comandante mediu Jungkook com o olhar demoradamente, e então decidiu arrancar aquela máscara que cobria seu rosto, encarando ANPANMAN de perto.

— Se lembre desse rosto. — disse, frio — Eu sei que você não é um robô, e eu não vou acreditar nunca no que estão dizendo nas notícias.

Jungkook apenas o olhava.

Após a breve conversa, os homens do batalhão abriram passagem para que ANPANMAN fosse guiado para um camburão forte, totalmente reforçado por dentro na esperança de impedir que houvesse alguma forma de escapatória.

Enrijeceu a mandíbula, e assim que pisou no primeiro degrau para entrar, escutou o chamado de longe.

— ANPANMAN! Jungkook!

Avistou ao longe Park Jimin correndo depressa, nem mesmo os trovões impediram seus gritos de serem escutados.

O comandante uniu as sobrancelhas, impressionado.

— Vocês não pegarem ele ainda? — olha para os homens ao seu redor, todos parados esperando uma ordem — Peguem ele logo! AGORA!

Junkook não conseguia desviar o olhar, sentiu ser puxado sem sucesso por um soldado que o incentiva a entrar no camburão.

— Vamos, ANPANMAN. Você precisa entrar no...

— Não... – murmurou, erguendo as mãos e arrancando o aço que imobilizava o seu pescoço.

— Minha nossa ... Como.. C-como você fez isso? — o soldado depressa o soltou, se afastando para dentro.

— NÃO ATIREM NELE! — gritou, furioso, começando a arrancar todas as correntes com pouca dificuldade.

— ENTRE NO CAMBURÃO! — ordenou o comandante, mas seus olhos refletiram medo e coragem na mesma intensidade, a adrenalina em seu coração pulsante. — Você precisa voltar para a TECVision imediatamente!

Por alguns instantes a sensação de adrenalina que Jimin sentiu ao ver Jungkook ainda ali foi fantástica, e até sorriria se assim pudesse, mas quando seus pulmões pediram ar, notou que os homens viam em sua direção como se fosse uma caça apetitosa.

O primeiro que o alcançou o agarrou com os braços pesados como chumbo, Jimin lutou com todas suas forças, escapando e correndo para a direção oposta, apavorado.

Não conseguia continuar correndo por muito tempo, não tinha fôlego e o físico era uma droga, e toda vez que olhava por trás do ombro via o número de homens crescia.

Correr, correr... A sombra da guilhotina.

Escutou os tiros, e sentiu a dor lasciva em seu corpo, tenta continuar a correr, mas novamente é atingido. Cambaleou e caiu de joelhos. Toca em seu ombro, podia ver o sangue se espalhar rapidamente em sua camisa.

— ... eu vou morrer... Droga... — procura enxergar Jungkook, mas sua vista estava embaçada — você é livre... você é livre ... Sinto muito...  — arfava, mas sabia que não poderia ser escutado, estava chorando — Sinto muito... Eu sou um fraco... ANPANMAN... — e quando tentou respirar, o ar não queria mais entrar.

Um estrondo fez o chão tremer, uma cortina de fumaça se ergueu mesmo naquela chuva que se iniciava tão densa. Não havia entendido o que ocorreu, mas os gritos de ajuda e desespero já pareciam distantes, não escutava bem. Tenta respirar, mas se torna ainda mais difícil, e não era por estar ferido, mas aquela cortina espessa e escura ardia seus pulmões e piorava tudo.

Uma labareda de fogo se formava atrás dele, juntamente a uma explosão gloriosa em chamas. Jimin olhou por trás do ombro e piscou ao tentar enxergar melhor, e pôde ver os esforços que faziam para tentar tirar alguns feridos do desastre.

— Não...

O camburão havia sido arremessado por cima dele de uma maneira tão potente e rápida que sequer viu o momento do acontecimento, apenas o resultado assustador. Jungkook ntinha uma força sobrenatural, sua existência era perigosa e sabia disso.

Os olhos brilhavam em azuis intensos, e era quase a única coisa possível de ver em meio a fumaça.

Cada passo que dava até Jimin sentia a angústia e o medo crescer em seu peito. O alcança depressa, a fumaça estava dissipando.

Ver Jimin assim ardia profundamente em seu peito, e ao chegar perto o suficiente, cedeu os joelhos e o coloca em seus braços, tentando segurar as lágrimas.

— Por favor, viva... — a voz era falha.

Selou os lábios ao de Jimin demoradamente, e então chorou. 

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora