XVIII - Placebo

24 4 0
                                    


TAEHYUNG pegou uma revista jogada no chão do estacionamento do prédio, um exemplar de News York, aberto na página principal,à medida que os minutos se desenrolavam, a irritação crescia em seu peito, formando uma barreira que tornava a leitura ainda mais desafiadora.

ENTENDA A POSSÍVEL FALÊNCIA DA TECVISION

3° MAIOR EMPRESA DE TECNOLOGIA DO MUNDO

por Seo-joon Kwan

Autoridades regulatórias divulgam mês de julho como último prazo para fecharem a multinacional

O CEO da TecVision adquiriu quantidades enormes de títulos e investidores nos últimos quinze anos. Tal como outras empresas de tecnologia, Kim Namjoon mantinha uma grande proporção dos depósitos e investiu em um novo projeto com a esperança de obter retorno, um robô humanoide extremamente realístico.

Depois do sucesso nas exposições da marca ANPANMAN e conferências, a promessa da entrega foi um fiasco, havia prometido milhares de robôs na linhagem do que se tornou um projeto fantasma. O presidente Kim não se posicionou e os investimentos desabaram mais de 90% nos últimos dois meses. As receitas estão em queda e a empresa, conhecida pelas inovadoras tecnologias, está renegociando dívidas.

"É bastante possível que o CEO Kim Namjoon peça recuperação judicial se este cenário se concretizar, o que não seria uma novidade para multinacionais que fazem investimento de risco. Esta inconsistência de R$12 bilhões em dois meses significa o dobro de valor de mercado da empresa, o que demonstra a gravidade da situação", detalhou Donghyun, sócio da Matriz Capital e advogado especializado em compliance e governança corporativa.

Taehyung jogou a revista na primeira lata de lixo que encontrou, e depois pensou em se jogar de cima daquele prédio. Estava arrasado quando entrou no elevador e esperou chegar no andar de sua moradia. Encarou o espelho, via um rosto de olhos cansados, às manchas escuras debaixo deduraram que não dormia bem nos últimos dias.

— Taehyung, pense... — disse para o seu reflexo — Você é filho de um dos CEOs mais famosos do mundo... — pensou, "por enquanto", mas não se apegou ao sentimento, estava determinado em reagir — Você deveria saber exatamente o que fazer para resolver isso.

Engoliu em seco, e abaixou os olhos.

— Droga... Quem mais seria tão estúpido de se colocar em uma situação tão ruim como eu?

Taehyung se lembrou da feição de Jimin naquele hospital, e em como se sentia culpado por não saber da operação e permitir que o Comando Especial fosse tão longe. Não conseguia se perdoar ao saber que tinham tentado matá-lo, por um milagre que estava vivo. Muitas coisas tinham se tornado confusas, e não soube dizer o momento exato em que tudo virou de ponta cabeça daquela forma. Foi no passado, dois anos atrás? Ou durante aqueles meses em que o apartamento de Jimin esteve sempre com as luzes apagadas? Ao menos duas vezes por semana havia batido na porta, mas não havia ninguém.

Lembrou-se também de mais uma peça de encaixe, lá estava Taehyung desviando das roupas largas no varal do vizinho de Jimin pela segunda vez no dia. Enquanto batia na porta ele escutou um miado insistente, algo se esfregando em seus tornozelos: era um gato colorido da paleta de cores branca, preta e laranja, o mesmo também parecia afim de entrar na casa.

— Oh! Nanah! — um homem alto, obeso e com cabelos de tigela se aproximou e pegou o gato do chão — Me desculpe! Ela sempre escapa de dentro de casa!

— Nanah? — franziu o cenho, confuso.

— É o nome dela! — disse, acariciando a cabeça da pequena, rindo.

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora