XXXIII - Adorável dor

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JIMIN OLHOU A xícara de chá que Taehyung o entregou, e viu seu próprio reflexo cansado. As suas roupas ainda não estavam completamente secas, mas aquela blusa que o moreno havia emprestado fazia mesmo diferença.

— Beba um pouco de chá, vai ajudar a esquentar o corpo. — disse, ansioso, sentando no sofá com sua própria xícara.

Jimin não o respondeu, mas bebeu um gole. Apesar de seu corpo estar frio, nada se comparava ao gélido dos dedos que entrelaçava aos seus, completamente inertes. Aquele era o seu corpo, era ali em que habitava sua mente brilhante, seu coração valioso que vez ou outra parecia falhar.

Não era preciso ser um médico diplomado para saber que Anpanman estava doente, tão doente que sua sobrevivência era um milagre. Não queria entender o que acontecia, pois já era dificil o bastante olha-lo ali e não poder fazer nada para mudar a sua situação. As vezes pensava se não teria feito o mesmo que Jeon Jisso, e entendia que a ideia de sacrificar sua propria liberdade não era o verdadeiro problema: Jimin faria isso por ele sem pensar duas vezes. Sentiria-se melhor se houvesse mesmo um sacrificio que pudesse mudar as coisas, era tudo que de fato desejava, mas nada podia reverter o que aconteceu. Era tudo uma mentira quase gloriosa. Um afago ao coração partido.

Olha para Taehyung, e como sempre o maior não desvia o olhar. Jimin se perguntava se um dia seria capaz de perdoá-lo. O seu lado compreensivo dizia que pessoas eram falhas, e que o Kim era apenas uma pessoa confusa que pensou estar fazendo a coisa certa, além disso, era o seu melhor amigo.

— O que está pensando? — ele pergunta, a expressão tensa.

Jimin respira fundo, alisando devagar a pele de Jungkook, frágil. Ainda queria continuar irritado com Taehyung, mas ele não era assim, mesmo quando deveria ser.

— Em algo impossível. Estou imaginando Jungkook completamente curado, eu estou o abraçando e o sequestrando para morar em minha casa. Bem.. Não é um sequestro, ele está entrando no carro com mais ansiedade do que eu.

Taehyung colocou a xícara de lado.

— A saúde dele está ficando pior.

— Como sabe disso?

— Não sei se percebeu, mas Jisso é uma neurocirurgiã, e também formada em engenharia. É por essa razão que ela mesma decidiu cuidar de Jungkook.

Jimin abaixa o olhar e bebe mais um gole de chá.

— E onde ela foi?

— Ela quase nunca sai, mas hoje é quinta-feira, e ela sempre frequenta a igreja nas quintas.

— É religiosa?

— Nunca vi igual.

Jimin tinha receio de tocar em Jungkook, a impressão de que poderia machuca-lo ou acabar tirando um daqueles conectores era angustiante, ainda assim se permitiu acariciar o rosto perfeito, admirando-o.

— O que há com a saúde dele?

— Infecção pela respiração mecânica. Já faz um tempo que está sendo controlado, mas cada vez mais resistente aos medicamentos.

Jimin engoliu em seco.

— E se tirarmos esses fios? — Ergue uma sobrancelha.

— Ele irá se desconectar para sempre do Anpanman.

Suspirou, pesado.

Taehyung olhava apenas para Jimin.

— Quer fazer isso, Jimin?

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora