XXXVI - Confie em mim

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A NOITE ESTAVA FRIA, e nem mesmo aquele casaco foi o suficiente para fazer Jimin deixar de tremer. Encarava a cidade em sua frente, a beleza e o martírio da noite, e o pensamento fugitivo de que pessoas estavam vivendo suas vidas felizes, muito diferente do que vivia naquele momento. Não era apenas o frio congelante, a ansiedade deixava seu corpo quase febril.

Sabia o que o esperava, e isso o fez querer vomitar de tristeza. O sentimento mexia com seu corpo inteiro, e não queria pensar nisso. Quando voltaram juntos para casa, pegou o casaco e subiu para o terraço. Queria desmoronar, mas ainda um fio de esperança o mantinha em equilíbrio perigoso.

Queria manter aquele sonho. Era uma necessidade que gritava em sua alma.

Escutou os passos do Anpanman mais perto, e então ele ficou parado em sua frente, tampando qualquer visão que não fosse ele.

— Por que está aqui sozinho? — sua voz soou tranquila demais.

— Estava pensando... — arfou e os olhos inundaram.

— Não parecia ser algo bom. — se curva e sem demora limpa uma lágrima que escapa de Jimin com o polegar.

Os olhos castanhos o fitaram de perto, gentis e calmos. Era assim que Jungkook parecia estar.

— Posso ficar aqui com você?

— Fique.

Devagar se senta ao seu lado, passando o braço no ombro de Jimin e o puxando para perto do seu corpo. O silêncio durou um pouco, e conforme a ideia assustadora de quanta dor sentiria ao perder Jungkook ficava mais real, sua respiração se torna mais difícil.

— Olhe para as estrelas. É aqui que você gosta de ficar, não é?

— Eu gosto do céu, da noite...

— E o mar? Gosta mais do que antes agora?

Jimin apenas faz um som no fundo da garganta em concordância, e Jungkook ao perceber sua aflição, leva os dedos a acariciar seus fios de cabelo ruivos.

— Sabia que muitas dessas estrelas já deixaram de existir? Elas estão a anos luz de distância da terra, então a sua luz pode demorar anos para brilhar no nosso céu. Quando olhamos para ela, estamos olhando o passado.

— Ouvi dizer...

— Jimin, eu havia perdido tudo... Ainda assim, esse corpo me permitiu fazer tudo como se eu estivesse perfeito. Como se eu ainda fosse o mesmo Jungkook. É incrível pensar na minha existência duplicada, mas a razão é tão óbvia que me sinto grato.

Jimin franziu o cenho devagar e o olhou de perto: tão lindo, como sempre.

— Está grato?

— Eu tinha que ser capaz, porque eu precisava te conhecer. Tudo foi ressignificado. Valeu a pena a minha existência. — sorriu branco, mas seus olhos estavam tristes — Quer saber uma verdade?

Jungkook o olha também, e com a mão livre alisa devagar o queixo do menor.

— Quer?

— Vai doer?

— Não. Não vai.

— Quero.

Jungkook suspira pesado e então sela os lábios devagar aos dele, provando seu sabor com devoção e delicadeza, ao se afastar, abrem os olhos em união e se fitam no mesmo segundo.

— Eu nasci para você.

Jimin retorceu os lábios, e riu baixo.

— Bobo...

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora