XXIX - A face da mentira

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O TAXISTA SENTIU uma tensão e o clima de desconfiança dentro daquele carro aumentou. Jimin já havia o deixado com suas últimas notas de wons, mas não pareceu suficiente para convencê-lo de que deveriam ficar parados naquela viela com pouca iluminação.

— Quanto tempo ainda vamos ficar aqui?

— Depende do tempo que essa pessoa demorar.

— Muito ou pouco?

O taxista se chamava Minho, era um homem mediano, mas o corpo atlético estava em forma. Se Jimin reparasse bem veria que era até mesmo muito bonito, apesar de ser nitidamente mais novo, porém um péssimo estilo: aqueles óculos quadrados realmente não combinavam com seu rosto.

— Pouco.

O observou assentir, parecia aliviado agora, apesar de Jimin ter mentido: não fazia idéia quanto tempo ficariam daquele jeito. Não conseguira pregar os olhos o dia inteiro, e nem mesmo os filhotes e Pan conseguiram o distrair. Sua mente continuava um caos, presa a lembrança de encontrar Jungkook, e sabia que para fazer isso ia precisar descobrir quem era o dono dos bilhetes que o colocou lá dentro.

A noite se arrastou fria e implacável, e Jimin agradeceu quando Minho simplesmente cochilou no banco, e foi nesse propósito que escolheu o motorista iniciante, ele não seria tão durão em expulsá-lo e dizer que não estava afim de participar disso.

Por um instinto, os olhos de Jimin foram parar no carro escuro que estacionou próximo ao prédio. Sabia que era o misterioso, e quando desceu do carro pode ver o capuz preto, estava prestes a descer e alcança-lo, mas outro carro, um mercedes prata interrompeu a entrada do encapuzado nas escadarias.

— O que é isso?

— O que é o que? — o motorista acorda assustado, esfregando os olhos secos. A voz rouca, deu um pigarro

Jimin se inclina para olhar melhor, Minho engole em seco quando seu espaço pessoal é invadido.

— Seu perfume é bom... — comenta, timido.

O Park obrigou a se concentrar.

— Desligue os faróis.

— Sim... — tentou fazer o ato sem tocar Jimin.

— Não é possível...

Era Kim Taehyung quem descia do carro prata, e estava furioso. O assistiu arrancar o bilhete da mão do estranho, que agora de longe percebia o quanto era pequeno perto do Kim. O papel foi rasgado em vários pedaços e a discussão prolongou cada vez mais alto.

— São eles?

— São...

— Vai mesmo precisar seguir?

— Eu ainda não sei...

Jimin franziu o cenho enquanto tentava clarear a cabeça, mas tremeu ao ver o encapuzado começar a tremer o corpo, e então chorar sobre as mãos. Taehyung ficou parado por um tempo o olhando, mas não se demorou em ir em sua direção e abraça-lo, afagando-o e confortando-o. Foi preciso muito esforço para entender o que estava acontecendo, e porque estava acontecendo. Quem era essa pessoa?

— Acho que se conciliaram...

— Isso está sendo divertido para você?

— Aposto que ninguém está se divertindo dentro desse carro.

Respirou fundo, e assim que desvia o olhar de Minho, nota que ambos haviam se separado e entravam de volta no carro. Jimin se senta depressa e passa o cinto, o coração acelerado e a ansiedade o fazendo se sentir mal.

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora