2. (Re) Encontro

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OKANE

— Então, chegou a hora...– Andi diz após tirar minha mala do carro dela, na rodoviária de Puebla. Lá, eu pegaria o ônibus pra Cidade do México.

Depois que meu pai morreu, aluguei a casa e fui morar com Andi enquanto arrumava minha mudança pra capital. Comprei um apartamento, modesto, com o dinheiro do primeiro aluguel e algumas economias que eu tinha guardadas, e hoje eu já estava indo embora.

— É...chegou. – digo, dando um abraço nela. – Valeu, Andrea.

– Credo, assim você parece minha tia quando eu faço algo errado...- diz rindo, para quebrar o clima.– Vou sentir saudade, Okane.

— Não mais que eu, Andi. Mas eu volto. E mando noticias sempre que eu puder.

— Se cuida, por favor. Tenta não fazer nenhuma besteira.

— Eu tenho objetivos, Andi. Não vou me desviar deles...Mas não vou colocar minha vida em risco pra isso, tá?

— Muito bem. E, só mais uma vez, eu te falar pra você desistir desse negócio não vai te fazer desistir mesmo?

— Nem um pouco. A partir de agora, não tem mais volta. Eu só volto de lá com o Marcelo destruído e os Coluccis acabados.

— Não vou te desejar boa sorte porque eu não concordo com isso. Mas vou estar aqui quando você voltar.– diz e a abraço de novo, pegando minhas coisas e andando até o ônibus, no qual acomodo minha mala e a mochila.

Toda minha vida agora estava dentro delas. Tudo que eu precisava para recomeçar em outro lugar. Quando o motorista liga o veículo, olho pela janela e dou um último aceno para Andi, parada na rodoviária ao lado do carro dela. Ela acena de volta e fica pra trás, igual a todo o resto da cidade.

Igual à minha avó, meu pai, minha mãe e tudo que eu conheço desde que tenho sete anos. Agora à minha frente, eu via a única coisa que importava, a única que me mantém respirando, que me faz acordar todo dia, cada vez mais perto de conseguir: Minha vingança estava só começando.

Semanas depois...

Me olho no espelho, ajeitando o nó da gravata borboleta que eu usava. Assim que cheguei, tratei logo de arrumar um emprego, como garçom numa casa de festas. O que, é claro, não foi por acaso.

A casa de festas tinha como cliente o Conglomerado Colucci e justamente hoje teria uma festa em uma das empresas. Seria a chance perfeita para começar a me infiltrar lá.

Não é como se eu tivesse poucas opções de como fazer isso. Poderia até mesmo me candidatar para estagiário do departamento jurídico da empresa, já que estava para terminar a faculdade de Direito. Desde que meu pai foi preso, eu sonhava em poder ajudá-lo de alguma forma. Uma das únicas que achei, foi estudando pra me tornar advogado. Mesmo com todas as dificuldades, minha avó não me deixou desistir dos estudos, mesmo que eu precisasse trabalhar pra bancá-los.

Mas precisava começar aos poucos se quisesse ir ganhando a confiança deles, sem que desconfiassem de nada, ou que pesquisassem a minha vida a fundo. Ter empregos, com um nome um pouco diferente, antes de trabalhar para os Colucci ajudaria.

Arrumo o cabelo e passo perfume.

— Que comece o show...– sorrio pra mim mesmo no espelho e pego o terço do meu pai, olhando com atenção. — Hora da vingança, pai.

Saio do apartamento e pego um Uber até o local do evento. Assim que saio, fico olhando para aquele lugar. Empório Colucci, uma das muitas empresas que hoje integram o Conglomerado Colucci. Mas a primeira de todas. O lugar em que o meu pai trabalhou. De onde ele saiu preso e humilhado. Onde minha vingança começaria...

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora