23. Ultimato

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OKANE

Dias depois...

Já tinha começado a ler o processo do meu pai, depois de conversar com o Luka e de termos nos resolvido. No momento, estava acessando as notícias que saíram nos jornais na época sobre o caso.

Além da condenação pelo assassinato do Alessio, meu pai também foi acusado de desviar dinheiro da empresa. A história contada foi que o Alessio descobriu sobre o desvio, e que meu pai o matou, pra ele não dizer pra ninguém. Por esse motivo, ele foi condenado a quinze anos de prisão. Homicídio pra ocultar outro crime, no caso, o desvio de dinheiro, pelo qual ele também foi condenado.

É claro que ele se defendeu no depoimento, dizendo que recebeu uma carta do Marcelo, pedindo que se encontrasse com ele no escritório. Mas a carta nunca foi encontrada. Foi aí que a minha avó começou a acreditar que o Marcelo foi o culpado pela morte, mas nunca teve como provar.

Além disso, o Gus contou que a relação do Marcelo com o pai também não era fácil. Eles discordavam em várias coisas e brigavam muito. O Marcelo, inclusive, chegou a falar com o Gus diversas vezes sobre depor o pai da presidência e assumir. Seria muito fácil pra ele matar o pai e ser o maior beneficiado com tudo que aconteceria depois.

Todas as testemunhas depuseram contra o meu pai e sumiram, com certeza depois de serem muito bem pagas pra mentir nos depoimentos.

Depois disso, meu pai não quis dar mais nenhuma palavra sobre a acusação e foi condenado e preso.

Tudo isso, pode levar a crer que foi meu pai que cometeu o crime. Mas a peça chave, a arma do crime, nunca foi encontrada.

— E mesmo assim, ele foi condenado...— falo sozinho, voltando ao ponto inicial. O escritório do Marcelo, a única gaveta fechada. Pode ser que ele já tenha sumido com a arma há muito tempo. Mas não custa nada arriscar...

Eu sabia que a casa estava em silêncio. Todos já tinham ido dormir e o Luka já tinha ido embora do meu quarto, pra onde viemos depois do jantar. Estamos num momento de paz e tendo cada vez mais tempo juntos. Vou abrindo a porta do quarto e tomo um susto ao vê-lo parado na porta.

— Caramba, eu pareço uma assombração ou o que?– ele pergunta rindo.

— Achei que você já tinha dormido. Você saiu daqui há uma hora dizendo que ia fazer isso...– falo.

— É. Mas eu tava esse tempo todo me revirando naquela cama grande, fria e solitária sem você...– diz passando a mão pelo meu ombro.— Fiquei com saudades...

— A gente se viu não tem nem uma hora.

— Pra ver o que você fez comigo. Não consigo ficar muito tempo longe de você.

— Meu Deus, como você é brega!– falo rindo e o puxo pra dentro do quarto, beijando sua boca e esquecendo porque eu estava saindo do meu quarto.– Essa cama também parece mais vazia sem você, sabia?

— Eu imaginei...– diz rindo se deitando na minha cama.— O que tava vendo no computador? Algum filme? Série?

— Nada de mais...– digo pegando o computador e tirando de perto dele.– Já ia dormir mesmo. Luka...

— Hum?

— O que você lembra da morte do seu avô?

— Por que isso assim, do nada?

— Bom, é que é um assunto meio proibido na casa, né? Fiquei curioso pra...saber mais a respeito de como foi e tal, mas não precisa contar se não quiser...

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora