14. Descoberta

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OKANE

Passei o resto do dia trancado no meu quarto. Hoje eu sabia que Luka não teria nenhum compromisso fora da casa e não queria ter que correr o risco de encontrar com ele quando meus pensamentos e atitudes estavam tão instáveis depois de tudo que ele me contou.

Ele se lembra da nossa história. E acha que eu odeio ele hoje em dia. E ainda chamou a minha avó de "bruxa velha." Começo a rir lembrando disso porque todo mundo que conhecia ela não saía com outra impressão. Mas ainda assim ela foi a pessoa que me criou quando eu fiquei sem ninguém e, do jeito dela, me amou, me educou e me manteve vivo por quinze anos.

Eu não posso ficar com o Luka. Por mais que...assim como ele, eu me sinta confuso com relação aos meus sentimentos, eu sei que no momento que eu conseguir o que desejo, irei embora sem olhar pra trás. E quando isso acontecer, ele vai me odiar. E eu vou me odiar por ele estar me odiando.

Eu preciso falar com alguém sobre isso, então ligo pra única pessoa que sabia de tudo sobre mim, até melhor que eu...

— Fala, Vingador!— Andi diz do outro lado da linha – Como vai sua luta por justiça?

— Te liguei pra falar exatamente sobre isso.

— Olha aqui, senhor Negrete, eu não vou mais falsificar nenhum documento pra você, entendeu? – vai logo avisando.

— Não é isso. Não preciso mais de um documento falso, ok? Só...liguei porque precisava conversar com você.

— Iiiih, o que rolou hein? Você tá estranho...

— É que aconteceram umas coisas ontem que...estão me deixando confuso.

– Que coisas?

— O...Luka meio que me beijou. E eu beijei ele.– digo de uma vez e escuto o gritinho surpreso da minha amiga do outro lado da linha.

— E agora? Você vai...desistir da sua vingança?

— Não, Andi. Você sabe que isso tá fora de cogitação. Eu não vou desistir de me vingar dessa família.

— Mas...se você tá se sentindo atraído pelo filho do cara que você odeia, como é que você vai fazer?

— Eu vou esquecer, Andi. Isso que eu tô sentindo vai passar. Tem que passar. Eu não posso ficar com ele.

— Por que não?

— Ah, Andrea. Porque essa história vai terminar com dois corações partidos. O dele quando souber que eu quero me vingar da família dele. E o meu por quebrar o dele.

— Amigo, você sabe que não tem só um caminho né? Você se lembra do que prometeu pro seu pai, antes dele morrer?

— Que eu seria feliz...

— E você acha, sinceramente, que vai ser feliz depois de se vingar dos Colucci com tudo isso que você tá sentindo? Com tudo que você tá tentando não sentir?

— Agora que eu já comecei, vou até o final.

— Então você não tinha porque ter me ligado, se já tomou a sua decisão. Você só queria que eu dissesse e reforçasse o que você quer ouvir. Mas o que você quer ouvir não é o que deve fazer. Fica aí com sua vingança e suas certezas. E fica bem, amigo. To aqui pra você sempre...

— Tchau, Agosti.— digo e desligo a chamada.

"O que você quer ouvir não é o que deve fazer." Pode até não ser o que eu devo, mas é o que preciso fazer. E eu preciso me afastar do Luka. Ou fazer ele desistir da atração que sente por mim. Isso seria o melhor pra nós dois...

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora