10. Biblioteca?

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OKANE

Dias depois...

Foram dias observando e esperando o momento certo e ele finalmente chegou. Eu finalmente iria entrar no escritório do Marcelo, em busca de algo, alguma prova que o tornasse culpado da morte do pai. Eu não sabia nem se ia encontrar alguma coisa ali, mas precisava começar de algum lugar. Mesmo que não tivesse nada, talvez me levasse a outro lugar

Aproveito o momento em que todos estão dormindo e a casa está em silêncio e desço as escadas, fazendo o caminho até o escritório do Marcelo. Ele sempre deixava a porta aberta, porque trabalhava até mais tarde e esquecia de trancar, o que também me ajudaria.

— Por onde eu começo?– pergunto assim que entro e ligo a luz, olhando os livros e pastas espalhados pelo local. Então olho pra parte de baixo da mesa...

As gavetas.

A mesa tinha três gavetas, de uma ponta a outra dela. Testo a primeira e ela abre com facilidade. Tinham alguns papéis, contratos e recibos dentro, mas nada que me interessasse, ou remetesse à época da prisão do meu pai.

Passo pra segunda gaveta, tentando abri-la e consigo, novamente. Nessa, tinha algumas pastas com documentos e folheio cada uma com atenção. Eram pastas mais antigas, só que dos funcionários da casa, então também não me interessavam.

Me direcionou pra terceira gaveta mas essa, diferente das outras, estava fechada, trancada com a chave. A única coisa trancada no escritório inteiro. E, se estava assim, é porque tinha uma coisa muito valiosa pro Marcelo, que ele não deveria querer que ninguém visse.

Acho que ele não seria burro de deixar a prova de alguma coisa aqui, mas que é estranho a gaveta estar fechada, isso é. E eu vou descobrir o que ele guarda aqui...

Por sorte, tinha um grampo no bolso. O tiro e começo a tentar abrir a fechadura. Estou quase conseguindo quando a porta se abre e caio no chão com o susto. Nem sequer adianta tentar me esconder embaixo da mesa, porque ela é vazada.

— O que você tá fazendo no escritório do meu pai?– Luka pergunta me vendo ali, estatelado no chão e preciso pensar antes de responder.

— Eu...acho que me perdi!– digo me levantando.— Achei que fosse a biblioteca.

— Biblioteca?– Luka pergunta rindo e me olha com desdém.– Você mora aqui há quase duas semanas e ainda não sabe que a biblioteca é do outro lado da casa?

— Ah tava escuro. Eu entrei no lugar errado, tá? Aí já que eu já tava aqui, resolvi procurar um livro. Tem uns...títulos bem interessantes tipo...esse aqui!— digo tirando um livro qualquer da estante.

— Sim, claro. Porque Contabilidade para iniciantes é uma coisa muito interessante mesmo...– diz falando o que eu imaginei ser o título do livro e olho a capa.

— Vai ser perfeito pra me fazer dormir!— digo abraçando o livro– E o que você tá fazendo aqui?

— Eu...acordei e não consegui mais dormir então...resolvi descer pra tomar um pouco de água, ou um leite quente pra ver se o sono volta.

— E você...quer uma companhia?

— Não!— a resposta dele vem mais rápido do que o normal. – digo...É...não precisa. Vai descansar. Você deve estar cansado. Aproveita a sua leitura super interessante. Acho que você vai dormir nas duas primeiras páginas, aliás. E vê se não se perde no caminho daqui pro seu quarto...

— Pode deixar. Boa noite, Luka.

— Boa noite, Okane — diz e segue na direção da cozinha, enquanto eu saio do escritório, deixando tudo como achei e apagando a luz, voltando pro meu quarto.

E, diferente do que o Luka disse, eu não dormi logo. Muito pelo contrário, fiquei remoendo o que minha busca no escritório trouxe.

O que tinha de tão sigiloso e importante naquela gaveta?

LUKA

Sonho on:

Minhas mãos passeiam pelo abdômen definido, traçando e acariciando cada músculo presente ali, assim como as tatuagens e desenhos marcados em seu corpo. Passo a mão pelo seu braço, também com músculos bem definidos, até chegar ao pescoço, onde ele se arrepia com meu toque e foco meu olhar em seus olhos, descendo-os logo depois pra boca dele e puxando seu queixo em minha direção.

Só aí, o rosto entra em foco e percebo que a pessoa que eu estava prestes a beijar era o...

Okane...

Sonho off.

Acordo suado, esbaforido e assustado, me amaldiçoando de todas as formas possíveis por isso ter acontecido de novo.

— Que merda!— digo apertando o travesseiro na minha cara – Com tanta gente nesse mundo, por que justo ele tinha que entrar na minha cabeça? E se recusar a sair?

Desde o episódio no shopping, quando vi ao vivo e a cores o tanquinho daquele idiota, aquela imagem não saiu da minha cabeça.

E agora, como se não bastasse ter que passar o dia inteiro andando com ele pra cima e pra baixo, o Okane me perseguia até nos sonhos também. Ou deveria dizer pesadelos?

Não consigo mais dormir e me levanto, pra ir até a cozinha beber um pouco d'água, pra ver se acalma esses pensamentos com meu segurança, mas assim que passo pelo último degrau, vejo que a luz fo escritório do meu pai estava ligada.

Ele com certeza não tinha ido dormir ainda e, por mais que ele não ligasse pra mim, eu me preocupava com ele. Revirando os olhos, vou até o escritório e abro a porta, na intenção de mandar o meu pai ir dormir, mas me surpreendo de ver que quem estava lá era o Okane, não o meu pai.

Depois que conversamos e dele se oferecer pra me acompanhar na cozinha, encerramos nossa interação ali. Se eu deixasse ele ir na cozinha comigo, certamente faria uma besteira do qual me arrependeria depois.

Tá bom que ele é gostoso. Perigosamente gostoso, mas eu não quero pensar nele! Eu tô parecendo um adolescente gay cheio de hormônios que sonha com o carinha que ele gosta toda noite.

E não é que eu goste do Okane! Por favor...Tenho quase certeza que é porque eu devo estar há muito tempo sem sexo e, se for por isso, acho melhor resolver minha situação de uma vez.

"Galera." Mando mensagem no meu grupo com meus amigos." O que acham de uma festinha amanhã?"

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora