15. Aliado(?)

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OKANE

Isso não podia estar acontecendo. Meu pior pesadelo, em tudo isso, simplesmente se tornou realidade. Descobriram quem eu sou e o que eu vim fazer aqui.

— E-eu não sei do que você está falando!— tento negar, mas ele balança a cabeça.

— Nem tente. Tentar negar não vai funcionar quando as fotos claramente mostram que é você que está nelas, rapaz. Por que veio até aqui? Por que forjou documentos falsos? Qual seu objetivo se aproximando dos Colucci? Seu pai que te mandou aqui? Foi isso?

— Meu pai morreu! — não adiantaria mais negar se ele já sabia de tudo. Ele faz uma feição genuinamente surpresa.

— Ah...o Jaime morreu?– pergunta e assinto.

— Há dois meses...

— Eu...sinto muito.– diz e assinto.— Ele tinha sido condenado a quinze anos né? Ele conseguiu pelo menos recorrer? Ou...conseguiu redução de pena?

— Não. Meu pai morreu exatamente no dia em que sairia da cadeia. Ele não teve direito a recorrer, nem a remissão de pena. Já que estamos falando do grande Alessio Colucci e da família Colucci. É óbvio que ele não teria chance.— digo com revolta.— E por que quer saber tanto do meu pai, se vai me entregar pro Marcelo?

— Quem falou que eu vou te entregar pro Marcelo?— Gus pergunta.

— Não vai?

— Eu era amigo do seu pai, Oscar. Me aproximei bastante dele quando ele trabalhava aqui e fiquei muito triste quando ele foi preso...Nunca achei que tivesse sido realmente ele que matou o Alessio. E...continuo tendo essa certeza.

— Engraçado...ele nunca me falou dessa amizade com você. E se gostava tanto do meu pai assim, porque não foi visitar nem eu e avó e nem ele na cadeia?

— Fiquei sem notícias depois da condenação dele e...com receio de descobrirem caso fosse visitá-los. Como eu posso ajudar você?

— Você tem...o processo? Eu quero dar uma lida.— pergunto.

— Posso conseguir, já que, de certo modo foi um processo da empresa. Deve ter algo no departamento jurídico daqui...— diz e assinto.

— Bom, então se você pudesse fazer isso, já me ajudaria demais...— digo.– E mais uma coisa: se você acredita que não foi meu pai, quem você acha que foi?

— Marcelo. Só que eu nunca...tive como provar. Quem sabe você não tenha mais sorte que eu? Vou procurar o processo do seu pai e te aviso qualquer coisa. Eu...sinto muito pela morte dele, de verdade e sei que, mesmo que a inocência dele seja provada, isso não o trará de volta, mas acho que o fará descansar em paz.

— Obrigado, Gus, mesmo...– agradeço e me levanto, saindo da sala.

Eu realmente esperava tudo, menos aquilo. Como assim o Gus não ia me entregar e ainda se ofereceu pra me ajudar? Isso parecia meio surreal pra mim, mas, no momento, eu não poderia recusar qualquer ajuda que me fosse oferecida. E ler o processo me ajudaria a entender como meu pai foi julgado e condenado e quais as brechas e inconsistências existentes no processo.

Dessa forma, provar a inocência dele e reverter o julgamento vai se tornar bem mais fácil. Como o Gus disse, nada disso o traria de volta, muito menos recuperaria todos os anos que ele passou na prisão. Mas ia fazer não só meu pai descansar em paz, como minha avó também, além de restaurar a memória dele e da nossa família naquela cidade.

— Meu Deus, você tá sorrindo depois de uma conversa com o Gus?– Luka pergunta assim que me encontra, ao sair do escritório do pai.— Acho que é o fim do mundo e ninguém me avisou. Toda vez que alguém sai daquela sala, é chorando!

— Você devia dar mais crédito pro Gus, sabe?

— Não mesmo. Não confio nele e ponto. Isso não vai mudar só porque você disse algo. – Luka diz.

— Estranho seria se mudasse...– digo

— O que?

— Nada!

— Enfim, é...vou ter que fazer uma viagem a trabalho e acho que você tem que ir comigo...

— É pra fora do país? – pergunto, já com receio de ter que pedir pra Andi falsificar um passaporte também.

— E por que quer saber? Por acaso é um foragido da justiça?

— Não...claro que não. Tá maluco? É so que...eu teria que procurar o passaporte com antecedência e tal...

— A viagem é pra Cancun. Então...você não vai precisar ir atrás do seu passaporte.

— E quando é?

— Amanhã.

— Amanhã?

— Sim, o dia depois de hoje, conhece?

— Mas, Luka é muito pouco tempo pra arrumar minhas coisas.

— Na pior das hipóteses, você compra suas roupas lá. E na melhor, pra mim, você fica sem roupa...

— Luka...— digo, virando o rosto, pra ele não ver que eu provavelmente corei.

– Você pode me provocar o quanto quiser, pode tentar me afastar o quanto quiser, mas eu sei que você me quer, tanto quanto eu te quero. E uma hora, você vai ceder...– diz passando a mão pelo meu braço.– Você sabe que é mais que desejo, não sabe?– e finaliza com a mão no meu pescoço.

Eu estava quase cedendo, faltava pouco, bem pouco, pra eu aproximar minha boca da dele e beijá-lo. Mas fui salvo pelo celular do Luka que tocou bem na hora.

— Alô? Tá bom...tô indo, já. Obrigado...– diz e desliga.– Tenho uma sessão pra fazer agora. É melhor a gente ir.

— É, melhor mesmo...– E andamos até o carro, no qual entramos e ele dá a partida no veículo, seguindo até a sua sessão de fotos, comigo tentando esquecer de tudo que quase aconteceu entre a gente.

E falhando miseravelmente.

Quem aí tem certeza que o Luka vai aprontar alguma coisa nessa viagem?

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Quem aí tem certeza que o Luka vai aprontar alguma coisa nessa viagem?

E o Gus, hein? Um aliado mesmo, ou não?

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora