19. Entrega

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OKANE

Ele poderia ter morrido.

Na hora que eu ouvi aquele barulho e vi aquela fumaça, eu só consegui pensar no Luka, preso e sozinho ali dentro. Eu sabia que, mesmo com o jeitinho "doce" que ele me tratou assim que cheguei, não poderia deixá-lo de maneira nenhuma. Eu não conseguiria.

Porque talvez, assim, só um talvez bem pequeno, eu não soubesse habitar num mundo em que o Luka não existisse. Mesmo nos quinze anos que a gente ficou sem se ver, eu sempre soube que ele estava ali, pelas notícias sobre ele que circulavam em tudo que era canto.

A verdade é que lutar contra isso me cansa e me desgasta. Está ficando cada vez mais difícil resistir a ele. Na verdade, não sei se quero continuar resistindo. Saber que ele poderia ter morrido deixou uma coisa clara pra mim. A de que eu não posso viver sem esse maluco desgraçado e idiota na minha vida.

É por isso que eu preciso ir atrás dele pra lhe dizer isso, agora mesmo. Ele tinha sido levado por outra equipe de atendimento, e acho que foi prestar depoimento, mas preciso ir procurar ele mesmo assim.

Dou a volta na ambulância e o vejo, sentado no batente da calçada, olhando pro nada enquanto toma o que parece ser água num copo de plástico.

— Luka!– chamo, me aproximando.– Você tá...bem?

— Tá me perguntando como meu segurança? Ou como se realmente se preocupasse comigo?

— Você acha que eu ia me arriscar e voltar até aquele camarim em chamas se não me preocupasse?

— Bom, esse é meio que o seu trabalho, né?— ele pergunta.– Mas...tirando o fato de quase ter sido queimado vivo, eu tô bem. E...obrigado por me salvar, de qualquer maneira. – diz e assinto.

— Eu quero te falar uma coisa!— dizemos juntos.

— Pode falar primeiro...– ele diz.

— Não, não. Fala.— insisto, levemente com medo dele dizer que não vai mais querer nada comigo depois de quase morrer.

— Eu...na hora que eu fiquei sozinho, no meio das chamas. De alguma forma...eu sabia que você voltaria. Não porque é sua obrigação, mas...porque realmente se importa comigo. Eu entendo que você não quer nada agora, que tem medo porque meu pai é seu chefe e tudo mais. Fora que tem coisas sobre você que você não vai me contar. E tá tudo bem porque eu vou esperar seu tempo. Não vou desistir de você. De nenhuma maneira.

— É...então...eu acho que você não vai precisar esperar por muito tempo...– digo e ele me olha com atenção, de olhos arregalados.– Eu...também percebi uma coisa quando você tava lá sozinho no camarim. Que talvez...eu não esteja preparado pra...te perder. E que eu me odiaria se algo acontecesse contigo sem ter te dito isso. E que...eu tô disposto a tentar...ter algo com você. Eu não te garanto que...vai ser fácil. Mas, se você quiser mesmo, a gente pode tentar...– termino e o olho com expectativa, enquanto ele me encarava incrédulo.— Diz...alguma coisa, por favor.

— Eu tô tentando processar se eu ouvi direito mesmo...— Ele confessa.– Você disse tudo aquilo ou...a fumaça que entrou no meu pulmão afetou meus ouvidos também?

— Eu disse tudo isso mesmo, Luka...— digo e ele me puxa pela camisa, me beijando.

— Caralho, você não sabe o quanto eu esperei pra ouvir isso, meu Deus! Finalmente!— Ele diz, me fazendo rir.–  Eu sabia que você não ia conseguir mais resistir a mim.

— Nossa, como você é presunçoso!

— Eu sou Luka Colucci, queridinho! Ninguém é capaz de resistir a mim...— diz se gabando com um sorriso.

— Olha, eu volto atrás hein?– pergunto me levantando.

— Não, não, não!– pede.– Você não pode mais voltar atrás.

— Eu não tava nem pensando nisso...– digo e dou outro beijo nele. Mas nos separamos quando ouvimos um pigarreio.

— Com licença...senhor Colucci, precisamos do seu depoimento...– um policial pede e Luka se levanta, saindo de perto de mim, enquanto outro vem até mim, colhendo meu depoimento sobre tudo que aconteceu. Eles iam investigar o que aconteceu, mas fiz questão de deixar claro que acho que foi um atentado.

Depois do seu depoimento, Luka anda até mim, mas seu celular toca e ele atende.

— Oi, Marcelo. Agora você se importa? Não, não me machuquei. O Oscar me salvou. É, você contratou ele pra isso, né? Ai, tá bom, pai. A gente conversa amanhã. Não precisa vir pra cá. Não faz isso! Tchau! – diz e desliga o telefone.– Vamos embora?— pergunta pra mim.

— A gente não tem mais nenhum depoimento pra prestar?– pergunto e ele nega.– Então...vamos.

E seguimos de volta para o hotel e para o nosso quarto.

— Acho que...a gente precisa de um banho.– digo, olhando pra sua cara cheia de fuligem da fumaça.

— É...uma boa ideia.– diz e começa a tirar a roupa, ali na minha frente.

— Luka...

— O que? Você que sugeriu. Não vai tirar a sua roupa também?– pergunta com um sorriso malicioso.– Ou quer que eu tire pra você?

— Você...É um perigo pra sociedade.– digo desabotoando a minha camisa.

— E é uma pena que você não possa mais voltar atrás...– e se aproxima de mim, me beijando, empurrando-nos calmamente até a cama.

— Achei que...a gente ia tomar banho.– digo.

— Pra que se a gente pode fazer uma coisa muito melhor?— pergunta sorrindo em cima de mim, na cama enquanto termina de tirar nossas roupas. Mudo as posições e o coloco embaixo de mim. Ele me olha com atenção e passa uma das mãos pelo meu peito nu, traçando minhas tatuagens, uma a uma.– Você não vai me deixar na mão dessa vez?

— Acho que...eu já te disse que, se isso acontecesse outra vez, eu não ia mais parar.– digo, beijando ele de novo.

— Ótimo. Eu não quero que você pare!— diz e sorri, me dando mais um beijo.

Ele passa a mão pelo meu corpo, me percorre inteiro com seu toque e faço o mesmo com ele, beijando seu pescoço e passando a língua pelo peito nu.

Após todas as preliminares, numa onda de gemidos, beijos e provocações, finalmente o penetro e, enquanto nos mexemos juntos, enquanto beijo ele e olho nos seus olhos, consigo me esquecer de tudo.

Consigo esquecer que ele é o filho do cara que eu jurei me vingar, esquecer de todos os motivos de porquê estar fazendo aquilo não era certo.

A única coisa em que eu conseguia pensar era só que, finalmente, depois de muito tempo, eu estava me entregando a algo que eu, Okane, desejava, não a algo que os outros queriam pra mim.

E quando caímos um ao lado do outro na cama, suados e sorrindo, a única coisa que eu consegui pensar era só que aquilo era certo e de que era a única coisa de que eu precisava na vida, pra ser completo.

E quando caímos um ao lado do outro na cama, suados e sorrindo, a única coisa que eu consegui pensar era só que aquilo era certo e de que era a única coisa de que eu precisava na vida, pra ser completo

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Aiai, os dias de glória chegaram...

Relevem o hot, nunca escrevi um hot gay em primeira pessoa.

Espero que tenham gostado. Prevejo próximos capítulos deles muito namoradinhos que não namoram (ainda)

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora