LUKA
Ok, por essa eu não esperava.
— Peraí, você tá me dizendo que...
— Eu sou o que vocês, jovens, chamam de bissexual hoje em dia.
— Ok...que...bom que voce sabe o que você é...mas você e o Jaime...que?
— A gente se conheceu na época da faculdade de Economia. Eu, era o playboy rico filhinho de papai. Ele, o garoto do interior que veio pra capital estudar. Já dá pra imaginar que a gente não se dava muito bem, né?
— E como...Vocês se apaixonaram?– pergunto genuinamente interessado em ouvir aquela história de amor.
—A gente brigava quase todo dia, porque tínhamos visões de mundo muito diferentes, mas éramos os melhores alunos da turma. Um dos nossos professores chamou os dois para serem monitores da disciplina e a gente aceitou. Com isso, começamos a passar bastante tempo juntos e...descobrimos muito em comum. Fomos parando cada vez mais de brigar e aí...ele me chamou pra sair. Claro que, nesse tempo, o máximo que poderíamos ser era amigos bem próximos, mas não importou. A gente só queria ficar perto um do outro. Nós nos beijamos pela primeira vez e a partir daí...ficamos juntos. Não fiz...da descoberta da minha sexualidade aos vinte e poucos anos um grande evento. Só...vivi a vida entendendo que gostava de mulheres e de homens, embora só tenha amado um homem durante toda a minha vida.
— E o que aconteceu pra que vocês se separassem?
— Como eu disse, nós éramos de realidades diferentes. Assim que eu me formei, fui estudar fora. E o Jaime teve que trabalhar. Conseguir conciliar nosso relacionamento à distância com estudos e trabalho não foi fácil. E a gente deu um tempo que se tornaram 10 anos. Nesse tempo, eu conheci sua mãe e o Jaime, a mãe do Oscar. Casamos com elas e aí...bom, vocês nasceram.
— E se a gente não tivesse nascido? Vocês teriam ficado juntos?
— A gente só ficou junto de novo por causa de vocês dois. Se lembra como conheceu o Oscar?
— Vagamente...
— Eu te levei pra brincar no parquinho, no final de semana. Você tinha uns...cinco ou seis anos. Lá, você começou a brincar com um garotinho que tinha mais ou menos a sua idade e passou a tarde inteira grudado nele. A conexão de vocês dois foi...instantânea...— E luto contra um sorriso e o aperto no meu peito por me lembrar do Okane.— Quando a gente estava pra ir embora, eu fui te chamar e...o Jaime também chegou pra levar o Oscar embora. Eu reconheci ele na mesma hora. E ele a mim. A gente começou a conversar sobre as nossas vidas naqueles últimos anos, e é claro que vocês dois aproveitaram pra brincar mais.
Agora que meu pai falou, consigo me lembrar desse dia com um pouco mais de detalhes...
Flashback on
Estava brincando de bola, sozinho no parque e, num dado momento, acabei chutando a bola forte demais e ela acabou batendo num outro garoto, sentado com o pai do outro lado do parque.
— Desculpa...— digo chegando mais perto dele.– Machucou?– ele nega. – Você é todo caladão, né? Quer brincar comigo?– ele olha pro pai.
— Pode ir, filho!– diz sorrindo pra ele, que vem comigo.
— Me chamo Luka, como é o seu nome?— pergunto pra ele.
— Oscar...— Ele finalmente diz alguma coisa e começamos a brincar juntos.
Aos poucos, ele começa a se soltar e falar mais coisas. Depois da bola, vamos no balanço, no escorrega, no gira-gira e em outros brinquedos do parquinho.
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Lo siento | Lukane
RomanceOscar Cabarra Negrete cresceu com o desejo de vingança contra a família Colucci em seu coração, após seu pai ter passado anos preso por um crime que não cometeu e sua família ter passado diversas dificuldades. Após a morte do pai, Okane, como é con...