3. Herói

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LUKA

Sabe aqueles dias de merda, que desde a hora que você levanta da cama até a hora que deita nela de novo, tudo que pode dar errado de fato dá e até o que não era a mísera possibilidade de acontecer, muito menos de dar errado, também dá errado?

Pois é, essa é exatamente a descrição do meu dia hoje.

Eu sabia que hoje teria uma festa importante no Empório Colucci, maior e mais antigo empreendimento da minha família, criado pelo meu avô. Nem o velho imaginava a proporção que essa empresa tomaria, já que hoje, o Conglomerado Colucci conta com mais de 100 empreendimentos, nas mais diversas áreas, desde lojas, hotéis, shoppings, tanto no México, quanto em outros países.

Tudo isso graças ao meu pai, Marcelo Colucci. Que assumiu tudo depois da morte do meu avô e vem comandando durante os últimos quinze anos. O maior empresário do México. E o pior pai do mundo.

Desde que assumiu a empresa, ele só vive pra isso, pra fazê-la crescer e prosperar. Para manter viva a memória do grande Alessio Colucci e tudo que ele deixou e construiu. Mas no caminho, ele basicamente esqueceu que tem um filho e me deixou completamente de lado. A última vez que ele sequer me notou foi quando eu tinha seis anos. E olha só, foi antes de assumir a empresa!

Mas voltando ao assunto: dia de merda. Tudo começou assim que eu botei o pé fora de casa. O pneu simplesmente furou no meio da noite e eu só descobri hoje de manhã, antes de sair. Mandei pro conserto e sorte que tinha vários outros carros à disposição na garagem, embora com esses eu soubesse que tinha que tomar cuidado. Se aparecesse qualquer mínimo arranhão, meu pai não ia ficar feliz.

Passei no shopping, pra buscar minha roupa, cuidadosamente escolhida e já me troquei por lá mesmo. O trânsito na cidade começava a encher, o que queria dizer que eu demoraria uma hora no mínimo pra chegar no Empório.

Consegui chegar e a festa já estava rolando. Combinei de encontrar Esteban, Dixon, MJ, Jana e Emília por lá mas assim que cheguei, aquele garçom valentão sujou minha camisa. E ainda me desrespeitou! Pelo menos ele foi demitido.

Só que eu nem pude comemorar. Nem cheguei até meus amigos quando um barulho parecido com um tiro ecoou no salão e as luzes se apagaram. Só senti quando me pegaram pelo pescoço, me imobilizando e encostaram algo gelado na minha testa.

— Fica quieto! Ou senão você morre! – o cara que segurava meu pescoço e apontava a arma pra minha testa ameaça e não tenho qualquer reação, a não ser ir com ele. Quando estamos quase na porta, as luzes voltam a se acender. – Ninguém se aproxima! Ou mato o garoto!– Grita outra vez e vejo que tinham outros caras, usando máscaras assim como ele, que rendiam todos os presentes.

— Luka!– meu pai grita, mas o bandido já me arrastava pra fora, junto com mais dois caras.

— Ah, que ótimo! Agora eu vou ser sequestrado.– digo baixinho, pra eles não me ouvirem.– Só posso ter jogado pedra na cruz...Aaaaah!– e solto um grito, nem um pouco másculo, quando percebo que um dos caras que me rendia caiu no chão, enquanto os outros ainda estavam atordoados, consigo me desvencilhar do que estava com a arma e lhe chuto. Só então vejo que quem tinha derrubado o outro bandido foi o garçom que eu acabei de fazer ser demitido. – Você?

— Olha, eu acho que um obrigado seria melhor!– ele diz, desviando de um ataque do outro bandido. – Ou poderia me ajudar aqui, também! Faz alguma coisa!

— O que? – pergunto, mas ele soca a cara do outro e sinto um terceiro tentar me pegar pelo pescoço de novo e tenho a primeira reação que consigo. Lhe dou uma cotovelada no meio das costelas e ele cai no chão sem ar.– Rá! Toma essa, seu nojento! Isso que você ganha por tentar me sequestrar!

— Você está bem?– pergunta chegando mais perto de mim. A adrenalina passa e sinto minha respiração ofegante, além de lágrimas nos meus olhos. Abraço ele num impulso.– Aaaah é...calma. Tá tudo bem agora...Você tá bem. Acho...melhor ligar pra policia.

— Eles...ainda tão lá dentro.– digo. Respirando fundo.

— A polícia já tá vindo...– diz. — Você precisa se acalmar...– e olha nos meus olhos. Sinto um...reconhecimento quando o encaro mais de perto.

— A gente se conhece?– pergunto, tentando mudar de assunto.

— Graças a Deus não!— diz e faço uma careta

— Por que me ajudou? Eu...te fiz ser demitido.

— Sei lá, eu...acho que não ia poder ficar parado só assistindo sem fazer nada...– diz.– E desculpa pela camisa.

— Não vou me desculpar pela demissão, se é o que você quer...

— Ai, olha só! Eu já tô repensando se não devia mesmo ter deixado esses caras te sequestrarem! Um obrigado por salvar minha vida seria bom...– diz e escutamos uma gritaria do lado de dentro, no exato momento que a polícia chega no local e, enquanto uma parte entra, outros vem até nós, começando a fazer várias perguntas. Não demora até que um por um dos bandidos saia algemado de dentro da loja.

Meus amigos saem correndo em seguida, vindo até mim.

— Eu tô bem!– digo quando eles me puxam e começam a me analisar.– Dei um jeito nos caras.

— Sozinho? – Esteban pergunta descrente.

— Sim!– digo

— Ah, conta outra. Você não mata nem mosquito...– Emília debocha.

— Tá, pode ser que não tenha sido totalmente sozinho...o que aconteceu lá dentro?

— Renderam a gente e ficaram nos ameaçando...– MJ diz– Foi horrível.

— Garanto que nem tanto quanto ter uma arma apontada pra sua cabeça...

— Luka!– escuto a voz do meu pai me chamando e vejo ele andar até mim. – Você tá bem?

— E você se importa?— pergunto e ele me olha impaciente.– Tô bem, pai. Eu...É...hum, fui salvo...por ele. – e aponto pro garçom, que não era mais garçom e que salvou minha vida. Eu não era mal agradecido e sabia que o Marcelo o recompensaria bem.

—  Rapaz? – diz chegando mais perto dele.– Soube que você salvou o meu filho. Você foi um herói. Gostaria de te agradecer. Passe aqui, no Empório amanhã para conversarmos.

— Eu...obrigado, senhor.– ele diz um pouco confuso, mas sorri. Paro ao seu lado.

— Acho que agora estamos quites, queridinho...– digo em seu ouvido e me afasto dele, voltando para os meus amigos.

– digo em seu ouvido e me afasto dele, voltando para os meus amigos

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Primeiro PoV do Lukaa. Tão gostando dessa maneira de narração?

Provavelmente vão ter bem mais PoVs do Okane, mas quando for necessário o Luka aparece pra contar a versão dele da história, porque se eu não deixar ele falar, ele me mata.

deu pra sentir como vai ser a dinâmica desses dois aqui ?

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora