29. Juntos

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LUKA

Essa semana sem ele tem sido tão difícil. Tenho tentado sair, me distrair, pensar em outras coisas mas tudo sempre volta pro Okane e para os momentos que compartilhamos juntos. Nem no...nosso lugar eu consigo voltar porque olhar para aquelas iniciais me lembra de nós dois, já que ele e o Oscar são a mesma pessoa.

Até hoje eu não acredito em como fui tão burro. Os sinais bem claros na minha cara esse tempo todo e eu simplesmente não via.

Ainda não acredito que meu pai e o Jaime se relacionaram. E não é que eu tenha problema em aceitar isso. Poxa, eu sou gay, meu pai é bi e ok. Mas...ele e o Jaime? Tipo, o pai do meu melhor amigo que chegou a ser meu segurança e virou uma coisa bem maior que só amigo. E que foi preso por matar meu avô, e que agora talvez seja inocente...É tão confuso e ao mesmo tempo faz todo o sentido do mundo.

Meu pai me mostrou as fotos dele com o Jaime quando eram jovens e...a maneira como eles pareciam brilhar quando estavam um com o outro é...tao bonita. Os beijos, os sorrisos e tudo que eles tinham era verdadeiro e fico feliz que o meu pai tenha encontrado alguém tão especial pra ele.

Eles se amaram e, pelo que meu pai contou, foi um amor genuíno que durou a vida toda. E que só se perdeu porque o meu pai não foi forte o suficiente pra acreditar que o Jaime não tinha matado o vovô. Quanto as coisas teriam sido diferentes se isso tivesse acontecido? Eles dois teriam se casado? Eu e o Oscar seríamos criados juntos? São tantas coisas e caminhos diferentes que teriam sido seguidos se o meu avô não tivesse sido assassinado.

Mas, pelo menos, essa história toda serviu pra me reaproximar do meu pai e só me deixa mais impressionado o quanto ele segurou o peso de tudo que aconteceu sozinho. Ele perdeu o amor da vida dele e o pai ao mesmo tempo e precisou assumir uma empresa do porte da Colucci sem quase nenhuma experiência. Eu me ressenti esse tempo inteiro dele, sem realmente saber pelo que ele tinha passado.

— Pai...– digo após bater na porta do escritório dele e ele mandar eu entrar.— Mandou me chamar?

— Ah, mandei sim, filho. Senta aqui...– diz e me sento à sua frente, numa das cadeiras do escritório.– Seguinte, apareceu uma sessão de fotos, de um dos clientes da empresa nesse final de semana, em Acapulco e queriam muito que você fosse o modelo...

— Eu?

— Sim. Admiram muito o seu trabalho e queriam te ter como o rosto da campanha...– diz, sorrindo.– É uma marca de moda praia.

— Ah, sei não, pai...da última vez que eu fui pra outra cidade fazer fotos não terminou muito bem...— digo, lembrando da explosão no desfile, que ainda estava sendo investigada.— Fora que...eu não tenho mais um segurança, né?

— Não se preocupe, querido. Você vai estar muito bem protegido. E viajar, respirar novos ares vai te fazer bem. Pode até ficar na nossa casa lá por alguns dias...

— Você não vai me deixar dizer não mesmo, né?— pergunto rindo.

— De forma alguma. Vai ser bom pra você, filho...– diz sorrindo.

— Tá bom então, diz pros seus investidores que eu aceito o trabalho...

— Tá bom, filho. Garanto que você não vai arrepender...

— É só mais um trabalho, pai. Minha vida não vai mudar extraordinariamente por isso...– digo, negando— Ainda tem mais alguma coisa pra falar comigo?

— Não. Era só isso mesmo...Tem alguma coisa pra fazer hoje?

— Não, não. Tava pensando em sair com os meus amigos, mas...todos estão ocupados.

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora