OKANE
Na hora que eu vi o Luka congelado ao ver o pequeno filete de sangue que saía da sua palma, foi impossível não lembrar que ele morria de medo de Sangue quando pequeno e que, pela cara que ele fazia, ainda tem.
Peguei um guardanapo e me abaixei, pra ajudar ele. E foi impossível não deixar escapar a frase que eu sempre dizia a ele quando se machucava e começava a fazer um escândalo, nem me lembrar de uma das vezes que isso aconteceu...
Flashback on (aqui, façam de conta que são os dois lembrando ao mesmo tempo)
— Quer ver eu pular bem longe?— Luka pergunta enquanto se balança no balanço do parquinho perto da casa dele. Nossos pais sempre nos trazem aqui aos finais de semana.
— Melhor não. Você pode se machucar...
— Eu não vou me machucar! Olha só!– e toma impulso no balanço, chegando o mais alto que pode. E pula dali, caindo no chão.– Viu, eu falei que não ia...AAAAAAAAAAAAH— Dá um berro tão alto que quem quase cai do balanço sou eu. Corro até ele e vejo que tinha um pequeno arranhão no seu braço, com um pouquinho de sangue saindo. Era só um machucadinho de nada, mas ele estava chorando como se tivesse quebrado o braço.
— Calma, é só um machucado! Não é o fim do mundo...— digo, ajoelhando do lado dele e o pegando pelos ombros.– Vou te levar pro seu pai, vem...
E o levei até onde os nossos pais estavam sentados, conversando.
— O que foi que aconteceu, filho?– Marcelo perguntou assim que viu o rosto do filho vermelho e inchado pelo choro.
— Ele caiu e...arranhou o braço.– digo, porque ele não ia conseguir falar de tanto que chorava.
— Ah, filho...vem cá. Foi só um arranhãozinho. Já vai passar...— diz e pega Luka no colo, limpando a areia do seu braço e o machucado.— Eu trouxe um band-aid...— E coloca no arranhão, fazendo Luka sorrir. Me sento do lado dele, beijando sua bochecha.
— Minha mãe dizia que...beijinhos ajudavam a sarar o machucado...– digo pra Luka, que sorri, retribuindo meu beijo na sua bochecha.
— É tão fofinha a maneira como você cuida dele...– meu pai diz pra mim, me abraçando.– Eu tenho muito orgulho de você, filho.
— Te amo, papai...– abraço ele.
— Também te amo.— diz.
— Vocês querem sorvete? – Marcelo pergunta.
— Siiim!– Luka e eu respondemos juntos.
— Tá bom, vou ali comprar.– diz e sai de perto de nós três.
Flashback off
Saio do transe de nostalgia e percebo que ainda estávamos no chão, nossas mãos se tocando e nos encarando, como se estivéssemos compartilhando um segredo, algo que só nós dois sabíamos. E talvez seja isso mesmo...
— É...eu tô bem. Obrigado!– diz se levantando é segurando o guardanapo, pedindo licença pra ir ao banheiro lavar o machucado, enquanto me levanto e vou atrás dele.– Não precisa vir atrás de mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lo siento | Lukane
RomanceOscar Cabarra Negrete cresceu com o desejo de vingança contra a família Colucci em seu coração, após seu pai ter passado anos preso por um crime que não cometeu e sua família ter passado diversas dificuldades. Após a morte do pai, Okane, como é con...