4. Babá!?

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OKANE

Não, eu realmente não tinha qualquer interesse quando fui salvar o Luka, além de ajudar uma pessoa que estava sendo sequestrada. Eu fui sincero quando disse que não poderia ficar parado vendo aquela cena acontecer na minha frente, independentemente da pessoa ali ter acabado de ser o motivo da minha demissão e de eu odiar a família dele.

Confesso que, no momento em que ele me abraçou, ofegante e abalado pelo que tinha acabado de acontecer, até cheguei a sentir empatia pela sua dor. Afinal, ele tinha acabado de ter uma experiência de quase morte, com uma arma apontada para sua cabeça.

Só que aí ele voltou a ser o babaca que me fez ser demitido e me perguntei porque fui dar ouvidos àquela vozinha da minha mente que dizia que eu ia me arrepender se não o ajudasse.

Mas quando o Marcelo chegou em mim, agradecendo por salvar o filho dele e pedido pra falar comigo, ali eu soube que estava no lugar certo, na hora certa e nunca agradeci tanto por ter sido eu a salvar o Luka. Marcelo ia querer me recompensar pelo feito, e aí, eu teria livre acesso a ele e a tudo que eventualmente poderia provar a inocência do meu pai.

Depois de dar depoimento à polícia, tratei de ir embora dali. A festa iria recomeçar, mesmo depois do susto logo no início e seria demais pra mim, ficar lá assistindo àquilo. Me distancio do Empório, mas antes, olho para trás uma última vez e percebo que Luka estava me olhando, intrigado, certamente tentando se lembrar se realmente me conhecia de algum lugar.

"A gente se conhece?" Eu...lembro vagamente da época que meu pai trabalhava na empresa. Eu e o Luka tínhamos...um ano de diferença, eu acho, e até chegamos a brincar juntos algumas vezes. Éramos crianças e desenvolvemos uma...amizade. Curiosamente, ele foi meu primeiro amigo quando cheguei aqui e nem parecia o futuro herdeiro de um império. Ainda era só...o Luka, que hoje é...outra pessoa, assim como eu.

Lembrei dessa...fase das nossas vidas assim que ele me fez a pergunta, mas duvidava que ele realmente se lembraria de mim. Eu devo fazer parte das memórias que ele quer esquecer. Quem vai lembrar com carinho do filho do cara que foi condenado por matar o seu avô?

Me concentro em parar de pensar nele enquanto volto pra casa. Assim que entro, ligo para Andi, já que precisava compartilhar com alguém tudo que aconteceu hoje.

— Fala, Vingador.– Andi diz ao atender minha ligação. Depois que ela soube do meu desejo de vingança, ela passou a me chamar assim.

— Tenho novidades...– digo pra ela.– Consegui me aproximar dos Colucci.

— Mentira! Como?

— Lembra daquela festa, que eu ia servir como garçom e que seria no Empório Colucci? Encurtando bastante a história e indo pra parte que interessa, eu salvei o filho do Marcelo de um sequestro.– digo

— Sequestro? Você tá bem?– pergunta preocupada.

— Tô, Andrea. O que importa é que agora eu tô cada vez mais perto deles...

— Vem cá, não foi você que arquitetou esse sequestro não né?

— Claro que não, Andi! Tá maluca?

— Sei lá, você tá tão cego por esse negócio de vingança. Não duvidaria se fosse até as últimas consequências pra conseguir o que quer...

— Assim você até me ofende. Eu não sou nenhum bandido.– asseguro– Meu único objetivo é só provar a inocência do meu pai, só isso. E não vou cometer nenhum crime no caminho, tá legal?

— Tá bom...E como o menino ficou? Imagino que um quase sequestro deixe qualquer um abalado.

— Mal, Andi. Quase achei que ele ia ter uma crise de ansiedade bem ali na minha frente, mas depois ele se acalmou...

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora