OKANE
— O...o que...Como me encontrou?– pergunto, ainda perplexo por vê-lo parado na porta da casa da tia de Andi. Ele veio da Cidade do México até aqui?
— Lembrei...o nome da cidade que o seu pai disse que morava e dirigi até aqui. Então perguntei a algumas pessoas onde era a casa da familia Negrete. Fui lá, mas estava alugada e me disseram que eu te encontraria aqui. Vocês até que são bem conhecidos por aqui.
— E você, não tem assim, nenhuma ideia do porquê a gente é tão conhecido?– pergunto, carregado de sarcasmo.
— Será que eu posso entrar? Acho que temos muito a conversar...
— É mesmo? Porque eu acho que a gente não tem nada pra falar não...— digo ainda segurando a porta.
— Nem sobre...o meu filho? – pergunta sorrindo e meu semblante muda totalmente.— Eu sei que sente falta dele e, se me deixar entrar, eu posso te ajudar a...se reaproximar dele.
Resolvo ceder e abro a porta pra ele passar e Marcelo entra.
— Olha, só posso te oferecer água.– digo acenando pra que ele se sente no sofá.
— Estou bem, obrigado.– diz e me sento na cadeira, à frente dele.
— Tá legal, por que você veio pra cá, depois de ter me dito que não queria mais que eu me aproximasse de você e nem da sua família?
— Por causa do Luka. E de você. E de mim. E do seu pai também.
— E o que o meu pai tem a ver com isso? O que você tem a ver com a minha história com o Luka?
— Já que perguntou, eu trouxe isso aqui...acho que você vai querer ver.— diz e me entrega a caixa. Ela era pequena e estreita, mas, quando a abro, me deparo com várias fotos. Polaroids do meu pai, do Marcelo, deles dois juntos, deles se beijando?...
— O que é isso?– pergunto — Você não...Vocês dois...o que?
— É isso que você está vendo, Oscar. Seu pai e eu éramos apaixonados um pelo outro. Desde a época da faculdade.
— Não, isso não pode ser. Ele teria me contado! Meu pai teria me dito se...se tivesse se relacionado com você!
— Então ele não me odiou pelos últimos quinze anos? Não acreditou que eu tivesse matado meu próprio pai?— pergunta e me calo.– Foi o que eu pensei. Você pode não acreditar, mas seu pai e eu compartilhamos um amor genuíno, por todos esses anos. Quer dizer, eu compartilhei. Ele pode ter morrido me odiando, mas eu não deixei de amá-lo um só segundo nesses quinze anos. Essa caixa de fotos fica guardada no meu escritório, numa das gavetas...
— Aquela gaveta que vive fechada?– deixo escapar.
— Como você sabe?
— Bom...— começo um pouco envergonhado.— Eu posso ter invadido seu escritório pra procurar provas que você matou o Alessio, mas nunca consegui nem sequer abrir. Então era isso que você guardava lá?
— Sim...
— Essa história toda de você e do meu pai é confusa demais, mas eu acho que responde um dos principais quebra cabeças do processo dele.
— O bilhete...— Marcelo diz.– Eu não enviei nada pra ele, mas ele jurava que tinha recebido, por isso me culpou.
— O Luka sabe?
— Ele soube no dia que você foi embora. No dia do aniversário dele...
— E como ele reagiu?
— Considerando o fato de que tinha acabado de ser bombardeado com mil informações, até que bem...
— E como ele tá?
— Triste. Ele ama você. Desde pequeno, na verdade. Vocês só viviam grudados. Ele sofreu muito quando sua avó te levou embora. Ele sente sua falta e tá sofrendo demais por ficar longe. Mas não que ele vá admitir isso. Sabe como é, ele é um Colucci.— Marcelo diz e começo a rir.– E por isso que eu vim. Vocês dois se amam, tanto quanto eu amei o seu pai. Eu não consegui fazer nada pela minha história com ele, mas se você deixar, se me permitir, posso ajudar você e o meu filho a serem felizes. Porque...ele só vai ser feliz quando tiver você de novo.
— Você me dá a sua palavra que não foi mesmo você que matou o Alessio?
— Sim. Eu não matei meu pai, nem coloquei a culpa no seu. Eu jamais faria isso e, agora você sabe porque...
— Então eu aceito a sua ajuda. Tudo que eu mais quero nessa vida é voltar a ficar com o seu filho...– digo.
— Então, eis o plano...— E me explica tudo o que estava pensando pra me unir com o Luka novamente.
— E você tem certeza que isso vai dar certo?
— Tenho!– diz e sorri.
— Obrigado. E...me desculpa, mesmo, por te acusar.
— Tudo bem. Você só...foi atrás de algo que acreditou a sua vida inteira. Eu, sinceramente não sei o que faria no seu lugar...– ele diz– Eu posso...te pedir mais um favor?
— Pode...
— Me leva até o túmulo do seu pai? – pede e, depois de tudo que eu soube hoje, não teria como negar.
— Claro...— digo, mandando mensagem pra Andi, avisando que iria sair de casa e saio com o Marcelo, indo até o cemitério da cidade.
Ele estaciona o carro e saímos, andando entre as lápides até onde meu pai estava enterrado. Ele se ajoelha em frente ao concreto, que tinha uma foto do meu pai, sua data de nascimento e de falecimento, e as palavras gravadas na lápide. Vejo o momento que o Marcelo começa a chorar.
— Não vai adiantar nada agora, eu sei...mas eu sinto...muito! Eu devia ter acreditado em você, não devia ter te dado as costas, nem te deixado. Meu maior arrependimento nunca foi ter te conhecido, mas sim ter te deixado ir naquele dia...
Então me lembro de uma coisa. Do último desejo do meu pai, das palavras que ele usou: "Apesar de tudo eu fui feliz. Amei, fui amado. Fui quebrado também..."
Ele estava falando do Marcelo! Porque no fim, ele também nunca o esqueceu e o amou até seu último suspiro.
— Ele não morreu te odiando...— digo me ajoelhando ao lado dele.— Na verdade, ele te perdoou. Ele também pensou em você esse tempo todo. Do jeito dele, mas pensou...
— Obrigado. Você não sabe o quanto saber disso é importante pra mim. E eu prometo a você que vou te ajudar a voltar com o meu filho. E, se você quiser, também me coloco a disposição pra ajudar a provar a inocência do Jaime.
— Tenho certeza que ele ficaria muito feliz por te ver fazendo isso...— digo e, mais uma vez, abraço ele, selando de vez a paz entre nós.
E outra coisa revelada: o que o Marcelo guardava na gaveta não eram as provas da morte do pai. Eram as lembranças dele e do Jaime.
Pensando em escrever um capítulo bônus deles, mas só pensando mesmo...
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Lo siento | Lukane
RomanceOscar Cabarra Negrete cresceu com o desejo de vingança contra a família Colucci em seu coração, após seu pai ter passado anos preso por um crime que não cometeu e sua família ter passado diversas dificuldades. Após a morte do pai, Okane, como é con...