16. Vôo

218 22 8
                                    

LUKA

— Não, peraí, o cara já te deu dois foras, deixou bem claro que não quer nada contigo e mesmo assim você vai continuar insistindo?— Emília pergunta da chamada que fiz pra ela, enquanto arrumo minha mala, pra viajar amanhã. Liguei pra ela e não pra Jana porque sabia que, apesar da sinceridade e objetividade, ela não ia jogar na minha cara que avisou que isso ia acontecer e me encher de ideias mirabolantes. Emília seria um pouco mais pé no chão.– Eu posso te falar o quanto isso é tóxico e problemático?

— Pode, mas eu não vou te ouvir.– digo com um sorriso enquanto dobro uma camisa e enfio na mala.– Você acha mesmo que eu insistiria tanto se não achasse minimamente que ele sente o mesmo? Logo eu?

— Tá, você tem um ponto. Mas, você já considerou que, se ele ainda não cedeu, talvez seja porque ele não...quer uma relação?

— Já, Emília. Só que o problema é justamente o contrário. Ele acha que quem não quer uma relação sou eu. E prefere nem começar a se magoar. So que o problema é que eu não consigo parar de pensar nele!

— Own, que bonitinho. Você tá apaixonado!

— Não sei se apaixonado é a palavra mas...eu sei que não é só desejo, Emília! Se fosse...teria passado ontem. Além do mais, eu sinto que...eu conheço ele há muito mais tempo. Eu não sei o que fazer!

— Aproveita a viagem, ué. Se aproxima dele. Se você tem certeza que o sentimento é recíproco e que ele vai ceder alguma hora, usa isso ao seu favor.

— E como eu faço isso?

— Sei lá, vocês vão passar três horas dentro do avião amanhã pra ir até Cancun, vão ficar no mesmo hotel. Dá um jeito de arrumar um quarto só pra vocês dois. Com uma cama só. E parte pro abraço.

— Ele não vai ter a menor chance...— digo sorrindo.— Valeu, Emília. Juro que se gostasse de mulher, te beijaria!

— Eca. – ela diz – Mas sério, Luka. Caso não dê certo, para de insistir. Você é intenso...nem todo mundo é igual a você. Cuidado pra não se jogar demais e acabar quebrando a cara, tá?

— Tá bom, Emília. Se eu levar mais um fora, eu paro de insistir.— digo.

— Tá bom, Lu. Tenho que ir. Boa viagem!

— Valeu!– digo e desligo a chamada, arrumando a mala e fechando ela, colocando ao lado da minha cama e fechando os olhos, repassando tudo que aconteceu hoje e ontem.

Os beijos, o toque, as carícias, a maneira como ele me dominou só com essas três coisas e como eu só consegui desejar que ele tivesse terminado o serviço, ali mesmo no sofá do escritório do meu pai, mais do que a raiva que senti por ele não ter feito isso.

E teve hoje de manhã...Ele se derreteu todo com meu toque. E eu tenho certeza que a gente teria se beijado se meu celular não tivesse tocado bem na hora.

Mas enfim, amanhã eu colocaria meu plano de fazer ele ceder de vez em prática. E ele daria certo. Porque se não desse, eu juro que mudaria de nome!

Na manhã seguinte, acordei cedo pra poder me arrumar e já estava praticamente pronto quando escutei batidas na porta.

— Entra!— digo e Okane passa a cabeça pela porta.

— Eu...vim ver se você já tá pronto. A gente tem que ir pro aeroporto.

— Ah, tá bom. Tô indo já!— digo e ele assente.

— Eu vou...descendo com a sua mala então.

— Não, precisa. Deixa que eu...— E me direciono pra pegar a mala, na mesma hora que ele. E nossas mãos acabam se tocando. Nossos olhares se encontram e ficamos parados, olhando um pro outro.

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora