9. Compras

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OKANE

No dia seguinte, acordei cedo e me arrumei pra trabalhar, colocando o uniforme e descendo pra tomar café na cozinha, onde a mesa já estava posta. Verifiquei meu celular e soltei um suspiro de alívio quando vi que Andi mandou os documentos com os nomes falsos que eu pedi. Só esperava que eles passassem.

Estava terminando quando Luka chegou por lá.

— Anda logo. Meu pai disse que temos que passar no Empório e eu tenho um compromisso às 9.– diz, nada educado.

— Bom dia, Luka. Eu dormi bem, obrigado por perguntar...— resmungo, com a comida na boca. Ele faz uma careta pra minha frase.– Já tomou café? Tá muito bom!— falo de boca cheia

— Eu realmente não tô nem aí pra sua noite de sono...– diz, chegando mais perto e tira o pedaço de pão da minha mão, colocando na boca em seguida. Era o último pedaço— E pronto, você já terminou seu café. Agora anda!

— Credo! Que mau humor, eu hein...— digo me levantando da cadeira da cozinha e o seguindo pra fora.

— Você também estaria se tivesse que servir de motorista de marmanjo!– diz entrando no carro e entro no banco do motorista. Luka dá partida no carro e sai da casa, entrando na avenida. – E mais uma coisa: você não falou pra ninguém o que viu ontem, né? Lá no bosque...

— Não, não falei. Entendi que era algo...pessoal seu.– respondo e não me seguro ao perguntar: – O que é...aquele lugar?

— Algo que com certeza não é da sua conta...– retruca.

— Você não acha que eu deveria saber? É o mínimo depois de ter guardado o segredo...

— Você não tinha nada que ter me seguido, pra começo de conversa! O mínimo é você esquecer que me viu ali e não me seguir mais. Eu não devo satisfação da minha vida pra você. Pare de achar isso só porque é a porra do meu segurança!

— Tá bom, tá legal...— digo me dando por vencido.– É so que eu...fiquei curioso, mas se não quiser falar, não precisa dizer nada.

— É só...uma lembrança de um tempo que eu era feliz, mas que não volta mais...E mesmo sabendo disso eu insisto em me prender às memórias. Satisfeito? Olha só, a gente já tá chegando no Empório...– diz mudando de assunto e percebo que era verdade, já que estamos entrando na rua do estabelecimento.– Você vai falar com o Gus e eu vou ficar te esperando...

– Não vai me dar um perdido de novo?– pergunto rindo e ele faz uma careta, negando.

— Não tenho mais o elemento surpresa ao meu favor...– dá de ombros e saio do carro, entrando no Empório e indo até a sala do Gus. Antes, peço que imprimam os documentos que, pra todos os efeitos, são cópias dos originais

Me lembro vagamente dele, quando meu pai trabalhava aqui. Gus é o advogado do Conglomerado Colucci e administra a parte jurídica do lugar desde que o Alessio era presidente. Me lembro que ele sempre me deu medo quando era pequeno e não acredito que tenha mudado muito agora.

Bato à porta da sala e entro.

— Olá, Oscar. Seja bem vindo. Só preciso dos seus documentos, pra redigir o contrato e você assinar, tudo bem?– pergunta.

— Claro. Trouxe as cópias aqui...— E entrego a ele os documentos, que olha enquanto digita no computador e depois olha pra mim, me observando com mais atenção e engulo levemente em seco, com medo dele perceber alguma coisa.

— Eu...conheço você?– pergunta.– Digo, de algum outro lugar? Seu rosto...não me é estranho...

— Creio que não, senhor...— digo.

Lo siento | LukaneOnde histórias criam vida. Descubra agora