Martin pareceu estar desfocado no trabalho, a todo o momento se frustrava com expectativas altas de Bryan. Engoliu todo o seu ódio.
Martin parecia se distanciar de todos, em exclusivo de Bryan, e isso fez Taylor duvidar do que havia com ele. Ela sabia, tinha a ver com o tal do Ethan, e algo com Bryan, seu melhor amigo.
Bem, ele já havia confessado a Taylor que eles não eram só amigos, mas quase irmãos, já que eles se conheciam desde pequenos, e viveram quase três décadas juntos, lado a lado.
O expediente do quarteto se acabou. E Martin se via na frente dos três com um sorriso falso, ouvindo conversas paralelas. Ele esperava pelo momento que um dissesse que precisava ir, assim poderia escapar, voltar para casa, e se afogar sem a presença de ninguém, e em especifico longe de Bryan.
— Já vamos né? Hoje é sexta, e eu tenho que estar amanhã na minha mãe — Disse Taylor certa de que Martin queria ir embora ao ver seus olhinhos brilharem. Ele estendeu um sorriso, parecia mais contente do que uma criança que acabou de ganhar um pirulito. E dependendo do pirulito... talvez ele realmente estivesse desejando algum.
— Eh, eu também preciso ir
— Não... vamos a uma boate, venham com a gente... — Bryan rogou manhoso.
— Eu já falei, não posso. Mas o Martin não tem justificativa... — A morena sorriu travessa.
Martin a fuzilou. Ele queria a matar naquele momento, e provavelmente iria.
— Cala a boca! — Ele resmungou tão baixinho que foi inaudível a todos, mas Taylor era boa em leitura labial, e entendeu rapidamente.
— Ah, verdade, ele tem um encontro com uma garota hoje — Riu e passou o braço por trás do pescoço do loiro.
Martin fechou os olhos, murmurando baixinho por piedade.
Taylor viu as sobrancelhas de Bryan erguerem, em descontentamento.
— Ah, então deixa — Disse Sophia decepcionada.
— Que garota? — Disse de certa forma interessado.
— Eh... — Taylor fitou Martin, o loiro deu de ombros. Ela entendera que Martin havia passado a palavra pra ela.
— Barbara — Inventou, sorrira nervosa.
— Isso, ela mesmo — Sorriu para Bryan, vera o mesmo fervendo irado.
— É isso... e-eu vou indo... — Pousou a mão sobre o celular no bolso, empurrou Taylor para longe e chamou o uber. Por mais alguns minutos ouviu os diálogos.
— Merda! — Murmurou.
— Que foi? Se machucou? — Bryan correu até o loiro.
— Que? — Franziu as sobrancelhas.
— Então o que foi? — Deslizou sua mão sobre o braço livre do loiro.
Martin bateu na mão do loiro.
— Esse uber de merda 'tá querendo compartilhar! — Revirou os olhos e procurou o uber.
— Ué, então nega — Viajou com seus olhos sobre toda a extensão do local, vendo que Taylor e Sophia os fitavam, chocadas.
— Não....não enche! — Gaguejou ao ver o seu carro.
Ele sorriu e caminho até o carro. O motorista abaixou o vidro.
— Martin e Ethan?
Martin virou o rosto e viu Ethan, o homem em que Sophia havia mostrado, ao seu lado.
— Isso... — Murmurou baixinho. Suas palavras sumiram de seus lábios. Qual era a possibilidade disso acontecer? E por que ele?
Ambos entraram. Martin fez questão de se afastar ao máximo do moreno. Percebera que Ethan se sentira mal no modo como ele se distanciou, então preferiu se distanciar também.
Em uma fração de segundos, Martin já havia revivido dezenas de vezes seu conflito com Bryan. Ele se perguntara o porquê de fazer isso. Qual era seu problema?
Ele achava que alguém iria cair na ideia de que ele só não queria que seu amigo não fosse homossexual? Mas afinal, o que passou na cabeça dele naquele momento? Bem, nem ele sabia.
Martin lembrava-se de sua tela embaçada, como se algo ou alguém o controlasse.
Não havia um motivo lógico em sua cabeça para o xingar e dizer o que foi dito.
— Você é amigo da Sophia, certo? — Ethan tentou iniciar uma conversa pacífica.
Martin grunhiu, pensativo se o respondia — Sim, sou — Sua fala terminou com um chiado.
Ethan ergueu as sobrancelhas — Martin? — Estendeu a mão para um aperto.
Martin o ignorou, virando o rosto para a janela.
— Errei?
— Não
— Então... por que está irritado? — Ethan perguntou baixinho, em uma forma de não parecer estúpido e insensível.
— N-não — Forçou-se a fitar os olhos do moreno. Viu a mão do moreno estendida e a agarrou bruscamente. Sua boca ergueu no sorriso mais falso que ele fez em toda a sua vida. Soltou a mão do moreno e fitou o motorista.
Seus pensamentos voaram pra outro mundo, ele se questionava do quanto havia tido um preconceito com o moreno, simplesmente por um perfil no Instagram. Ele era extremamente fofo e gentil na vida real. Suas bochechas eram avermelhadas como a de um bebê. Ele era extremamente claro, quase como uma folha, e isso fazia Martin sentir agonia. Não que ele não tivesse pele clara, até porque Bryan já debochou dele quando mais novos, o dando o apelido de "A4", e ele seguiu até os dias de hoje.
Além disso, o homem era bonito. Muito bonito. Ele até poderia não ser bissexual, mas assumia que ele era alguém bem bonito, digno de um prêmio Nobel. E além disso, se vestia muito bem, e o porte físico dele era impecável. Seus olhos eram esverdeados e pequenos, seus cabelos escuros lisos, e seus lábios eram grossos e avermelhados.
Talvez Bryan estivesse certo de dizer que ficaria com ele. Martin se tornaria passivo na hora, se Ethan o ordenasse. Não que Martin pensasse como seria, o que ele sentiria, mas igualmente, diria sim.
Mas era óbvio que se ele poderia fazer isso, Bryan também, e Martin não deixaria, nem que passasse por cima de seu cadáver! Ele jamais deixaria seu melhor amigo em condições tão doentes. Jamais ele seria objeto de alguém, nem que Martin retirasse sua própria vida, ele não deixaria, nunca, nem em qualquer circunstância!
— Ontem eu o Bryan transamos, e ele disse seu nome ao invés do meu — Disse Ethan com um sorriso sobre o rosto.
— O que? — Martin gritou assustado, dispensando seus pensamentos perturbadores.
— Você é amigo do Bryan? Eu soube que eram quase como irmãos — Ethan repetiu de forma mais alta.
Martin sorriu aliviado.
— Não, namoramos
— Sério? — Ethan alarmou um sorriso.
— Não! Obvio que não! — Respondeu, ríspido.
— Ah, eu achava que vocês combinavam — O sorriso de Ethan desapareceu.
— Eu tenho cara de gay?
Ethan balançou a cabeça em negação.
— Então
— Me desculpa — Virou seu rosto e se calou, constrangido e com as bochechas queimando de tanta vergonha.
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Talvez, o Amor seja Real
RomanceMadison vive uma adolescência um tanto quanto conturbada em Nova York, no entanto, ao conhecer o "bad boy" de sua escola, Matthew, o cara famoso por dormir com todas as garotas a onde ela estudava, as coisas vão mudar...