Twentieth

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Narradora Point Of View

Ele alcançou a recepção, os olhos azuis atentos a cada movimento. Usava o jaleco branco por cima da calça social e camisa azul escura, as mãos dentro dos bolsos do jaleco. Estava exausto, os pontos negros ao redor dos olhos denunciavam as horas que passou em claro, cuidando de pacientes e mais pacientes. Não era um homem de muitas amizades, não tinha nenhum relacionamento sério, então não se importava de trocar sua vida social pelo trabalho. Criticava tanto Anahí, e meia volta estava fazendo exatamente o mesmo.

_ Você está um lixo.- Rebekah, uma senhora de cinquenta anos que trabalhava no Mount Sinai desde os trinta anos, falou assim que o viu se aproximar do balcão.

_ Você já foi mais legal, amor.- Falou, os olhos divertidos. Ele e Bekah, como era carinhosamente chamada por todos, e apesar da diferença de idade, tinham aquela coisa de só se tratarem por amor ou então carinho. Era algo que arrancava boas risadas dos dois, e nem mesmo Josh, o marido dela, se importava com aquilo.

_ Não foi para casa ainda por quê?.- Perguntou, checando o relógio. Eram 9h da manhã, e o turno dele terminara ás 6h.

_ Tinha um paciente em estado crítico e eu precisava monitora-lo pessoalmente, e ainda tem aquele outro paciente que preciso dar alta.- Ian respondeu em meio a um bocejo longo.

_ Qual pacie.... Oh! Aquele garotinho das covinhas bonitas?.- Ele assentiu, sorrindo abertamente. Rebekah simplesmente se encantara pelo menino e meia volta e outra estava no quarto dele contando meio milhão de histórias e brincando.- Ele já recebeu alta ontem.- Contou.

_ Eu não autorizei nada.- Falou, a testa franzida.

_ A fisioterapeuta deu.- Contou, a expressão tranquila.

_ A fisioterapeuta?

_ A doutora Dobrev, seu bocó.- Respondeu um tanto irritada. Era o tipo de pessoa que perdia a paciência por muito pouco.- Ah, olha ela ali!.- Disse, apontando algo atrás dele.

Embora seu subconsciente lhe dissesse para ficar exatamente ali e não se dar o luxo de olhá-la, seu coração pulsava e implorava para que fizesse exatamente o contrário. Seus pés se moveram, e então estava de costas para Rebekah que observava atentamente. Ele a viu. Cabelos negros e lisos caindo em cascata pelos ombros e costas, e um sorriso enorme nos lábios. Ela conversava fervorosamente com uma das enfermeiras que andava rapidamente ao seu lado, então vez outra gesticulava ou colocava os fios do cabelo atrás da orelha. Usava calça jeans em tons claros, e uma blusa de mangas com um pequeno decote na parte frontal de cor branca. Na mão esquerda carregava uma pequena bolsa e nos pés saltos médios.

_ Jesus!.- Ele sussurrou, atordoado por tamanha perfeição. Desde que ela voltara para o hospital, aquela era a primeira vez que ele a via. Era tudo sempre tão corrido que mal teve tempo para almoçar durante aqueles dias, e em determinados momentos teve a leve impressão de que ela estava fugindo de si fervorosamente. Raramente se esbarravam, e quando acontecia, ela desviava o caminho ou fingia não vê-lo.

Mas, naquele dia em especial, o destino pareceu realmente estar a favor dele. Ela precisava marcar a presença e receber o passe antes de iniciar qualquer actividade, e a pessoa responsável por entregar os passes era exatamente Rebekah. Nina estava concentrada nas palavras de Lauren que mal percebeu que alguém a observava. Alcançou o balcão alguns segundos depois, e foi então que o viu, o corpo apoiado no balcão enquanto a fitava descaradamente, os olhos azuis divertidos.

_ Como vai, Ian?.- Lauren cumprimentou o ortopedista que sorriu abertamente e acenou com a cabeça.- Querida Bekah, meu crachá de acesso ao submundo por favor.- Pediu com sua alegria e bom humor característico. A mais velha riu e entregou à ela o objecto.- Você vem?.- Encarou Nina que parecia ter levado uma pancada na cabeça.

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