Twenty-Sixth

297 16 8
                                    

Olaaaaaa meus bebês!

Feliz ano novo para vocês! Que tenhamos todos um ano próspero e cheio de coisas boas.

Eu voltei depois de uma década com um capítulo absolutamente necessário, e espero que vocês gostem.

Boa leitura, perdoem os erros que eu tentarei concertar em algum momento e nos vemos no próximo.

....

Narradora Point Of View

Seus pés se moveram, o bico do salto colidindo contra o piso frio e fazendo um barulho irritante. Usava vermelho, um vestido de mangas longas justo até um palmo acima dos joelhos, e um sobretudo negro sobre os ombros. No rosto uma maquiagem pesada, a boca pintada de vermelho e óculos escuros sobre os olhos. Sua expressão era séria, mas seu coração pulsava para a vida de um jeito nunca antes visto ou sentido.

Fez a curva, alcançando uma sala climatizada. O espaço era enorme, com lustres de luxo, o piso de madeira perfeitamente higienizado, com sofás e diversas poltronas. Parecia muito para alguém como ele. Respirou fundo e atravessou finalmente a porta, atraindo o olhar de quem estava por perto. Havia em média umas cinquenta pessoas naquele lugar, todas vestidas de preto. Algumas choravam em silêncio, outras conversavam em voz baixa e a maior parte agia como se não estivessem em um velório. A família Pattinson estava lá, vestida de preto e expressões inconsoláveis. Não saberia dizer qual fora a causa da morte, apenas soube através das autoridades, que Robert fora encontrado morto dentro do próprio apartamento. Provavelmente vitima de um infarto fulminante.

Mas ela não se importava, muito pelo contrário.

Ela se aproximou, ignorando os cochichos, e franziu o cenho ao ver o caixão aberto. Seus olhos se fixaram na figura pálida do que um dia fora Robert. Usava um terno branco, os cabelos penteados para trás e seu relógio de ouro no pulso esquerdo, como se no inferno aquilo fosse servir para alguma coisa. Estava coberto de flores, as mãos dobradas no colo, parecia estar em um sono profundo. Nina o encarou por um longo tempo, seus olhos de águia fixos em cada pequeno detalhe em uma tentativa de eternizar aquele momento. E ali, olhando para o corpo sem vida, ela lembrou de cada tapa, cada ofensa, murro, chute... Lembrou de todas as lágrimas que derramou, do quanto implorou para que ele a deixasse em paz. Lembrou principalmente, de todas ás vezes que Robert se referiu a ela como uma prostituta apenas por usar um vestido mais colado, ou quem sabe uma saia não tão discreta.

E então... Como o dia dando lugar a noite, ela sorriu. Um riso de pura satisfação e alívio. Aquele era o seu passaporte para a liberdade, e não poderia mesmo estar mais feliz. Ela se inclinou, as duas mãos apoiadas na lateral do caixão, e se permitiu mesmo curtir aquele momento.

_ Faça boa viagem.- Desejou em um sussurro, e logo estava com a postura ereta. Vira o que precisava ser visto, e não tinha muito mais o que fazer naquele lugar.

_ Como você tem coragem de aparecer aqui, e vestida desse jeito?.- Uma voz grossa e fria chamou a atenção dela, que virou o corpo muito lentamente, até enxergar o rosto envelhecido e cabelos brancos.- Era seu marido.- Lembrou, como se ela não soubesse.

_ Graças a Deus o verbo está no passado, senhor Pattinson.- Respondeu, o tom de voz seco. Nunca tivera uma relação agradável com os pais de Robert, e aquilo só piorou no momento em que os abusos começaram e os mesmos terem ousado lhe dizer que problemas como aqueles existiam para apimentar as relações.- Faça bom proveito.- Murmurou, e com um último olhar no falecido, ela caminhou para fora daquele lugar. Certa de que os próximos dias seriam melhores.

Estava livre.

Uma semana depois...

Ele despertou com o som do despertador. Abriu os olhos verdes, sonolento, e não tardou em deixar a enorme cama. Lá fora felizmente já não chovia por um milagre, mas fazia um friozinho gostoso que o fez se encolher brevemente. Seguiu para o banheiro depois de vários segundos apenas observando o nada, onde fez todo o seu ritual de higiene. Quando saiu, vestiu apenas um conjunto moleton na cor cinza, e depois de calçar as suas chinelas, deixou o quarto e se dirigiu para um outro no final do corredor. A porta estava entreaberta porque a dona daquele cômodo não gostava de dormir com a mesma completamente fechada. Dizia ela que se sentia sufocada.

DoctorsOnde histórias criam vida. Descubra agora