Twenty-Seventh

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Narradora Point Of View

_ Como ela está?.- Perguntou, parando ao lado da cama. Seus olhos se fixaram na figura de Normani que dormia encolhida entre as cobertas, o rosto inchado demonstrando o quanto chorou.

_ Chegou um ponto em que tivemos que aplicar nela um sedativo.- Pablo respondeu em meio a um suspiro.- E você, doutora?

_ Nada que eu não consiga lidar.- Respondeu sem emoção nenhuma na voz. Estava literalmente quebrada.

_ Precisa saber que não teve culpa do que aconteceu.- Disse, o olhar sobre ela que mantinha os olhos em Normani. Anahí nunca fora uma pessoa faladeira com ele, mas ainda assim conseguia ser uma profissional de excelência, como muitos não conseguiam ser, e por isso a admirava e respeitava acima de qualquer coisa.- Foi uma fatalidade e poderia acontecer com qualquer médico e...

_ Sabe de uma coisa?.- Ergueu o rosto, vendo-o parado na sua frente.- O mundo seria um lugar bem melhor se todos tivessem um coração igual ao seu.- Apontou, o semblante fechado.- Normani tem muita sorte de ter um homem como você ao lado dela.- Sorriu fraco, e antes que algo mais fosse dito deixou o quarto.

Pablo franziu o cenho, confuso sobre o que ela quis dizer com aquilo, mas deu de ombros, voltando a se focar no rosto sereno da sua colega.

Ela caminhou a esmo pelo corredor, os olhos fixos em nenhum ponto em específico. O corpo de Alice já havia sido liberado, e não tinha muito mais o que fazer ali. Seu corpo tremia, e sua cabeça latejava como se ainda pudesse ouvir os gritos de Alana ao chorar pela morte da filha. Perder alguém nunca era um processo fácil. A dor do luto dilacerava os corações dos que ficavam, roubava a paz e levava consigo tudo de bom que um dia pudera ter existido. Ficavam apenas as lembranças, mas nem essas serviam para amenizar o sofrimento, muito pelo contrário.

_ Doutora Portilla?.- A voz angelical fez-lhe frear os passos e erguer o rosto no mesmo segundo. Camila estava parada na frente dela, os cabelos negros escondidos dentro da touca branca e as duas mãos dentro do bolso do jaleco branco.- E-eu... Estava procurando pela senhora.- Murmurou, fitando o chão.

_ Aconteceu alguma coisa?.- Anahí perguntou em alerta. Aquele dia estava tão fodido que se acontecesse mais alguma coisa para lhe roubar o resto de vida que tinha, certamente não lhe surpreenderia.

_ Não, senhora.- A morena negou com a cabeça.- O James pediu para avisá-la que tem alguém lhe esperando na garagem e que aparentemente é urgente.- Explicou rapidamente.

_ Esse alguém não possui um nome?.- A enfermeira abaixou a cabeça sem saber o que dizer, fazendo Anahí revirar os olhos.- Tudo bem. Diga ao James que eu venho assim que me livrar dessa roupa.- Orientou, a expressão indecifrável. Camila assentiu, e fez a volta, caminhando para longe dali.- Era só o que me faltava.- Resmungou enquanto caminhava em direção a própria sala.

Quando Anahí chegou na garagem, ainda estava repassando os acontecimentos daquele dia em sua cabeça. Era quase como se pudesse ver um filme bem diante dos seus olhos apesar de não estar ali quando toda a merda aconteceu. Respirou fundo, olhando ao redor e se perguntando onde diabos estava a pessoa que Camila se referiu minutos antes. Tinha a bolsa presa nos ombros, a chave do carro e o celular na mão, quando o viu: Alto, cabelos de um castanho claro, olhos de um azul claro e porte atlético. Usava um terno preto, sapatos da mesma cor e caminhava na direção dela com as duas mãos dentro do bolso da calça social. O sorriso que ele ofereceu quando chegou perto, a fez se encolher brevemente e não saberia dizer o porquê.

_ Achei mesmo que fosse me dar um bolo.- Disse, parando na frente dela que franziu a testa.

_ Você é?.- Perguntou, enfiando o celular e as chaves do carro na bolsa. Ele sorriu.

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