Thirty-Third

395 10 3
                                    

Narradora Point Of View

_ Veja bem, nós já conversamos inúmeras vezes sobre isso, ao longo desses anos mas parece que nada do que eu disser vai fazer você mudar de ideias.- Ela esperou, o olhar acuado.- Rosalie ainda é uma criança, então vai poder contornar essa situação durante mais algum tempo. Mas, o que fará quando ela crescer e querer saber de onde veio? Vai mentir? Vai olhar bem nos olhos dela e dizer que não sabe quem é o pai?

_ Anne, é a minha vida!.- Ela murmurou em voz baixa. Tivera uma noite de merda, recheada de pesadelos e simplesmente não conseguia raciocinar e nem estava pronta para lidar com a psicóloga naquele horário. Na verdade não estava pronta nunca.- Você não tem o direito de chegar aqui e agir como se soubesse tudo pelo que passei.

_ E eu não sei?.- Anne ergueu as sobrancelhas, e sorriu fracamente.- Posso não ter sentido na pele a sua dor Anahí, mas antes de ser sua médica eu sou sua amiga e acompanhei cada passo até chegarmos aqui. Você sabia que não seria capaz de lidar com tudo isso se não tivesse nenhum acompanhamento, então me procurou. Trabalhamos juntas, dia após dia até você se sentir segura para sair na rua e viver de alguma maneira, e ao contrário do que você pensa agora, não estou querendo obrigar você a fazer absolutamente nada.- Anahí olhou o chão.- Quero apenas que perceba que não dá para fugir disso por uma vida inteira. Em algum momento será obrigada a tornar tudo isso público, e eu me questiono se quando isso acontecer você saberá lidar sem colapsar novamente.

_ Pensarei nisso quando for o momento oportuno.- Resumiu, sem paciência.- Podemos por favor ficar por aqui?.- Perguntou em um fio de voz, e Anne apenas concordou. Conhecia Anahí o suficiente para perceber que daquela conversa não teriam muitos avanços.

A conversa foi encerrada minutos depois, e ela apenas fechou o computador e abraçou o próprio corpo, os olhos fixos na vista lá fora. Era manhã de sábado, e por tanto não trabalharia. Seus finais de semana eram sempre os mesmos: Emma não aparecia, então ela mesma cuidava da casa e das refeições, não que nos dias úteis não o fizesse, e se dedicava unicamente em mimar e cuidar da filha. Passavam um tempo bom juntas, comendo besteira, desenhando, vendo desenhos e conversando sobre trivialidades.

Se pintam as nuvens de branco

E o sol volta a sorrir

Só contigo o tempo cobrou o sentido e

hoje você está aqui comigo

Sei bem que a minha vida nasceu contigo

_ Olha só se não temos uma preguiçosa aqui.- Murmurou, o olhar suave sobre a pequena que relutava em sair da cama.

_ Estou com sono, mamã.- Murmurou, a voz era a penas um sussurro.- Posso ficar só mais cinco minutinhos?

_ Cinco minutinhos?.- Anahí a encarou com  atesta franzida, e riu ao receber um joinha todo embolado.- Então eu vou me juntar a você, posso?.- Perguntou, e Rosalie assentiu com a cabeça. Anahí livrou-se das chinelas e deitou na cama de frente para a filha.  A cama era pequena para as duas, verdade seja dita, mas não importava. Rose arrastou o corpo pequeno até estar encolhida entre os braços da mais velha, e ficou por lá, os olhinhos fechados enquanto recebia carinho no cabelo.- O que acha de assistirmos o Rei Leão depois do café?.

_ Vou poder ver a Nala?.- Perguntou, a voz abafada porque tinha o rosto escondido na curva do pescoço da mais velha.

_ Vai sim.- Confirmou, o olhar apaixonado sobre a pequena, que sorriu exibindo as covinhas profundas nos dois lados do rosto.

Contigo as horas passam depressa

Seus olhos me enchem de encanto e a lua brilha por você

DoctorsOnde histórias criam vida. Descubra agora