A Besta Marinha - LUCEMOND

capítulo 29- Te odeio tanto

Lucerys

Encarava o mar através da sacada, o vento da madrugada era fresco, o silêncio tornava tudo ainda mais belo e solitário, assim como as lágrimas que caíam de maneira abundante em meu rosto, enquanto eu fingia não sentir o meu peito apertado doer, como se alguém estivesse esfaqueando meu coração.
Eu não conseguia pregar os olhos e mesmo quando cochilava, acordava chorando ao lembrar dos pesadelos, às vezes eram com os guardas que me machucaram, outras vezes era Aemond que me machucava com palavras, rindo de mim.

"Não tem como eu amar um bastardo"

— Você é um idiota — resmunguei para mim mesmo ao secar as lágrimas de maneira ásperas do meu rosto, não me importando em ser cuidadoso comigo mesmo. Eu só sentia dor. — Como será um lorde de Dritfmark?!

Eu nem me reconhecia mais, na verdade, eu mal comia e dormia durante esses dias. Uma semana  que eu o tinha visto pela última vez, o abracei pela última vez, o beijei pela última vez.
Pensando bem, ele estava tão estranho que era tolo da minha parte fingir que estava tudo bem.

No fim, resultou no que aconteceu e isso tudo por conta de um trono usurpado.

Valeu a pena, Aemond?
Espero que tenha sido bom para você e que você esteja gostando da maneira destruída que você me deixou.

Quando amanheceu, eu não tinha dormido, havia passado mal no meio do curto cochilo rotineiro, acordando para vomitar o que mal tinha no estômago, isso também explicava porque eu mal comia ultimamente, já que uma doença estava me acometendo e eu não poderia chamar um meistre, estávamos no meio de uma guerra e eu não queria mais preocupações, eu estava na frente junto com Daemon e Jacaerys para resolver questões de estratégias e meios para invadir a capital e consequentemente a fortaleza vermelha, havia túneis e passagens pelo castelo, Daemon conhecia os meios, faltava apenas uma distração.

— Podemos sobrevoar a capital, isso trará a distração perfeita — disse Jacaerys sério enquanto discutia junto a Daemon, que parecia pensar sobre. — Deixa que eu vou, posso fazer isso rapidamente, sem ser pego.

— Não, eu vou — falei sério e o encarando de maneira preocupada. — Você é o futuro herdeiro, não pode ir para linha de frente como um maluco!

— E você pode?! — exclamou Jacaerys bufando e eu revirei os olhos, evidentemente eu era mais rápido. — Não, você não vai!

— Nenhum dos dois vai! — disse Rhaenyra, nossa mãe e agora Rainha, adentrando o salão junto com as nossas primas Velaryon — Vocês não estarão sendo enviados para nenhuma atividade perigosa! A invasão acontecerá depois de juntarmos nossos apoios, vocês serão apenas mensageiros por hora!

Mensageiros? Cruzes.

Isso era o auge da chatice.

— Jacaerys irá para o norte e Lucerys para Ponta Tempestade — disse nossa mãe Rhaenyra, seu tom era sério e decidido, ela não queria ser aquela a retalhar. — Não podemos agir de forma imprudente diante ao povo e aos outros lordes, se não seramos aqueles que estão errados e vistos como mau.

Minha mãe não queria trazer a guerra para nossa realidade, mesmo que fosse eles que tivessem começado tudo isso com a morte de meu avô e rei, que não era uma morte natural. Os fatos estavam todos ali, porém nem todos acreditariam na minha palavra, principalmente aqueles que queriam o usurpador no trono.
Me repudiava apenas em saber que eles tiveram a coragem de coroar uma pessoa como Aegon, um estuprador, um babaca e um completamente bêbado inútil, como rei de tudo, apenas para não ter uma mulher no trono.

Bando de filho da puta do inferno.

— Sei que você está passando por um momento difícil — disse Daemon em um tom sério, me encarando atentamente enquanto eu esperava Arrax ser preparado para voar. — Não sei exatamente o que aconteceu entre você e aquele...