A Besta Marinha - LUCEMOND

Capítulo 38- Retorno

.Lucerys.

Confesso que estava sendo dias agradáveis na ilha, assim como havia companhias agradáveis. Cregan realmente era um bom homem, íntegro e responsável. Baela reclamava do alfa, segundo ela, se o nortista não estava roubando a atenção de seu marido, Jace, ele estava roubando a minha atenção. Era engraçado vê-la tão nervosa e com oscilações de humor.

Quando passou duas semanas eles ainda estavam ali, me fazendo companhia. Até mesmo Cregan parecia ter dificuldade em ir embora.
Nessas duas semanas não ouvi nada vindo da capital, nada referente a como as coisas estavam por lá e também nada sobre ele.

Foi apenas com a chegada de meus avós que uma carta caiu em minhas mãos. Uma carta da Rainha, de minha mãe.

Podia facilmente brincar o dia todo, sorrir e rir. Entretanto, quando a noite caía era impossível fingir que estava tudo bem e esquecido. Abri aquela carta mais de uma vez durante dias, incapaz de saber como me sentir ou reagir.

"Meu doce menino.

Sei que você já é um homem crescido e consciente de suas escolhas. Por aqui está tudo bem, há mais aceitação do que esperava com minha ascensão.
Quando você quiser voltar e vir, mesmo que por poucos dias, venha.

Aqui ainda há o seu lugar e sempre terá, mesmo que você voe para longe. Mamãe te ama muito e espero que esteja bem, não finja se não estiver.

Aemond saiu daqui, foi embora com Vhagar. Não por sua culpa ou por sua causa. Ele apenas queria um tempo para si e acho que isso será bom a ele. Não se preocupe e não pense muito. Sinceramente não sei onde está e quando ele voltará.

Ele só quer que você seja feliz, assim como nós queremos. Somos sua família, então pense em seu futuro com calma.

Meu lorde de Dritfmark.
Você cresceu e se tornou meu orgulho.

Amamos vocês, fiquem bem "

Ele havia ido.
Naturalmente não estava chateado, afinal quem afastou quem? Quem saiu primeiro? Não seria hipócrita em me sentir chateado com coisas assim.

Ainda sim, pensei e pensei. Incapaz de não sentir saudade, totalmente incapaz de odia-lo.
Incapaz de fazer parar de doer.

- Você ainda não dormiu? - perguntou uma voz atrás de mim e ainda sim, permaneci encarando o mar a minha frente. Stark se aproximou e ficou ao meu lado, se sentando na areia comigo. - Está tudo bem?

Estar sentado em frente ao mar, sentir a maresia, o vento forte, assim como o cheiro salgado do mar. Isso tudo se tornou uma terapia para minha mente, onde me permitia relaxar, chorar e sofrer em paz. Minhas lágrimas muitas vezes se misturavam com o salgado do mar ou na areia abaixo de mim.

Não estava sozinho dessa vez e ainda sim fui incapaz de não chorar. Me tornei um incapaz, em muitos aspectos.
Chorei e Cregan permaneceu ao meu lado, sem me tocar e em silêncio, isso me trouxe conforto e mais respeito pelo alfa ao lado, que era bem gentil.

No fim, acabei explicando a ele e ele me ouviu mais do que falou. Depois ele me acompanhou até o meu quarto, sorriu e me deixou em paz para desabar ainda mais. Ele não conhecia os dois lados da história e apenas sabia o quão magoado eu estava, ainda sim ele não criticou Aemond e nem eu, com minhas atitudes um pouco contraditórias.

Quem havia ido embora primeiro fui eu, ainda que doesse saber que Aemond estava tão ferido quanto eu, porém não havia ninguém ao seu lado para conforta-lo.

Quando nos reencontrarmos, estarei melhor, me tornarei alguém melhor.