A Besta Marinha - LUCEMOND

Capítulo 8 - "Quebrado como eu"

Aemond Targaeryn

A vida já havia me proporcionado episódios de tristezas sem fim, sem cura, o abandono do meu pai, a infelicidade de minha mãe que recaía sob mim e meus irmãos, tudo isso, além da manipulação constante de Otto, como se tudo fosse uma tremenda armadilha de minha meia-irmã afim de matar-me e aos meus irmãos.

Se Aegon e eu morresse, talvez o mundo fosse melhor. Entretanto, eu me preocupava com minha irmã e com meus sobrinhos, as crianças e Heleana foram os únicos motivos para eu não virar um total amargurado.

E Lucerys, meu único amigo de infância, que não participava das brincadeiras de mal gosto e que sempre esteve lá para mim, como um irmão. A inocência daquela época era realmente boa.

Havia um momento, quando criança, que eu me avistava completamente desafortunado, sem dragão, sem pais que me amassem devidamente, sem respeito, sem carinho, apenas um excluído, uma sombra do irmão.

Eu achava que não tinha nada de bom em mim, afinal ninguém parecia prestar atenção em mim o suficiente.

Exceto Lucerys, que me apresentou as maravilhas de apenas correr por ali, fugindo dos treinos, indo ver o fosso dos dragão. As noites em que dividíamos o mesmo quarto escondidos, os momentos onde saímos de fininho de madrugada apenas para pegar algo da cozinha e fazer uma refeição sozinhos, observando a lua sob os muros do castelo.

Uma chama que ascendeu e foi apagada, dolorosamente.

Agora que estávamos crescidos, após longos anos sem estar juntos um do outro, estávamos casados, uma surpresa completa e confusa, como viver um sonho e um pesadelo. Lucerys mudou drasticamente conforme os anos e eu posso dizer que também mudei, ainda que as memórias e sentimentos tivesse permanecido em meu coração e na minha alma.

Despertei meu alfa quando criança, uma raridade, ás vezes acontecia isso ou normalmente aconteciam aos quinze anos, não foi só isso que despertou aquele dia....

Infelizmente, há coisas que nem mesmo o destino poderia juntar.

— Meu príncipe...— entrou duas servas logo assim que amanheceu, afim de limpar o quarto, eu coloquei meu cheiro em todo ambiente, afim de notarem apenas minha presença e não o claro sumiço de meu esposo, Lucerys, o que se mostrou inútil visto que ambas eram betas... — Vamos trocar os lençóis... Príncipe Lucerys está?

— Ele esta se banhando, não precisa de ajuda — eu falei seriamente e vendo ambas betas concordarem com a cabeça, temerosas. Foram trocar o lençol que tinha uma mancha vermelha no centro e se entreolharam. — Quando terminarem, podem ir embora.

E eu fui em direção a banheira no canto, tentando fingir que Lucerys estava ali, enquanto terminava de estacar o corte em minha mão, sabendo que logo saberiam que havíamos consumados o casamento.

Eu havia feito minha obrigação.

Todavia eu ainda não sabia como lidar totalmente com a atual situação e por que Lucerys parecia tão.... arisco, tão quebrado....

Quebrado como eu.

[...]

Lucerys Velaryon

Eu havia me mudado para o meu quarto, após meu repentino ataque de raiva ontem, o que por mim não me importava, eu apenas me isolei, sem sair do quarto. Exceto a tarde, para me despedir de minha mãe e da minha família, pois eles já iriam embora.

E eu ficaria, talvez isso que estava me deixando atordoado.

— Se precisar de qualquer coisa, viremos rápido  — disse Jacaerys e Daemon concordou consigo, como se já estivessem planejando como causar sofrimento em meu marido, eu ri. Sentiria saudades, muitas. — Venha a qualquer hora, qualquer momento você pode ver-nos...