Capítulo 36- Visitante inusitado

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Lucerys.

Tudo doía, tanto meu corpo quanto meu coração e tinha chorado tanto que meu rosto deveria estar mais do que vermelho e inchado. Quando ouvi tudo aquilo de Aemond, não soube o que dizer ao alfa e mesmo que doesse e mesmo que eu quisesse não conseguia, simplesmente não conseguia fingir que nada daquilo aconteceu.

Me mantive no quarto, sozinho e isolado, incapaz de pensar ou querer sair dali. Recebi visitas constantes de minha mãe, que apesar de estar tendo que lidar com questões do Reino e dos traidores, tirava tempo para ver como eu estava, assim como minhas primas e irmãos.

Aemond não apareceu mais, porém vez e outra sentia sua presença atrás da porta, como se estivesse numa luta interna entre entrar ou permanecer ali. isso é bom, não estava pronto para nada ainda, para nenhuma conversa.

Era melhor evitá-lo, pois sabia que minhas palavras não sairiam confortáveis de ser ouvidas, então isso era o melhor para nós.

Minha mãe veio me visitar no dia seguinte apesar de estar ocupada e sobretudo estressada, ela parecia totalmente abatida e triste, me abraçando fortemente e me permitindo chorar em seus braços.

Chorar estava sendo mais comum do que pensei.

— Meu doce menino... Você está precisando de algo? Não queres sair um pouco? — perguntou minha mãe suspirando, parecia me encarar com tanta cautela e cuidado. Isso me fez sorrir um pouco. — Nós deveríamos ter te dito.

Meu pequeno sorriso morreu e eu desviei o olhar dela, suspirei e dei de ombro. Tarde demais.

— Estou bem— respondi a ela e logo voltei erguer meu olhar a ela, que parecia realmente mal com tudo isso, com minha situação. — Estou e ficarei bem. Quero ir para Dritfmark daqui uns dias.

Minha mãe pareceu surpresa e ainda sim assentiu, parecia um pouco receosa e incerta, podia notar que ela parecia querer falar algo e ainda sim se controlou. O silêncio recaiu pelo cômodo e não era algo muito bom, mas o que podia acontecer agora? Não queria ficar ali, precisava de tempo e espaço, não queria ninguém me encarando com pena ou seja lá mais o que.

Não era frágil a este ponto, não queria consolo de todos ao meu redor ou o cuidado excesso. Apenas queria ficar só.

— E sua situação com Aemond? — perguntou minha mãe e eu arquei as sobrancelhas, confuso do assunto sobre o alfa. Ela pareceu perceber. — Não espero que tudo volte a normal, meu filho. Só quero saber se é permanente sua escolha ou não. Isso se você já sabe ou querer me contar.

Mantive meu olhar nela, sem saber como prosseguir adiante com o assunto e a questão em si. Depois de saber de tudo, que Aemond nunca estivera ao lado dos traidores, depois dele fingir por tanto tempo... Ele realmente nunca fingiu nada comigo? Era suficiente saber de suas boas intenções?
Ele ainda sim matou o Rei e conspirou para Aegon sentar no trono, mesmo que por poucas semanas.

— Peço que anule meu casamento com ele — falei a ela totalmente indiferente e ela pareceu surpresa e também confusa, suspirei em desânimo, sem vontade de entrar mais no assunto. — Não sei e não quero saber de nada em relação a ele, ainda... Ainda há muito para mim processar. Anule o casamento e eu vou para Dritfmark com Arrax, sozinho.

Queria ficar longe dos dramas políticos, das intrigas e do cheiro podre da capital. Queria ficar a sós e pensar em mim e no futuro, pensar em tudo que havia ocorrido até então.
Não queria ninguém atrás de mim como um guarda, tampouco queria Aemond ao meu redor, me sufocando.

Obviamente ele não invadiu meu espaço pessoal e se manteve atrás daquela porta, entretanto sabia que isso não era bastante. Não queria ficar no mesmo lugar que ele, nem mesmo respirar o seu cheiro tão acolhedor e enganoso.

A Besta Marinha - LUCEMONDOnde histórias criam vida. Descubra agora