Capítulo 39- Família

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Aemond.

— Aemond, você voltou.

Foi a primeira coisa que Lucerys disse em minha direção, parecendo realmente surpreso e num misto de sentimentos. Ele se jogou contra mim e me abraçou forte e foi inevitável não retribuir o abraço, o apertando ainda mais contra mim, respirando fundo aquele cheiro tão gostoso que apenas ele tinha. Entretanto assim como ele me abraçou, ele se afastou, parecendo bem envergonhada e desesperado.

— Desculpa por isso... Eu.. — Lucerys se desculpou, envergonhado e corado. Fofo. Lucerys desviou o olhar de mim ainda envergonhado e encarou a criança. — Não saia correndo assim mocinho, tem muita gente por aqui, você pode se perder.

— Sou mocinho... Não criança — resmungou o garotinho com um bico nos lábios, isso me fez sorrir. Parecia ver um sonho sendo realizado. — ele é?

Lucerys intercalou seu olhar entre mim e o menininho, parecia que ele queria falar algo e ainda sim se manteve em silêncio. Eu não o forcei, por mais curioso que estivesse para saber se ele havia se casado e quem era o pai do garoto. Henry parecia jovem e ainda sim se portava bem, mas podia-se encontrar alguns erros em palavras mais complexas ditas pelo mocinho.

— Ele é seu tio — Lucerys respondeu a criança e depois me encarou ainda em choque, parecia irreal estar ali em sua frente. — Você... Você está bem, isso é bom... Todos estavam com saudades de você.

— Também estava com saudades — falei e sorri ao vê-lo tão perdido em minha frente. Também me sentia perdido, queria abraçar, beijar e ficar com ele eternamente. — Acho que é melhor ir cumprimentar a Rainha....

Lucerys concordou, pegou a criança no colo e caminhamos lado a lado em meio a uma conversa superficial. Aparentemente, Baela teve um bebê e ele estava completando dois anos hoje, então haveria uma festa em comemoração e por isso havia tanta movimentação.
Ele não falou dele ou da criança e eu interpretei isso como se não fosse da minha conta, até porque não era.

Não éramos mais casados e eu nunca lhe dei minha marca. Isso era um alívio e um arrependimento ao mesmo tempo. Sabia que deveria ter tentado mais, porém se tivesse feito tal coisa não seria o mesmo que forçá-lo a ficar comigo, forçá-lo a me escolher?

Eu o amo e queria vê-lo ser feliz com uma família. Ele tinha isso, não comigo e mesmo assim era a realização de um sonho doce para mim.

Sempre sonhava com ele, às vezes sonhos quentes, mas na maioria das vezes era vê-lo com um sorriso radiante nos lábios com um bebê nos braços.
E eu sempre o vendo ao longe... Talvez tivesse tido uma visão das coisas nesses dois anos de sonhos similares.

Esses dois anos foi como uma corrida incessante, me fazendo correr e correr, sem rumo. Não de Lucerys, não da Capital e sim do desespero, da dor imensa e principalmente de mim mesmo. Acho que nós mesmos somos os maiores causadores das dores em nossos corações e corpos. Incapazes de viver e pensar positivo, de se achar merecedor de cada conquista, sorriso e migalha de felicidade.

Éramos a nossa própria destruição.

Nossas escolhas geram consequências. Nossos erros e acertos, o caminho que escolhemos trilhar, a maneira que agimos conosco e com os outros, nossos pensamentos e anseios. Tudo isso molda a nossa forma e a pessoa que nos tornamos.

Há quem seja feliz e também há infelizes e tudo bem. No fim foram nossas maneiras de conduzir a vida que nos levaram para tal estado. Por isso deveríamos viver como queremos, ser como queremos, lutar por quem queremos.

Mesmo que haja perda e a história não dure, contando que não haja arrependimento, então tudo valeu a pena. Nada é realmente insignificante para não valer a pena.

A Besta Marinha - LUCEMONDOnde histórias criam vida. Descubra agora