Capítulo 35- ''O que eu me tornei''

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⚜︎

Aemond

Mantinha o olhar fixo no corpo deitado, enquanto estava sentado no estofado na frente da lareira acesa. A tempestade realmente caiu sobre a capital, lavando as ruas do sangue e das mortes. O cheiro da fumaça foi substituível e todos pareciam quietos, incapazes de murmurar qualquer coisa na cidade.

Rhaenyra havia saído há pouco do aposento, ela tinha ido ver o filho ainda desmaiado e não conversamos.

Me sentia tão exausto e ainda sim incapaz de adormecer ou pensar em algo além do ômega desmaiado e pálido.

Ele parecia mais fraco, pálido e magro, isso me apunhalava no coração e me fazia sentir tão mal. Meus olhos já estavam inchados e vermelhos, não conseguia mais dizer nada e as pessoas que iam ali só queriam dar uma olhada no ômega, isso era bom.

Não queria me sentir mais sobrecarregado. Ainda sim, a culpa era minha, sabia disso tão bem quanto o fato de precisar respirar.

Uma movimentação na cama e eu me levantei, indo aos poucos até a cama. Já era alta hora da madrugada e estava frio, mesmo que eu o tivesse deixado uma coberta quente em cima de si.
Nossos olhares se cruzaram e eu me sentei na beirada da cama, incapaz de desviar o meu olhar dele e também receoso de o tocar.

Ninguém falou nada por um momento e eu esperei sua iniciativa, sabendo que ele ainda estava desnorteado do sono pesado.

— Porque você está aqui? — perguntou Lucerys sem expressão alguma, me encarando tão apático e sem vida que me doeu. — Isso é uma piada? Um meio de tortura?

— Sua mãe ganhou o trono, vocês ganharam a guerra — falei suspirando, analisando a feição ainda apática do ômega. Ele não parecia surpreso. — Eu... Eu matei Aegon

— Oh, pretende me dar a cabeça dele em uma bandeja? — perguntou Lucerys em um tom irônico, deixando sua feição de tornar enraivecida. — Você acha que eu sou o que, Aemond?!

— Não, não fiz isso por você. — respondi o ômega, encarando-o e me sentindo tão ansioso e culpado. O ômega riu em escárnio. — Nunca estive ao lado deles.

— Você matou Viserys. Nem mil cabeças de Aegon mudará isso. — refutou em tom sério, me deixando com o peito doendo e infelizmente conformado. — Saía.

— Ele sabia, Lucerys. — falei suspirando, permanecendo sentado diante ele, que parecia realmente revoltado. — Ele nunca me impediu de mata-lo.

— Eu deveria estar emocionado?! — retrucou Lucerys em um tom ácido e repleto de ódio, me mantive quieto, sem saber o que dizer. — Você me enganou!

— Não podia deitar tudo a perder. Você nunca concordaria que Viserys tivesse que morrer — falei sério ainda mantendo o olhar nele. Ele pareceu realmente incrédulo com a minha "audácia". — Ele perdeu o amor da vida dele, ele queria morrer, Lucerys. Isso não faz com que eu me torne um herói dele, porém é hipocrisia me dizer que eu o matei de maneira injusta. Ele sabia.

— Você é a porra de um covarde — disse Lucerys enraivecido e eu desviei o olhar de si, sem saber como reagir. —  Você é...

— Lucerys — o interrompi, minha voz quebradiça ao voltar o olhar para o ômega ainda enraivecido. Eu o entendia, porém ainda sentia doer vê-lo assim. — Não estou pedindo que você me perdoe, apenas... Me escute, eu não quis te causar mal... Eu... Não sei mais o que dizer para você entender.

O que eu me tornei, o que eu perdi....— disse Lucerys me encarando seriamente, de maneira dolorosa e raivosa, como se repudiasse a mim e isso me deixou ainda mais quebrado. — Tudo foi por sua causa.

A Besta Marinha - LUCEMONDOnde histórias criam vida. Descubra agora