⚜︎
Aemond
Mantinha o olhar fixo no corpo deitado, enquanto estava sentado no estofado na frente da lareira acesa. A tempestade realmente caiu sobre a capital, lavando as ruas do sangue e das mortes. O cheiro da fumaça foi substituível e todos pareciam quietos, incapazes de murmurar qualquer coisa na cidade.
Rhaenyra havia saído há pouco do aposento, ela tinha ido ver o filho ainda desmaiado e não conversamos.
Me sentia tão exausto e ainda sim incapaz de adormecer ou pensar em algo além do ômega desmaiado e pálido.
Ele parecia mais fraco, pálido e magro, isso me apunhalava no coração e me fazia sentir tão mal. Meus olhos já estavam inchados e vermelhos, não conseguia mais dizer nada e as pessoas que iam ali só queriam dar uma olhada no ômega, isso era bom.
Não queria me sentir mais sobrecarregado. Ainda sim, a culpa era minha, sabia disso tão bem quanto o fato de precisar respirar.
Uma movimentação na cama e eu me levantei, indo aos poucos até a cama. Já era alta hora da madrugada e estava frio, mesmo que eu o tivesse deixado uma coberta quente em cima de si.
Nossos olhares se cruzaram e eu me sentei na beirada da cama, incapaz de desviar o meu olhar dele e também receoso de o tocar.Ninguém falou nada por um momento e eu esperei sua iniciativa, sabendo que ele ainda estava desnorteado do sono pesado.
— Porque você está aqui? — perguntou Lucerys sem expressão alguma, me encarando tão apático e sem vida que me doeu. — Isso é uma piada? Um meio de tortura?
— Sua mãe ganhou o trono, vocês ganharam a guerra — falei suspirando, analisando a feição ainda apática do ômega. Ele não parecia surpreso. — Eu... Eu matei Aegon
— Oh, pretende me dar a cabeça dele em uma bandeja? — perguntou Lucerys em um tom irônico, deixando sua feição de tornar enraivecida. — Você acha que eu sou o que, Aemond?!
— Não, não fiz isso por você. — respondi o ômega, encarando-o e me sentindo tão ansioso e culpado. O ômega riu em escárnio. — Nunca estive ao lado deles.
— Você matou Viserys. Nem mil cabeças de Aegon mudará isso. — refutou em tom sério, me deixando com o peito doendo e infelizmente conformado. — Saía.
— Ele sabia, Lucerys. — falei suspirando, permanecendo sentado diante ele, que parecia realmente revoltado. — Ele nunca me impediu de mata-lo.
— Eu deveria estar emocionado?! — retrucou Lucerys em um tom ácido e repleto de ódio, me mantive quieto, sem saber o que dizer. — Você me enganou!
— Não podia deitar tudo a perder. Você nunca concordaria que Viserys tivesse que morrer — falei sério ainda mantendo o olhar nele. Ele pareceu realmente incrédulo com a minha "audácia". — Ele perdeu o amor da vida dele, ele queria morrer, Lucerys. Isso não faz com que eu me torne um herói dele, porém é hipocrisia me dizer que eu o matei de maneira injusta. Ele sabia.
— Você é a porra de um covarde — disse Lucerys enraivecido e eu desviei o olhar de si, sem saber como reagir. — Você é...
— Lucerys — o interrompi, minha voz quebradiça ao voltar o olhar para o ômega ainda enraivecido. Eu o entendia, porém ainda sentia doer vê-lo assim. — Não estou pedindo que você me perdoe, apenas... Me escute, eu não quis te causar mal... Eu... Não sei mais o que dizer para você entender.
— O que eu me tornei, o que eu perdi....— disse Lucerys me encarando seriamente, de maneira dolorosa e raivosa, como se repudiasse a mim e isso me deixou ainda mais quebrado. — Tudo foi por sua causa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Besta Marinha - LUCEMOND
FanficA tempestade era inevitável na casa Targaryen, sobretudo por conta da linhagem de sucessão, isso era um fato, uma disputa, um início de uma guerra feita por adultos que envolveram seus filhos nessa bagunça. Aemond era uma criança excluída, afinal nã...