Capítulo 3- "Driftmark é meu"

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Lucerys Velaryon  

Havia se passado duas semanas daquela madrugada, aquele infeliz momento que me mudou tanto que eu sequer sabia se minha mãe ainda me acharia um doce garoto. Onde eu passei a primeira semana toda no quarto, polindo armas, lendo livros, qualquer coisa que distraísse minha mente do que aconteceu. Mesmo que eu não conseguisse encarar meu irmão ou até mesmo Daemon, por ambos ser alfas, eles ainda tentavam se comunicar, através da porta que mantinha-se, em sua maior parte do tempo, trancada.

Eu adormecia apenas quando o sol estava se levantando e sempre ficava encarando a porta trancada, como se a qualquer momento aquilo fosse se repetir.

Era agonizante e isso me enfurecia.

A dor conforme os dias foi amenizando, porém o sentimento ainda permanecia em meu coração, nutrindo ódio, ódio de alfas, ódio de ômegas serem tão inúteis.

Eu não seria mais impotente.

Nisso, na segunda semana eu saí, tentando não encontrar com nenhum guarda em meu caminho, por que apesar de minha determinação, os tremores em meu corpo era permanente. Eu não conseguia ficar em um cômodo com nenhum alfa, seja quem fosse, apenas minha mãe conseguia me tocar, por que até mesmo as empregadas betas me causavam repulsa. 

Eu me sentia infeliz, por que adorava abraçar meu irmão e mesmo assim, não conseguia sequer ficar sozinho com ele.

Isso levaria tempo, foi o que minha mãe me disse e eu aceitei aquilo por enquanto. Entretanto, pedi que colocassem uma sala de treinamento para mim, num lugar distante de todos, principalmente de guardas. Vez e outra eu sentia Daemon ou Jacaerys espreitando os arredores, era um cuidado comigo, como se fosse um ''estamos aqui''.

Eu passava até altas horas da madrugada treinando, voando com Arrax, longe de todos, fazendo refeições ao lar livre e às vezes voava para longe, longe o bastante para que não houvesse uma alma viva. 

—  Jacaerys, isso é realmente ótimo — foi o que eu disse quando ele me contou sobre os planos de nossa mãe, que também estava junto e ao meu lado, como se fosse uma âncora e realmente era, ela me mantinha sã. — Seu casamento com nossa prima Baela, será muito bom para nossas casas.

Unir nossas casas era uma decisão estratégia de nossa mãe, afim de ter o claro apoio dos Velaryon sob minha herança. 

Após as quatros semanas, eu me acostumei com meus familiares novamente, apesar de ficar em alerta quando me tocavam de repente, ainda sim, eu conversei bastante com a minha mãe e se antes já éramos próximos, agora ficara quase impossível de ficar longe de si no decorrer do dia. Eu ainda me isolava e treinava sozinho, não queria contato físico extremo ainda e eles me entendiam, Daemon me ensinou a cantar em valiriano e isso nós fez se aproximar mais ainda, pois ele se mantinha sempre em prontidão para me proteger de presenças indesejadas.

Minha verdadeira natureza foi descoberta assim que desci de Arrax na Fortaleza Vermelha, afinal os sussurros eram tão indiscretos que até eu poderia ouvi-los. Jacaerys junto a Baela, formavam um casal pleno e eles se mantinham sempre em minha volta, comigo em seu centro. 

Gostaria de casar-me com Rhaena, o que era o plano principal antes de minha natureza despertar. Entretanto, eu não gostaria de submeta-la a isso, pois sabia que mesmo que eu amasse minha prima, não era naquele sentido e talvez eu não fosse o suficiente para ela como marido.

Ômegas juntos também não era muito ideal.

— Princesa Rhaenyra — Helaeana cumprimentou-nos assim que chegamos, apenas ela estava lá para nos receber, o que claramente era um insulto silencioso da rainha Alicent. Minha tia diferente dos outros verdes, era calma e parecia emanar inocência. — Príncipe Daemon, sobrinhos...

A Besta Marinha - LUCEMONDOnde histórias criam vida. Descubra agora