Capítulo 9 - ''Sejamos amigos''

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Lucerys Velaryon

Aemond e eu não conversamos mais e eu sabia que, em partes, era minha culpa e entendia sua raiva, mesmo não entendendo a minha própria. Eu andava apenas trancado no quarto, até que chegou aquela dor, insuportável e angustiante.

Eu estava sozinho, longe da minha casa, longe dos meus familiares e longe de qualquer conforto.

Não havia ninguém que pudesse me trazer alguma felicidade.


 —   Aemond... — gemi me contorcendo contra a cama, o calor já havia tomado conta de mim e já não estava tão sã quanto deveria estar.— AEMOND!!


Não aguento mais viver....
Não queria mais viver assim...

E eu chorei, chorei porque tudo estava insuportável, chorei por me tocar e me sentir sujo, ainda mais quando Aemond invadia meus pensamentos, me fazendo gemer contra a cama, abafado e com as lágrimas escorrendo de meu rosto.

Chorei ao querer que ele, logo ele, que tanto me desprezava, estivesse ali, me acolhendo. Por que eu me sentia tão sensível, sozinho e completamente desolado.

Eu nunca seria amado....

Fiquei quase uma semana inteira sem atender a porta, sem me alimentar, sem nada. Após o cio, vagas lembranças de eu me tocando me veio a mente e eu me odiei por isso.

Odiei que Aemond dominasse meus pensamentos tão lascivos, estes que me consumiam dia após dia.


—  Lucerys? — ouvi a voz dele me chamando, através da porta trancada e suspirei, me encolhendo na cama. — Vamos, abre isso.


E eu tive que me levantar, me arrastando, totalmente descabelado e sem vontade, abrindo a porta apenas um pouco, observando que ele segurava uma bandeja.


— O que foi? - perguntei o encarando, totalmente indiferente, mesmo que no fundo eu me sentisse envergonhado. — Sua mãe mandou trazer-me?


Claro que a ironia estava mais do que presente em meu tom. Ele adentrou o quarto, sem minha permissão e ignorando meus protestos inúteis. Abriu as cortinas que cobriam a vista da sacada, fazendo meus olhos arder por conta da iluminação.


— Pode entrar — falei com total ironia, indo me sentar na cama, com os pés cruzados enquanto avistava Aemond deixar a bandeja sob a mesa na sacada. — Se era só isso, pode sair.


Eu estava envergonhado o suficiente perante a clara bagunça em meu quarto, em mim. Não precisava dele me encarando sem expressão alguma. Preferiria que ele ficasse com graça ou ironias.


— Lucerys   — ele me chamou e eu tive que o encarar, sentindo meus olhos coçar com a vontade de chorar. Ele suspirou e parecia estar sendo difícil respirar para ele. — Lucerys... Você está péssimo... Não sai, não come, está com um ar adoentado...


Não era o que ele queria falar, eu sentia, mesmo que a expressão dele estivesse neutra enquanto falava, me observando atentamente, eu podia sentir seu olhar queimando sob mim.


— Eu sei.... —  eu disse, sem saber o que dizer mais, ainda o encarando, suspirei. — Me desculpa por explodir com você naquele outro dia, me desculpa pelo olho  e me desculpa também por ser um incômodo para você.

A Besta Marinha - LUCEMONDOnde histórias criam vida. Descubra agora