Cerca de dez minutos depois, Weston me ligou, e eu encostei o carro. Ele já estava com as chaves. Só então percebi que eu ainda tinha as minhas e Echo, as dela.
— Não se preocupe com isso — disse Weston. — Vou mandar trocar as fechaduras hoje à noite. Com a Echo, sempre temos que estar um passo à frente.
— Nunca fui muito boa nisso.
— Ah, acho que você é melhor do que pensa. E será sempre bem-vinda se quiser nos visitar. É só dar uma ligada.
— Obrigada, Weston.
— Se cuida, viu?
— Pode deixar. Você também.
Parei em um posto de gasolina depois de umas três horas de viagem. Estava na metade do caminho para Arkadia e com uma fome terrível. Pela primeira vez em semanas, estava realmente com fome. Comprei um pacote enorme de batatas chips, uma barra monstra de chocolate e uma Coca-Cola. Liguei para Raven depois de abastecer para avisar que estava voltando, mas, como não atendeu, deixei um recado na caixa postal e mandei uma mensagem para garantir. Eu tinha dado a ela a chave do meu apartamento para que ela alimentasse AG.
Pensei nas minhas opções enquanto prosseguia no caminho para casa. Lexa tinha a chave, mas ela não atendia as minhas ligações, o que a eliminava. Além disso, sem dúvida teríamos uma conversa quando nos víssemos, e aparecer no meio da noite não facilitaria em nada a discussão. A possibilidade de eu não conseguir remediar meus erros me apavorava. Três horas depois, eu estava em frente ao meu prédio. Interfonei para Raven e rezei para que estivesse em casa, embora não visse o carro dela. Não houve resposta. Talvez ela estivesse trabalhando. Voltei para o carro de Niylah e, resignada, digitei “Dollhouse” no GPS. Eu queria entrar em casa, queria ver AG. Se não podia ter Lexa naquela noite, ao menos eu podia ter a gatinha.
Quinze minutos depois, entrei no estacionamento da boate de striptease. Liguei para Raven de novo, porém continuei sem resposta, o que fazia sentido se ela estava servindo as mesas. Estacionei em uma área bem iluminada, peguei a bolsa e tranquei o carro. O edifício era pintado de preto, luzes berrantes piscavam o nome da boate, e uma placa de neon mostrava uma mulher seminua se curvando, se erguendo, se curvando e se erguendo enquanto piscava, a bunda nua à mostra a cada movimento da saia. Eu não conseguia acreditar que Raven trabalhava ali. No entanto, se aquilo pagava.pelo MBA e a deixava sem dívidas depois de acabar o curso, eu entendia a lógica.
Um pouco nervosa, fui até a entrada. Dei uma olhada no estacionamento,
procurando o carro de Raven, mas não o encontrei. Os funcionários deviam ter um estacionamento separado; mais seguro para as meninas que trabalhavam ali. Um homem enorme, com braços da largura da minha cintura, guardava a porta. Ele me olhou de cima a baixo de um jeito que fez com que eu me sentisse nua, mesmo de moletom. Queria estar de jaqueta.— Identidade — pediu ele, esticando a mão gorda.
Vasculhei a bolsa e encontrei a carteira de motorista. Ele a analisou, olhou para meu rosto e a devolveu.
— Cadê seu acompanhante?
— Como?
— Seu acompanhante — repetiu ele, irritado. — Você precisa de um
acompanhante homem para entrar.— Ah, eu… — Achei aquilo meio ridículo, mas discuti. — Tenho uma amiga que trabalha aqui. O nome dela é Raven.
— Raven, é? Então você está procurando emprego? — Ele abriu um sorriso irônico. — Você é meio magrinha, mas vai servir para os caras que curtem o estilo boneca de porcelana. Ele abriu a porta e agarrou o braço da mulher seminua que estava passando.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Marcadas para sempre
RomanceSegunda temporada de flor da pele. Depois de perder Clarke, a tatuadora Lexa Woods volta a ser atormentada por seu passado traumático, e suas noites são tumultuadas por pesadelos sobre a morte dos pais. A única maneira que encontra para ficar em pa...