19. Lexa

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Todo mundo estava na cozinha quando descemos. Alguém colocou uma taça de vinho na minha mão. Lexa pegou uma cerveja, e Kane jogou um avental para ela, que resmungou enquanto o vestia.

— É isso que você ganha por chegar atrasada, Lex — disse Jasper, passando a mão pelo próprio avental, que estampava um abdômen masculino definido e tatuado.

O avental de Kane tinha a estampa de um smoking; o de Monty, de caubói.
Bem, o de Lexa Lexa era rosa com flores brancas e babados nas pontas. Meio óbvio, mas nada a ver com ela. Ri quando ela se atrapalhou com os cordões. Ela era grande demais para conseguir fazer um laço. Ela pegou um batedor de ovos e o apontou para mim.

— Está rindo de quê? Eu fico ótima com esse look.

Ergui as mãos.

— Não vou discutir. Acho que você está linda.

Ela sacudiu o batedor na mão.

— Não pense, nem por um segundo, que vou esquecer que você disse isso.

Brinquei com a corrente no meu pescoço e sorri. Se o resto do dia transcorresse assim, talvez não fosse tão ruim.

Os jantares de fim de ano na casa de Indra não eram como os de Arden Hills. Minha experiência em casa era de mulheres correndo para lá e para cá na cozinha enquanto os homens ficavam sentados bebendo, o que era um estereótipo idiota. Na casa de Niylah, alguém era contratado para cozinhar enquanto a família se congregava na sala de estar formal para tomar vinhos e licores caros. Ali, exceto por Lexa, os homens tomavam conta da cozinha. Quer dizer, a maioria. Segundo Raven, Jasper não conseguia fazer nem um miojo decente. Permitiram que ele amassasse as batatas, mas Lexa o supervisionava e dava instruções.
Eu ficava fascinada com a aparente naturalidade da rotina doméstica para Lexa. Ela morava sozinha havia sete anos e não era uma grande fã de pedir comida, então tinha aprendido a cozinhar. Apesar da fixação por cupcakes e seu amor por cerveja e uísque, tinha hábitos alimentares saudáveis. Às vezes, aquilo fazia dela um pé no saco quando íamos ao mercado. Raven deu um assobio baixo, chamando minha atenção de volta para a conversa. Ela apontou para o meu pescoço.

— É novo?

Olhei para o pingente com o qual eu estava brincando.

— Foi um presente que eu ganhei mais cedo da Lexa.

Desde que o tinha colocado, não conseguia parar de tocá-lo. Era como um talismã, a única coisa além de Lexa que vinha me mantendo sã o suficiente para suportar aquele dia.

— Uau! Bem pensado, Lexa! — elogiou Raven.

Jasper deu um soquinho no ombro dela.

— Acho que sabemos por que vocês duas se atrasaram. Parece que alguém estava querendo se dar bem.

— Ai! — Lexa devolveu o soco. — Não foi por isso. Errou feio.

— Vocês dois, controlem-se. Não vamos ter uma luta de MMA na cozinha este ano — ralhou Kane, apontando o cabo da faca para Lexa e Jasper.

— Luta de MMA? — perguntei.

— No ano passado, Jasper e Lexa passaram do ponto um pouco cedo demais. Uma discussão sobre as batatas. Foi uma merda limpar tudo — esclareceu Monty.

— Como ficaram muito bêbados, eles abraçaram a privada antes mesmo do
jantar. — Harper lançou um olhar irritado para os dois.

— Aquela foi a pior ressaca que já tive na vida — disse Jasper, voltando a
amassar batatas.

— Você deixou os dois saírem ilesos dessa? — perguntei a Indra.

— Não me envolvi. Harper e eu estávamos em uma missão de emergência para conseguir amoras frescas. Jasper trouxe a fruta enlatada, e Lexa se recusou a usá-la. — Indra sorriu para Lexa.

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