25. Lexa

357 45 10
                                        

Já era meio-dia quando abri os olhos. Clarke demorava para acordar e mais ainda para começar a se mexer.

Quando tentou se sentar, ela gemeu e resmungou, então desabou de novo na cama. Ficou de bruços, o rosto afundado no travesseiro.

— O que está doendo? — perguntei. O capô no meu carro não era um lugar
muito macio para transar.

— Minha lombar — murmurou ela por trás do véu de cabelo.

Afastei as cobertas e me aproximei. Procurei hematomas, depois desci os
polegares pela coluna dela. Quando cheguei ao cóccix, Clarke fez um ruído de incômodo.

— Bem aqui? — perguntei, apertando de leve.

— Aham, e meu quadril está travado.

Ela assoprou o cabelo para longe do rosto.

— Vou ajudar a melhorar.

Comecei a massagear, e ela soltou alguns sons de aprovação quando acertei um local mais dolorido.
AG pulou para a cama e começou a cheirar tudo, batendo o focinho na minha perna.

Às vezes tínhamos que trancá-la fora do quarto quando estávamos transando, porque senão ela sentava na beirada da cama e ficava miando para nós. Era bizarro e perturbador. Ainda mais quando Clarke começava a rir.

Agora, AG tinha subido nas costas de Clarke e começado a andar em cima dela, ajudando na massagem. Então se enfiou debaixo da minha mão e se acomodou bem no lugar que eu estava massageando.

Clarke deu uma olhada por cima do ombro.

— Parece que sua outra gatinha está com ciúmes.

— Até parece que ela não ganha atenção suficiente.

Peguei AG antes que ela começasse a arranhar e me deitei ao lado de Clarke, colocando a gata no meu peito. Ela se acomodou ali, esfregando o topo da cabeça debaixo do meu queixo, ronronando como uma tempestade.

— Como estão suas costas agora?

— Bem. Uns analgésicos devem dar conta do recado se elas continuarem me incomodando — respondeu Clarke, fechando os olhos.

Eu tinha outras perguntas — sobre quantos remédios ela tomava, sobre o que Murphy e Miller tinham lhe dito na noite anterior, sobre a ideia estúpida mas brilhante de Jasper de fazer uma viagem no Ano-Novo —, mas tudo isso podia esperar.

— Clarke?

— Hum?

Beijei a ponta do nariz dela.

— Quer abrir o restante dos nossos presentes?

Ela abriu os olhos de imediato.

— Meu Deus! Claro que sim!

Ela rolou para fora da cama e se levantou depressa. No instante seguinte, desapareceu, caindo no chão. Inclinei-me para ver, sem saber ao certo o que tinha acontecido com ela. As mãos de Clarke apareceram na beirada do colchão enquanto ela se erguia, ficando cara a cara comigo.

— Entãããããão — disse ela. — Parece que eu não estou totalmente recuperada da nossa malhação de ontem à noite.

Joguei as pernas para o lado e passei as mãos sob seus braços. Ela murmurou algo sobre estar bem, o que era uma besteira sem tamanho, visto que se desequilibrava feito um bebê, se apoiando nos meus ombros.

— Vamos ter que tentar posições diferentes — falei para os seios dela, que estavam bem na minha cara.

— Agora? — A voz de Clarke se tornou um sussurro abafado.

Marcadas para sempre Onde histórias criam vida. Descubra agora