3. Lexa

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Calcei os sapatos e peguei minha jaqueta no armário.

— Lexa, espere! — chamou Harper.

Eu me virei.

— Não fale comigo agora.

— Você tem que se recompor, Lexa — disse Monty, surgindo atrás dela.

Meus olhos se dirigiram a Monty enquanto ele se aproximava, provavelmente preocupado com a segurança de Harper.

— Vai se foder.

Abri a porta com força e saí, batendo-a. Mas o alívio da agressividade não trouxe nenhuma satisfação. Parecia que alguém tinha jogado ácido nas minhas emoções. Passei pelo fusca de Harper e atravessei a entrada da garagem. Estava congelando lá fora e minhas roupas não eram apropriadas para aquele clima, mas não importava. Eu precisava caminhar o suficiente para conseguir pegar um ônibus ou um táxi até em casa. Não conseguia ficar perto deles naquele momento; estava sensível demais. A porta se abriu atrás de mim, e o som da batida das botas no asfalto foi aumentando, então apressei o passo.

— Ei, Lex, calma! — gritou Jasper.

Era só o que faltava. Quando senti a mão dele no meu ombro, eu a afastei e continuei andando.

— Não quero saber — falei.

— Ei, Lex. Eu sei que você está chateada, mas não pode voltar para casa a pé.

Eu me virei.

— Claro que posso, cacete. Não vou entrar no carro com aquelas duas nem a pau.

— A Clarke só entrou em contato com a Sarah na semana passada. E não foi para conversar. Tinha algum trabalho que precisava entregar diretamente para o orientador, então pediu um favor.

— E a Indra e a Harper?

— Não sei. Por que você não volta para lá e pergunta a elas?

Balancei a cabeça.

— Preciso de espaço.

Jasper parou de me seguir. Ele sabia quando me deixar sozinha. Eu estava instável demais, e era melhor para todo mundo que eu tivesse um tempo para esfriar a cabeça. Alguns minutos depois, a Mercedes preta de Kane parou ao meu lado. O vidro do lado do carona abaixou com um zumbido. Ele se debruçou no banco e abriu a porta.

— Que tal eu levar você para casa?

Kane ia dirigir a menos de dez quilômetros por hora até o Inked Armor se eu me recusasse a entrar, então me sentei no banco do carona e coloquei o cinto.

— Tudo bem você estar brava — disse ele, seguindo em frente.

— Não vou falar sobre isso — retruquei.

— Tudo bem também.

Fiquei mexendo no rádio do carro, incapaz de tolerar o silêncio forçado. Todas as estações predefinidas eram de rock dos anos 1970.

— Posso só dizer uma coisa?

— Você vai dizer de qualquer forma, então fale de uma vez.

Eu olhava fixamente para fora pela janela. Via meu reflexo no vidro toda vez que passávamos por um poste: eu parecia tão acabada quanto me sentia.

— Essa foi só a segunda vez que a Clarke entrou em contato com a Indra desde que foi embora. A primeira vez foi para avisar que ia passar um tempo fora e fornecer uma lista de possíveis funcionários para cobri-la enquanto não voltava. Nas duas vezes, ela perguntou por você.

Não falei nada. Não tinha nada a dizer. E daí que ela tinha perguntado por mim? A preocupação parecia menos relacionada a saber como eu estava e mais fruto do remorso que Clarke carregava. Era como um tijolo de concreto preso no pescoço dela. Quando chegamos ao Inked Armor, tentei abrir a porta do carro, mas Kane tinha acionado a tranca.

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