7. Clarke

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O que eu estava fazendo com Lexa não era justo. Eu lhe devia uma conversa na qual lhe permitiria ficar com raiva e assumiria a responsabilidade por ter ido embora sem explicação. No entanto, fazia semanas que eu não sentia absolutamente nada de bom. Os braços dela em torno do meu corpo me deram o primeiro chão de verdade desde meu retorno a Arden Hills.
Então eu a beijei. Com um gemido angustiado e urgente, Lexa me puxou para si, me esmagando contra seu corpo. As pequenas garras de AG afundaram nas minhas coxas quando ela pulou do meu colo; miou por ter sido obrigada a ir para o chão. A dor no quadril aumentou quando me aproximei mais dela, mas a ignorei.
Eu podia ter começado o beijo, mas Lexa assumiu o controle. Logo estávamos deitadas no sofá, Lexa sobre mim, uma perna pressionada entre as minhas. A boca dela era intensa, as argolas de ferro mordiscando meu lábio. Uma das mãos foi parar no meu cabelo, segurando-o para que ela pudesse controlar o ângulo. Eu precisava da conexão, não só física. O peso glorioso do corpo de Lexa se acomodou sobre mim; sua ereção pressionou meu quadril e gemi. Com uma das mãos firme na nuca dela, para mantê-la perto, escorreguei a outra até a base da coluna.

Deslizei a mão por baixo do cós do jeans dela e encontrei a pele nua. Com as unhas na pele macia que cobria os músculos rijos, puxei-o para baixo. Um calor familiar percorreu meus membros e foi direto para a área entre as minhas coxas. Lexa ficou tensa, e segurei com mais força, apavorada com o que estava por vir. Eu estava desesperada por ela, e ela ia parar tudo. Soube pela forma como desacelerou o beijo.

— Puta merda — soltou ela, afastando-se de mim. — Não podemos fazer isso.

— Tudo bem.

Eu me sentei e me estiquei para tocá-la. Ela pulou do sofá e pegou o uísque.

— Não, não está tudo bem. Temos umas merdas para resolver, e esse tipo de coisa não vai ajudar em porcaria nenhuma.

Ela tinha razão, claro. Não que eu fosse dizer isso abertamente.

— Sei que você está brava comigo.

Toquei minha boca. Ainda estava molhada.

— Brava? Você não tem ideia de como foram as últimas três semanas para mim.

Ela foi para a cozinha, aumentando a distância entre nós.

— Sim, eu tenho.

Eu podia, ao menos, imaginar. Percebi que já tínhamos passado por uma situação parecida: depois da festa de noivado de Harper e Monty, quando a encontrei no banheiro com Costia e aquela outra mulher. Uma de nós estava criando barreiras de proteção; a outra, procurando um modo de entrar. Dessa vez, era eu quem buscava perdão, enquanto ela vestia uma armadura. Lexa deu um soco na bancada.

— Não, não tem. Foi você quem me deixou, não o contrário. Então não me diga que sabe, porque não sabe. Aquilo acabou comigo, porra.

— Você acha que não sofri por ir embora?

— Ah, claro, deve ter destruído você. Tanto que nem se preocupou em ligar. Não para mim pelo menos. Nem uma única vez.

Era o que eu esperava: a raiva, a mágoa.

— Eu não podia ligar para você.

— Por que não? Echo não teria aprovado? Ela prendeu você em uma cela e se recusou a te deixar um telefone? Ou só era permitido que você tivesse contato com as amigas? Deve ter sido isso: só a degenerada estava fora de cogitação.

— Não foi isso. Se eu tivesse falado com você, jamais teria ficado lá.

— E teria sido tão ruim assim voltar para cá e ficar comigo? Quão idiota você acha que eu me senti indo a Arden Hills para trazer você para casa e sendo rejeitada?

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