33. Lexa

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Coloquei minhas chaves ao lado das de Clarke na casa nova e fui para a cozinha. Com sorte, eu a encontraria cumprindo tarefas domésticas vestindo um daqueles aventais e quase mais nada. Era sexy pra cacete. Mas, para minha decepção, ela não estava lá.

— Clarke?

Larguei a sacola na bancada e desempacotei as compras. Chamei de novo, mas ela não respondeu.

Reorganizei tudo o que estava fora do lugar na geladeira e nos armários, olhando por cima do ombro várias vezes para ter certeza de que não seria pega. Eu estava me esforçando, porém não tinha a ilusão de que seria curada do meu problema. Desde que não atrapalhasse minha habilidade funcional ou minha vida sexual com Clarke, ficaria tudo bem.

Procurei-a no restante do primeiro andar, mas sem sucesso. No meio da escada, ouvi o som da voz dela. Clarke estava cantando. Devia estar desfazendo as malas.

Eu a encontrei no quarto extra que ela tinha escolhido como escritório. O covil da desorganização. Ela estava com fones de ouvido e uma roupa de videoclipe dos anos 1980: short curto e polainas. A blusa, que era um tanto transparente, estava caída em um ombro. Sem sutiã. O tecido branco e fino proporcionava uma visão embaçada da tatuagem inteira. Se eu me esforçasse, veria o bloco de quinze centímetros no meio da asa direita que ainda não tinha sido colorido.
Nossa última sessão estava marcada para aquela noite. Eu já havia adiado duas vezes. Tínhamos nos mudado para a casa nova. Tudo, com exceção daquele quarto, estava organizado.

Clarke estava em dia com os estudos. Eu não tinha mais nenhuma desculpa válida. A paciência dela estava se esgotando. Eu andava enrolando apenas porque não queria terminar, mas ia tentar adiar de novo mesmo assim.

Clarke começou a rebolar enquanto guardava os livros nas prateleiras, organizando-os sem nenhum critério, pelo que eu via. Bom, ela não seguia mesmo o Sistema Lexa Woods de organização de livros. Eu me recostei no batente da porta e fiquei assistindo. Aquilo era bastante divertido, embora eu quisesse entrar ali e mudar tudo de lugar. Não havia nenhuma linha reta, nenhuma continuidade. Era um caos. Ou talvez eu estivesse sendo dramática demais. Isso acontecia às vezes.

Quando a caixa ficou vazia, Clarke a desmontou e a jogou na pilha de papelão descartado. A visão dela se abaixando era espetacular. Eu só precisaria trabalhar dali a quase uma hora; tinha tempo de sobra para tirar aquele short. Clarke se virou e deu um pulo, arrancando um dos fones.

— Que susto!

— Desculpe. — Na verdade, eu não me arrependia nem um pouco.

As mãos dela foram parar na cintura.

— Há quanto tempo você está aí?

— Tempo suficiente. — Esfreguei a mão na boca para esconder um sorriso. — Gosto muito mais dessa sua versão do que da música original.

— Rá, rá. Você é mesmo uma comediante. — As bochechas dela ficaram cor de rosa.

— É sério.

A voz dela não era nem um pouco ruim, e Clarke sabia disso. Sempre cantava junto com o rádio no carro. Ela ignorou o comentário e se virou para a pilha de caixas.

— Que horas são?

— Onze e pouco.

— O quê? Não percebi que tinha passado esse tempo todo. Preciso me trocar — disse ela, soltando a caixa e tentando passar por mim.

Enrosquei o braço em sua cintura para impedi-la.

— Aonde você precisa ir?

Não tinha nada no calendário, e ela não precisava assistir a nenhuma aula nem lecionar naquele dia.

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⏰ Última atualização: Jan 19 ⏰

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