33. Clarke

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Lexa ergueu os olhos de sua estação de trabalho quando entrei no estúdio.

— Só uns minutinhos. Kane e eu estamos quase no fim.

— No fim no fim mesmo? — perguntei, debruçando-me no balcão em que

Harper estava e largando a bolsa no chão para abraçá-la.

— Você precisa ver — disse Harper. — Indra vai pirar.

Quando fui dar uma espiada, Kane ergueu a mão para me impedir. Lexa deu um tapa na mão dele.

— Estou colorindo o rosto dela, seu idiota. Não se mexa.

— Mas você nem está trabalhando nesse braço.

— Não importa. Se você mexe um braço, todo o seu tronco se mexe junto. — Lexa manteve os olhos fixos no desenho, mas apontou para mim.
— Você. Fique onde está até eu acabar.

Dei um passo atrás.

— Desculpe, Cupcake.

O aparelho de tatuar se afastou do braço de Kane quando Lexa ergueu a cabeça para me olhar. Jasper, que estava atendendo outro cliente, parou o que estava fazendo.

— Eu ouvi direito? A Clarke acabou de chamar você de “Cupcake”?

Harper engoliu o riso. Fui para trás do balcão e a usei como barricada.

— Achei que tivéssemos concordado que você ia guardar segredo disso — disse Lexa.

— Foi sem querer.

Mais ou menos.

— Melhor se cuidar. Não vai ter ninguém aqui mais tarde para salvar você. — Ela voltou a tatuar o braço de Kane.

— Promessas, promessas.

Eu a via sorrindo, mesmo de cabeça baixa. Seu cabelo tinha crescido um pouco desde o fim do julgamento. Estava quase caindo sobre o rosto de novo, como quando a conheci. Eu preferia um pouco mais comprido, então ela não tinha cortado novamente.

Lexa demorou nas últimas linhas de tinta. Depois que desligou o aparelho, levou mais tempo do que o necessário analisando a tatuagem.

— Pronto. Terminei. Quero dar uma olhada daqui a uma ou duas semanas caso precise de um retoque, mas por enquanto é isso. — A satisfação dela era evidente.

Kane se levantou. Estava usando uma regata fininha. A camisa social e a gravata estavam penduradas direitinho em um gancho na estação de trabalho de Lexa. A primeira coisa que notei — mas tentei não reparar — foi o contorno de um anel de metal do lado esquerdo do peito dele.

— Aquilo é…?

— Um piercing de mamilo? — terminou Harper. — Coloquei para o aniversário da Indra há alguns anos.

— Esses dois são meio malucos, não são?

— Você nem faz ideia.

O sorriso dela dizia tudo. Ergui a mão para impedi-la de continuar. Eu não fazia a menor questão de saber sobre qualquer outro piercing de Kane.
— E nem quero saber.

Kane e Lexa tinham ido até o espelho de três lados para analisar a tatuagem pronta.

— Quando é sua próxima sessão? — perguntou Harper, puxando minha blusa de ombro de fora para dar uma olhada na tatuagem quase pronta.

— Não faço ideia.

Eu tinha passado pela cadeira de Lexa quatro vezes nas oito semanas anteriores; mais duas sessões e estaria pronta. Ela estava demorando para colorir porque precisava ficar perfeita e não queria trabalhar em mim por mais de duas horas.

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